quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Sociólogo impossível.

"O caos está próximo e mais ficará com as ameaças do desaparecimento das esquerdas e o enfraquecimento inevitável de Lula..."

Eça de Queiroz, quando sem assunto para suas colunas em jornais de Portugal e do Brasil, costumava verberar acremente o Rei de Túnis, que nunca tinha visto. Acusava aquele governante de tudo o que de mal acontecia.

Mesmo não morando na Tunísia, não passa uma semana sem que o sociólogo deixe de dar motivos para estas pálidas crônicas, tão distantes em brilho daquelas escritas pelo mestre.


Nem se torna preciso perguntar se Fernando Henrique é candidato à presidência, porque é. Sua pérola mais recente, no "Clarin", de Buenos Aires, tenta demonstrar que seu partido precisa preservar o PT e Lula.

O PSDB não pode, segundo o ex-presidente, contribuir para a desmoralização das esquerdas, porque no lugar delas emergiria o populismo. Nada mais revelador do egoísmo do sociólogo. O País que se dane, até o final do mandato de Lula.

FHC teme que brotem da desesperança nacional candidaturas como as de Anthony Garotinho ou Roberto Requião, a quem indiretamente acusa de demagogos. Talvez fosse bom incluir o Enéias.


A superexposição do ex-presidente na mídia revela apenas sua fixação de surgir como o melhor dos tucanos para ascender ao Planalto. Vem minando as possibilidades de José Serra, deixa Geraldo Alckmin para depois e trata de convencer Aécio Neves a se reeleger em Minas.

Pretende ocupar o centro do palco encenando a farsa de estar empenhado na preservação das instituições, quer dizer, do defunto governo do PT. Para quê? Para tornar-se ele mesmo o candidato, na hora certa. "Meu pai só se apresenta se o Brasil estiver mergulhado no caos", diz seu filho. Pois o caos está próximo e mais ficará com as ameaças do desaparecimento das esquerdas e o enfraquecimento inevitável de Lula...

Carlos Chagas

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