domingo, 10 de junho de 2007

OPERAÇÃO NAVALHA

Disputa abre crise na PF


Renato Porciúncula é o nome que está se destacando nos últimas trabalhos feitos pelos agentes. Briga pelo mais alto cargo na corporação tem gerado um clima cada vez mais tenso
Maria Clara Prates - Estado de Minas

José Varella/CB


Se as recentes operações da Polícia Federal – Furacão e Navalha – serviram para revelar a vastidão da corrupção nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, os resultados podem ter servido também aos interesses do homem que as comandou, o delegado federal Renato Porciúncula, diretor de Inteligência Policial (DIP) do Departamento de Polícia Federal (DPF), em Brasília. Desde a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele se apresenta como candidato ao cargo de diretor-geral, para suceder ao delegado Paulo Lacerda, que comanda a corporação desde o primeiro mandato de Lula.

Com a Operação Navalha, Porciúncula – que chegou ao DPF pela mãos dos tucanos, no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso – tirou do jogo definitivamente um dos seus concorrentes, o delegado Zulmar Pimentel, que foi afastado do cargo de diretor-executivo por suspeita de vazamento de informações a colegas investigados. Com esta ação, ele ainda arranhou a imagem do discreto Lacerda, ao provocar revolta dos líderes de partidos, quando foi anunciada a existência de uma lista de pagamento de propina a parlamentares pela Construtora Gautama. Todos foram se queixar ao ministro da Justiça, Tarso Genro, da investida da PF.

Na enxurrada de suspeitas, outro nome bem cotado para suceder Lacerda, o superintendente de São Paulo, Geraldo José de Araújo, também teve que dar explicações, já que a Construtora Gautama foi a responsável pela construção do prédio sede da PF na capital paulista. Mas Geraldo escapou ileso, já que a construção é de 2001, portanto, de responsabilidade de seus antecessores. Pessoas próximas a Porciúncula garantem que ele jamais usaria informações levantadas com o trabalho policial para se beneficiar delas. “Ele é muito sério e muito jovem também, não precisa desses recursos para chegar ao cargo de diretor-geral da PF. Ele poderia deixar que Zulmar, hoje com mais de 30 anos de carreira, ocupasse o cargo agora e ele certamente teria outra chance”, garante um federal amigo.

PORTA-VOZ

Dono de uma timidez indisfarçável, de estilo espartano e discreto, Paulo Lacerda bem que tentou se antecipar aos problemas. Desde a reeleição de Lula, quando ele anunciou sua saída, determinou que nem Porciúncula nem Zulmar, ocupantes de postos estratégicos na estrutura da PF, falem em nome do departamento. Para entrevistas à imprensa, programas de televisão e outras aparições públicas, ele destacou outro auxiliar, o delegado Getúlio Bezerra Santos, diretor de Combate ao Crime Organizado, o qual hoje, ocupa interinamente a vaga deixada por Zulmar.

Mesmo sem conhecer detalhes da Furacão e Navalha, foi ele que emprestou seu rosto para rebater críticas e defender as últimas ações da PF, que geraram polêmica. Segundo auxiliares, Bezerra deixa Lacerda tranqüilo, porque é tido como um policial operacional e sem apoios políticos ou sindical que o conduzam até o posto maior da corporação, além de não demonstrar interesse pelo cargo. Mas, se hoje existe tensão nas relações na cúpula do DPF, pelo menos uma opinião é unânime: novos e velhos, sindicalistas ou não, defendem que somente a definição sobre o nome que vai comandar o departamento pode trazer de volta os bons ventos da tranqüilidade. Na última semana, rumores davam contam da permanência de Paulo Lacerda, mas ficaram nisso, e o anúncio oficial só chegou na quarta-feira.

2 comentários:

Anônimo disse...

Indicação de tucano já coloca o sujeito sob suspeição. E este não é um juizo "a priori" (como dizia aquele famoso mestre). Por que o sujeito tem tanta sede de chegar ao cargo máximo da PF? Considerando que as trambicagens dos tucanos-pefelistas são muitas e com provas até no YouTube, por que a PF insiste em envolver figuras ligadas a este governo onde só aparecem indícios (este era o mote preferido daquele senador tucano metrosexual, boquirroto e corrupto: "há indícios". Provas? O moleque não apresentava nenhuma!) Se é para fazer limpeza vamos fazê-la. Pegamos o FHC e colocamos numa prisão federal por traição (doação de patrimônio público e subserviência aos ianques). Com base nos "indícios" de falsos-moralistas vamos enfiar metade do país na cadeia. Um bandido pode ligar para um sujeito ligado ao governo e levar um "lero" cheio de palavras suspeitas. Só isso já é motivo para encanar o cara. Mas, participar da entrega de ambulâncias com direito a elogios públicos aos Vedoin, desviar dinheiro da NossaCaixa, promover um verdadeiro bacanal de verdinhas com a CC5, etc... etc... (e põe etc. nisso!), não foi motivo até agora para a PF enquadrar as aves parasitas e seus parceiros pefelistas. Pelo que li até agora a fogueira de vaidades dentro da PF está sendo alimentada por afilhados emplumados.

Anônimo disse...

Resposta a José Justino:

Acredito que você não prestou muita atenção no que diz a reportagem.Ao contrário do que você disse, o delegado Porciúncula não demonstra ambição pelo cargo de diretor-geral,inclusive reluta em assumi-lo, haja vista que é um cargo político o qual requer uma concessão de princípios por parte do sucessor.Provas no youtube...Você já viu as falcatruas PTistas no youtube? Você lê jornais? Revistas? Busca informação concretas o suficiente? Creio que não..Só para constar, procure se informar melhor.A PF é uma instituição que realiza seus trabalhos adotando como critério primordial a IMPESSOALIDADE.
...E vaidade não influência na maneira de trabalhar, aliás quando não há onde por defeito, as pessoas começam a alfinetar aspectos pessoais dos outros.E aquele velho ditado: "Quem desdenha quer comprar.."

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