quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Brizola Neto: A face da esperança

Oito anos atrás, eu tinha 23 anos. Mesmo vivendo em meio a política, e àquela altura já com o convívio diário por anos com meu avô Leonel Brizola, minha compreensão sobre a realidade era menor do que é hoje.

por Brizola Neto, em seu blog

Naquela eleição, porém percebia que, mesmo com as concessões que Lula fazia ao status quo com a sua “Carta aos Brasileiros”, era nossa chance de interromper o processo vergonhoso de entrega do patrimônio público e de alienação das riquezas deste país que o governo Fernando Henrique implantou e que pretendia se eternizar através de José Serra.

De fato, os primeiros anos do governo Lula tiveram, essencialmente, a característica da vertigem de crise em que uma década de políticas neoliberais haviam lançado este país.

Necessário, importante, uma pré-condição para o início de um tempo novo. Mas não o tempo novo.

O tempo novo viria, porém, no segundo mandato.

Ali, foi a lucidez da população que fez com que o governo Lula assumisse as características que tem hoje.

Vocês se recordam? Houve uma manipulação dos meios de comunicação tão ou mais intensa do que há hoje. Nós próprios, do campo progressista, muitas vezes não tivemos a consciência do embate em que se travava e, por frações, acabamos por permitir que a eleição fosse a um segundo turno.

E aí, o povo brasileiro, na sua simplicidade, fez aparecer com clareza a decisão que se deveria tomar.

Quando se tornou evidente que a candidatura Alckmin era um instrumento da privatização, da entrega, da dominação colonial deste país, as massas populares arrastaram esse candidato a uma votação – pasmem os que não se lembrarem – menor a que obtivera no primeiro turno.

No processo eleitoral que estamos vivendo agora, está evidente que – muito mais do que qualquer palavra que pronunciemos ou do que qualquer proposta que apresentemos – é a ação feroz, vil, sórdida da direita aquilo que está ajudando a tornar lúcidas e esclarecidas milhões de consciências brasileiras.

Contingentes cada vez maiores da população tomam consciência de que a direita brasileira vive um conflito insanável com a ideia de democracia.

Não pode ser democrática porque é excludente, má, desumana, e porque não lhe toca o coração ver milhões de seres humanos saindo da pobreza.

Não pode. Porque não lhes amolece a alma ver que as pessoas comem, que as pessoas podem ter o “luxo” de uma geladeira, de uma casinha humilde, de comprar um doce para seus filhos.

Não é democrática, porque não respeita a liberdade de consciência do povo brasileiro. Porque acha que essa população merece servir de vítima de suas jogadas, de manipulações, das manobras mais perversas, com o uso e o abuso dos meios de comunicação que controlam, e que por isso não exerçam, na plenitude, sua liberdade de consciência.

A direita brasileira, agora e nunca, sequer é patriótica. Não vê outro país senão aquele que entrega seu povo, seu território, suas riquezas para que lhe deixe, como intermediária, algumas das migalhas que caem do saque colonial desta nação. Não consegue perceber o Brasil senão como servo, porque ela própria é servil e bajuladora, porque entende o mundo como uma relação entre vassalos e amos.

Tudo tornou-se extremamente agudo e grave, e não foi por nosso desejo.

Quisemos – e queremos – desde o início uma disputa sadia, limpa, aberta. Desbravamos o território livre da internet para trazer a informação, o debate, a discussão. Enquanto a grande mídia vivia apregoando que havia um favorito, lá em cima nas pesquisas de opinião, nós dizíamos aqui: não é verdade.

A mídia, porém, nos chamava de “trogloditas”, “cães da internet”, “turma da kombi”. Desqualificam a informação livre e o debate instantâneo do que dizem ,simplesmente, porque não podem conviver com o contraditório, e muito menos com a verdade.

Oito anos se passaram daquele primeiro embate, onde tudo era uma esperança nebulosa. Quatro anos se foram da segunda batalha, onde os campos mais claramente começaram a se definir.

Agora, meus irmãos e minha irmãs, estamos no limiar de uma nova era da existência deste país.

Não há uma revolução, não há ameaças à liberdade de quem quer que seja. Não há ninguém que vá, neste país, ser privado de qualquer um dos seus direitos civis e humanos.

O que há, de verdade, é uma tomada de consciência por parte do povo brasileiro, que agora se vê como ser humano, como uma coletividade que tem direito a um destino próprio e a felicidade que todo ser humano almeja.

Este povo viu a face da esperança e não vai, façam o que fizerem, protelem o quanto protelarem, mintam o quanto mentirem, afastar seus olhos do brilho luminoso do futuro que o Brasil sabe agora ter ao alcance de suas mãos.

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