terça-feira, 21 de agosto de 2012

Paulo Preto, peça-chave do esquema do PSDB com empreiteiras

A convocação de Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, para depor, no próximo dia 29, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga práticas criminosas desvendadas pelas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, está deixando a cúpula do PSDB de cabelo em pé. O ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), empresa de economia mista do Estado de São Paulo, era responsável por implementar a infraestrutura de transporte e logística no governo tucano.


O personagem guarda segredos da intimidade tucana e já disse, para quem quisesse ouvir, que José Serra era a sua “bússola” no comando da Dersa.

O nome do homem que está tirando o sono dos tucanos surgiu na mídia quando Dilma Rousseff, durante debate político realizado pela Rede Bandeirantes, em outubro de 2010, indagou a Serra sobre a sua relação com Paulo Preto. Segundo reportagens da época, Preto era acusado pelos próprios dirigentes tucanos de ser o responsável pelo desaparecimento de pelo menos R$4 milhões arrecadados de forma ilegal, com empreiteiras do Rodoanel, para a campanha eleitoral do PSDB. Serra optou pelo silêncio.

Ele foi renegado por Serra, que disse: “não sei quem é o Paulo Preto. Nunca ouvi falar. Ele foi um factoide criado para que vocês (jornalistas) fiquem perguntando". Paulo Preto respondeu: “(Serra) me conhece muito bem. Até por uma questão de satisfação ao País, ele tem que responder. Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam este erro".

Paulo Preto trabalhou na Dersa no período de 2007 a 2010 e era responsável por um orçamento milionário. Foi um dos responsáveis pela contratação do Consórcio Nova Tietê para a realização das obras de ampliação da Marginal Tietê, em São Paulo. As obras estão sendo investigadas por indícios de superfaturamento pelo Ministério Público (SP), com base em representação dos deputados estaduais petistas Enio Tatto, João Paulo Rillo e Adriano Diogo.

A empresa que está por trás do consórcio é a Delta Construções Ltda, investigada pela Policial Federal e pela CPMI por supostas contratações fraudulentas e financiamento irregular de campanha eleitoral, e que teria como sócio oculto o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

O contrato da Dersa com o Consórcio Nova Tietê, fechado em maio de 2009, com vigência de quinze meses, foi de R$287.224.552,79, com um aditamento no valor de R$71.622.048,47, totalizando, ao final, R$415 milhões em valores atualizados. Para o deputado João Paulo Rillo, “a Delta Construções adotava a tática de mergulhar os preços para vencer licitações e, posteriormente, obtinha reajustes de preços de seus contratos, que excediam os 25% estabelecidos em lei”.

Para o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), o depoimento de Paulo Preto à CPMI poderá clarear as informações de suposto uso de dinheiro público pelo PSDB, arrecadado por meio da relação de favorecimento que aparentemente se estabeleceu entre a Dersa, comandada pelo governo tucano, e a Delta, empresa do esquema de Cachoeira.

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