A eleição do cardeal  argentino Bergoglio a papa suscitou críticas de organizações de defesa dos  direitos humanos e da diversidade sexual na Argentina. A organização das Madres  da Praça de Maio afirmou categoricamente que o papa Francisco foi  “cúmplice da ditadura”.
  De acordo com o jornal Página 12,  há testemunhas que asseguram que Bergoglio retirou proteção aos sacerdotes  jesuítas Orlando Yorio e Francisco Jalics, que faziam trabalho social na  localidade de Flores e foram sequestrados em maio de 1976, no início da  ditadura militar. 
  
  Os padres só foram libertados cinco meses depois, período durante o qual foram  torturados na famigerada Escola de Manutenção da Armada (Esma), local onde os  presos políticos argentinos eram supliciados. Essas testemunhas afirmam que  Bergoglio os advertira de que deviam abandonar o trabalho social. Como os  sacerdotes se recusaram, Bergoglio lhes disse que tinham que renunciar à  Companhia de Jesus, a ordem dos jesuítas, o que configurou retirada de proteção  eclesiástica e foi interpretado pela repressão como sinal verde para  capturá-los. Bergoglio diz que, ao contrário, intercedeu por eles junto à  ditadura. 
  
  Em ação política, o cardeal Bergoglio foi um duro opositor dos Kirchner no  governo da República Argentina.
  
  No cargo de presidente da Conferência Episcopal Argentina, teve enfrentamentos  com o governo do presidente Nestor Kirchner e mais recentemente com o da  presidenta Cristina Kirchner. Foi uma espécie de ativista da oposição aos  Kirchner, e frequentemente lhes fazia críticas afirmando que o kirchnerismo tem  por estilo de governo a “crispação social”. Mostrava-se sempre  indisposto a dialogar com o governo, ao passo que mantinha contatos estreitos e  frequentes com a oposição.
  
  Um dos episódios em que o então cardeal e o governo estiveram em campos opostos  foi o apoio do religioso aos proprietários rurais em 2008, que realizaram um  movimento com claro sentido político voltado para a desestabilização do país. 
  
  Bergoglio usou o púlpito como tribuna, como porta-voz de ideias conservadoras.  Fez uma virulenta campanha contra o governo devido à aprovação do casamento  entre pessoas do mesmo sexo. Em uma de suas homilias, atacou o governo  acusando-o de ter a “pretensão destrutiva dos planos de Deus”.
  
  Considera a eutanásia “terrorismo demográfico”, o aborto legal como  “eixo da cultura da morte”. Na última década, toda vez que esquentava  o debate pela proteção legal de mais direitos, ele se opunha com comunicados e  sermões virulentos.
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