A advertência do romano Horácio contra os excessos
    
   "Est modus in rebus, sunt certi denique fines" é frase do poeta  romano Horácio (
  
  Citando Horácio, tento responder a questionamentos sobre o que escrevi  ultimamente, a exemplo de "Marco Feliciano tira sarro da cara de todo  mundo porque pode" (O TEMPO, 2.4.2013); "Interdição racista:  banheiros luxuosos não são para negros" (O TEMPO, 23.4.2013); e "O  secularismo e o laicismo contra a intolerância religiosa" (O TEMPO,  30.4.2013).
  
  A frase também dá conta de se imiscuir no debate político em curso sobre a  sucessão presidencial, que, daqui da minha esquina da vida, tem muito de  tintura surreal, mas é uma boa diversão. Cito Horácio como um chamado ao livre  pensar, valendo para governistas e oposicionistas, mesmo sabendo que, chamados  à sensatez, muito provavelmente cairão no vazio, quando os contendores de uma  peleja não se importam de fatigar a plateia. E eu sou plateia, embora tenha  lado definido.
  
  Mas a frase de Horácio é uma panaceia, pois também vale para a plateia,  sobretudo aquela que tem voz nas chamadas redes sociais e que, às vezes, se faz  de surda, abrindo mão de usar seus neurônios e adotando como regra do viver a  carneirice - o mesmo que "sheeple", do inglês sheep (ovelha) + people  (pessoas) -, conforme a sabedoria popular que diz que o hábito de um rebanho de  ovelhas de seguir umas às outras pode levar o rebanho a cair no precipício.  Pontuo que carneirice política tem muito de fanatismo.
  
  E a carneirice, seja de direita ou de esquerda, dá dó, pois é de uma  previsibilidade e mesmice que não servem ao debate, nem à ampliação da  compreensão política nem à luta de ideias, apenas causa enorme fadiga! E fadiga  em política, todo mundo sabe, embora a maioria não aprenda a tirar lições, é  caminho seguro para a perda de votos.
  
  Sabe-se que voto que se volatiliza solidifica discursos amorfos, aventureiros,  personalistas e messiânicos de matiz e da matriz "salvadora da  pátria", pedra já cantada no primeiro turno das eleições presidenciais de  2010, como registrei em "A pequena burguesia viajou na onda da alta  burguesia" (O TEMPO, 19.10.2010): "Na reta final da campanha, todas  as frações da alta burguesia se mobilizaram, coesas, para incensar Marina para  garantir Serra no segundo turno!
  
  E se valeram de outro regato para jogar água no moinho da luta de classes: o  fervor religioso fundamentalista, que deu voto verde fundamentalista. Usemos de  franqueza: a façanha de Marina é trágica. No fundo, e de cálculo pensado,  serviu de escada para o conservadorismo e ainda canta vitória!". E pior:  acha, candidamente, que possui um curral eleitoral de quase 20 milhões de  votos!
  
  Destaco que escada, em política, se constrói. Não é à toa o empenho do PSDB em  materializar a escada Eduardo Campos e a escada Marina. E contra as escadas, só  há um caminho: a elevação da consciência política e sua decorrência direta, o  pensamento crítico, sobretudo dos milhões que ascenderam à classe média nos  últimos dez anos. Ainda há tempo, pois é temerário "esquecer-se dos  milhões de recém-chegados à classe média (pequena burguesia), que, nela instalados,  tendem a adotar valores políticos e morais da classe a que chegaram".
 
 
 
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