sexta-feira, 12 de agosto de 2005

NO PLANALTO

NO PLANALTO Livro ilumina o submundo das arcas eleitorais
JOSIAS DE SOUZACOLUNISTA DA FOLHA Reportagem política é coisa traiçoeira. A atmosfera, opaca, tolda a realidade. Assediado por meias verdades, o repórter tem de rebolar para não publicar a metade que é mentira.Aqui se revelou, em junho de 2003, episódio que para muitos soou inverossímil. No apagar das luzes da era tucana, FHC organizou uma caixinha eleitoral. Submeteu à nata do PIB uma lista com 24 candidatos ao Congresso.Queria eleger um grupo que lhe fosse fiel no ocaso. Valeu-se da intermediação de Ney Figueiredo, um ex-consultor da CNI a quem se afeiçoara.O pires presidencial acercou-se de nove logotipos: Bradesco, Itaú, Unibanco, Safra, Gerdau, Odebrechet, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Embraer. Amealharam-se R$ 7 milhões. O grosso desceu ao caixa dois.Ouvido à época, FHC pronunciou a metade mentirosa do caso: "Desconheço essa lista". Decorrido ano e meio, chega às livrarias "Diálogos com o Poder", de Ney Figueiredo. Traz a metade verdadeira.À página 82, Figueiredo anota: "FHC não descuidou de trabalhar ativamente para eleger uma bancada confiável, (...) que pudesse, no novo governo, (...) defender a estabilidade conquistada (...)".Prossegue Figueiredo: "Fui convocado por ele para ajudar nesse trabalho (...). Muitas vezes, pedia a FHC para ligar para determinadas pessoas e ratificar que eu estava falando em seu nome (...). Conseguimos, ao final, ajudar na eleição de 90% dos nossos candidatos ao Congresso".O livro sonega nomes. Por isso, o repórter repete a relação de candidatos que tiveram as arcas bafejadas pela fortuna do apoio presidencial.Primeiro os eleitos: Arthur Virgílio, Aloysio Nunes Ferreira, Arnaldo Madeira, Alberto Goldman, Antonio Carlos Pannunzio, Darcísio Perondi, Edison Lobão, Geddel Vieira Lima, Heráclito Fortes, Jutahy Magalhães Jr., Lúcia Vânia, Ney Lopes, Odelmo Leão, Raul Jungmann, Renan Calheiros, Ricardo Barros, Romero Jucá, Teotônio Vilela e Yeda Crusius. Agora, os barrados na urna: Artur da Távola, Geraldo Melo, José Anibal e Osmar Terra."Diálogos com o Poder" não é leitura para almas puras. Repleto de trechos enigmáticos, o livro vale pelo que insinua. Relata detalhes dos bastidores da recente guerra sucessória da Fiesp.Cortejado pelos dois%2

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