domingo, 14 de agosto de 2005

Caixa 2 foi usado também em 98

Brasília – O uso de caixa 2 em campanhas eleitorais, ao contrário do que o publicitário Duda Mendonça afirmou à CPI dos Correios, não é novidade em suas empresas. Documentos em poder da CPI e da Procuradoria Geral da República, obtidos com exclusividade pelo ESTADO DE MINAS e Correio Braziliense, mostram que, em 1998, Duda fez a campanha do PSDB para o governo de Minas utilizando o mesmo sistema de dinheiro não contabilizado. Em 2002, o publicitário foi o marqueteiro da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência .

Nos documentos, a sócia de Duda Mendonça, Zilmar Fernandes, encaminha ao então vice-governador Walfrido Mares Guia (PTB), em junho de 1998, uma minuta “com sugestão de contrato para ser realizado entre a A2CM e o Partido/Coligação”. Na carta, assinada por Zilmar, ela sugere o valor do contrato: “entre R$ 500 mil e R$ 700 mil”. Duda foi o responsável pela campanha à reeleição do governador Eduardo Azeredo (PSDB), que perdeu a disputa para Itamar Franco (PMDB).

Na minuta do “Projeto Governador e Senador/98 - Minas Gerais”, contudo, os custos definidos para a campanha são de R$ 4,5 milhões, que seriam pagos em parcelas, um sinal de R$ 450 mil em 6 de julho e seis parcelas de R$ 675 mil durante o desenrolar da campanha.

O valor de R$ 4,5 milhões corresponde, exatamente, ao que o empresário Marcos Valério declarou, na CPI do Mensalão, ter pago a Duda, na campanha de 1998. Valério afirmou que “Duda Mendonça está mentindo muito” e pediu para fazer uma acareação com o publicitário baiano.

Ela estabelece que “a criação, direção e estratégia de campanha serão coordenadas pessoalmente por Duda Mendonça (grifo do documento da A2CM)”, acompanhado da observação de que “o comando local será feito por um experiente coordenador político de sua equipe.

O projeto engloba a “conceituação, definição de estratégia, criação e planejamento de campanha” e está previsto para ser executado em duas fases. Na primeira, seriam definidos a marca da campanha e o slogan, seriam feitas as fotografias, além da criação de produção e gravação do jingle e do material de propaganda para a campanha. O material incluía outdoor, anúncios, cartazes, santinhos, adesivos para automóveis, camisetas, viseiras, bandeiras, adesivos de lapela, bottom, balão, decoração de palanque e banner para decoração de convenção e comitês.

A fase 2 da campanha foram os programas do horário eleitoral gratuito de rádio e televisão. E incluía a criação e produção dos programas eleitorais, das vinhetas eletrônicas, a direção dos comeciais para a TV, a produção das trilhas e jingles especiais, a contratação de apresentadores e jornalistas, assim como locutores, aluguel da casa para abrigar a equipe, instalação de uma produtora completa e formação de equipes para externas e aluguel de estúdio para as gravações.

Na carta enviada a Walfrido, Zilmar Fernandes revela preocupação com os prazos da legislação eleitoral: “Devemos providenciar este contrato a partir de 05/07, portanto o mais rapidamente possível, para evitar problemas legais”.

CONFIRA NO ENDEREÇO:

http://banners.estaminas.com.br/uai/imgs/jornal/em/politica1408.pdf

Nenhum comentário:

Marcadores