quarta-feira, 24 de agosto de 2005

A farra dos cartões corporativos

BRASÍLIA - O torpedo da semana não é a implicação de Antônio Palocci em denúncias de recebimento de propinas, quando prefeito de Ribeirão Preto. Torpedo novo e, da mesma forma, letal, será disparado até quinta-feira pelo Tribunal de Contas da União, por meio do pedido à Justiça da quebra de sigilo dos chamados cartões de crédito corporativo, utilizados por funcionários e altas figuras do Palácio do Planalto e dos ministérios.

Não se sabe exatamente quantos desses cartões existem, porque tudo é sigiloso. Servem, na teoria, para pagar despesas das comitivas presidenciais e ministeriais em viagens, utilizados pelos principais assessores dos governantes e até pelos próprios. Tudo pago pelo tesouro nacional. O problema é que vultosos saques em dinheiro misturam-se a despesas pouco ortodoxas, como compra de roupas em grifes de luxo, aluguel de carros, contas de bares e restaurantes.

Vale referir que essa farra com dinheiro público começou no governo Fernando Henrique. Concedida a quebra do sigilo, o País poderá espantar-se com a originalidade e o vulto das despesas, capazes de atingir dezenas de milhões de reais. Dependendo de quem se beneficiou, a desmoralização do poder público alcançará níveis inusitados.

Funcionários de nível inferior que tenham utilizado os cartões dificilmente assumirão o ônus das despesas feitas por ordem dos chefes, se chamados a prestar contas. Quanto aos altos potentados também obrigados a se explicar, pior.

CARLOS CHAGAS

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