sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Silêncio dos intelectuais e o barulho dos tolos

"O silêncio é o que se diz naquilo que se cala."
(Eduardo Portella)


A frase acima indica bem o teor do texto abaixo: "Silêncio dos intelectuais e o barulho dos tolos". Isso fica mais visível quando, irremediavelmente, às custas das náuseas impertinentes, nos sacrificamos em dar uma olhada pela INTERNET e nos deparamos com algo medonho, pavoroso, sem graça, sem brilho e sem a menor justificativa: O BLOG da KIKA : http://www.porumnovobrasil.blogspot.com/.

Lá, o que se vê é o puro "tô me achando". "sou a última pipoca do saquinho". Isso fica mais evidente quando vemos um bordão REPETIDAMENTE poluindo "aquilo" (consegue?) . A "chamada" é: ALÔ, ALÔ BRASILIA.!!! CAMBIO!!!.

Não faço a mínima idéia de onde a "velhota" tirou isso. Tenho a impressão que ela confundiu duas práticas ou interjeições em meios de comunicação diferentes . Uma é o tão consagrado e do popular telefone (ALÔ). E a outra é utilizada pelos RADIOAMADORES (CAMBIO).

Uma coisa chata, sem graça e que espelha o jeito de ser da sua criadora. Além disso, ela não lê nada, nem mesmo o que escreve. Seus textos recheados de equívocos, para não dizer outra coisa, passam ao longe dos verdadeiros acontecimentos e opiniões da MÍDIA.

No último ela cita (sem entender o que se passa, diga-se de passagem) o que a mídia acabou de inventar. Uma daquelas suas verdades inapeláveis: a de que os intelectuais estão em silêncio.
Por isso, acredito que devemos dar uma "luz" à pobre da "velhinha". Quem puder, já que lá não podemos nem entrar, quiçá comentar, indique para ela o texto abaixo:

Silêncio dos intelectuais e o barulho dos tolos
Deonísio da Silva

O silêncio é o que se diz naquilo que se cala. (Eduardo Portella)
A mídia acabou de inventar uma daquelas suas verdades inapeláveis: a de que os intelectuais estão em silêncio. Não se sabe como procedeu para tirar tal conclusão, mas os indícios são os de sempre: alguém diz e outros repetem ad nauseam. Isto posto, já não se questiona se há silêncio, não se define o conceito de intelectual, nem o de silêncio. É deflagrado sem mais delongas o círculo vicioso da insensatez. O mais desconcertante é que os intelectuais entrevistados tenham caído na armadilha da pergunta e enchido o balaio dos interrogadores com carradas de tolices.

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13 comentários:

Anônimo disse...

Quer coisa mais paulista que essa expressão que as mentes vazias aqui ficam repetindo:acabar em pizza? Não estou nem um pouco interessado nessa expressão.Que se cumpra a lei e se não houver provas para a cassação dos deputaod eles então não devem ser cassados.Os brasileiros mediocres acreditaram piamante na mentira inventada pelo nobre deputado Roberto Jefferson e agora estão desiludidos pela ausência de provas no esquema inventado por ele.Sentiriam-se mais a vontade se realmente tivvesse existido o tal mensalão.Pois assim a culpa do atraso brasileiro seria apenas dos 'políticos corruptos' e não da notória falta de inteligência dos mesmos que só sabem repetir o pensamento mastigado da ridícula imprensa brasileira.Por isso a tese do nobre deputado Severino Cavalcanti é totalmente correta.Cassação para o mentiroso e herói dos medíocres aqui presentes Roberto Jefferson que rompeu com o decoro ao acusar colegas sem provas.Uma punição ao "ex"-terrorista Fernando Gabeira também seria adequada por romper com o decoro parlamentar ofendendo o presidente da Casa.

Anônimo disse...

Oni, manda essa velha morfetica pegar a noticia toda e colocar naquele nuquifo que ela chama de blog, aquela coisa brega, onde as cores estão berrando querendo achar a porta de internet para sair correndo, isso sem contar que ela fez uma baianice e ainda disse qu layout! sei, layout só se for com as cores da zona, onde ela deve ter passado muito anos para entender tão bem de cores berrante como aquelas que ela usa,
Não tem nada que preste por lá, comentarios quando tem é 1 ou 2 e vai saber se não ela a propria kika que envergonhada se encarrega de escrever para ela mesma?
Não duvido de nada, quem em sã consciencia comentaria algo que ela copia das paginas da internet?
Se for para eu comentar algo copiado eu comento na pagina original.
E aproveitando, um recado para o filho bichinha da Kika, o daniel, se liga ai gordo baleia, saco de areia, estou de olho em vc ta gay de zona?
a noticia correta é esta aqui....Silêncio dos intelectuais e o barulho dos tolos

Deonísio da Silva

O silêncio é o que se diz naquilo que se cala. (Eduardo Portella)

A mídia acabou de inventar uma daquelas suas verdades inapeláveis: a de que os intelectuais estão em silêncio. Não se sabe como procedeu para tirar tal conclusão, mas os indícios são os de sempre: alguém diz e outros repetem ad nauseam. Isto posto, já não se questiona se há silêncio, não se define o conceito de intelectual, nem o de silêncio. É deflagrado sem mais delongas o círculo vicioso da insensatez. O mais desconcertante é que os intelectuais entrevistados tenham caído na armadilha da pergunta e enchido o balaio dos interrogadores com carradas de tolices.

Quem está em silêncio, senhores e senhoras? Por que a pergunta foi feita apenas àquela meia dúzia barulhenta de sempre, agora calada por um breve período? Antes como agora tinha pouco o que dizer, a não ser submeter-se com saltitante desenvoltura à orquestra de aprovação, sem crítica nenhuma. E antes deles foram outros a parar nos cárceres, a perder empregos, a sofrer muito na vida enquanto sindicalismos de todos os tipos ensejavam o bem-bom para muitos que o que mais fazem é vangloriar-se de um passado que não tiveram. Quem ousasse sequer ponderar, nem se tratava de discordar, era excluído do convívio dos happy few, que eles, sim, sabiam de tudo.

Por acaso intelectuais como Francisco de Oliveira, Emir Sader, Frei Betto, Marco Antonio Villa, Denis Rosenfeld e Olavo de Carvalho, entre outros (cito autores de idéias discrepantes, mas a nenhum deles pode ser negada a condição de intelectual), estiveram calados? Estão calados? E aqueles outros intelectuais, a maioria, que JAMAIS são cobertos pela mídia, estiveram calados? Estão calados?

Verdades essenciais

Dá até pena verificar a relação entre imprensa e universidade, por exemplo. Surge um tema sobre o qual é necessário entrevistar um intelectual. Um jornalista é destacado para a tarefa. É norma que seja novo no ofício, venha exercendo a profissão há pouco tempo. O que faz esse profissional? Digamos que o tema seja a falta de água no mundo – aliás, iminente, anunciada para ocorrer ainda neste decênio. Pois, pauta na mão, o primeiro procurado é o reitor, o diretor, o chefe do departamento, essas instâncias. Ora, no meio universitário, principalmente nas universidades públicas, o pesquisador não é chefe de nada, não tem cargo nenhum. Aliás, é condição para seu trabalho afastar-se de cargos.

O PT, hegemônico nas universidades públicas, tampouco permitiria que um estranho no ninho chegasse a instâncias decisivas. Por norma – certamente há as exceções de praxe – há mútua repelência ou descaso entre uns e outros, isto é, entre quem pesquisa, ensina e trabalha e aqueles que fazem carreira militante nos campi. Nem a ditadura militar teria ousado nomear reitores certas toupeiras que, eleitas pelo que se convencionou denominar "comunidade universitária", foram alçados a instâncias universitárias como reitorias, pró-reitorias, direções, chefias etc.

Listas sêxtuplas e tríplices disfarçam o engodo, mas a norma é que haja cumplicidade de propósitos, que não podem ser explicitados, entre eleitores e eleitos. Ora, um Estado que tem um projeto educacional, um projeto de pesquisa, terá também quadros para designar autoridades nos campi. Sobre esta questão, sim, há um longo silêncio que já dura décadas, enquanto a universidade patina nas ditas eleições subsidiadas por "consultas à comunidade".

Enquanto os expoentes do silêncio, cujos contornos foram agora delimitados erroneamente, recolhiam palavras e textos, outros, que JAMAIS estiveram em silêncio, continuaram fazendo da palavra a sua principal ferramenta de trabalho, falada ou escrita, na sala de aula ou fora dela, na imprensa ou em revistas especializadas, em artigos e em livros.

Em resumo, ficaram em silêncio aqueles que, abdicando da capacidade crítica, aderiram e se submeteram à nova nomenclatura do poder, em muitos casos numa sabujice de dar dó! Houve até quem questionasse a norma culta da língua portuguesa para que fosse adequada aos plurais sem o "s" final, marcado apenas no artigo, tendo chegado até a dar gênero a advérbio como "menos", que bem poderia ser "menas", sim, à luz do código triunfante de quem declarou que não lia porque era cansativo, preferindo por isso a esteira de ginástica.

Pois é, mas algumas verdades essenciais de nossa existência estão apenas nos livros e somente ali poderão ser encontradas. A Humanidade batalhou muito para obtê-las. Em muitos casos, seus autores padeceram a perda da liberdade e da vida para chegar aonde chegamos.

Bem precioso

Há silêncios e silêncios. Houve entre nós, recentemente, um longo silêncio, deflagrado nos anos pós-1964 e retomado com violência ainda maior nos anos pós-1968. Mas depois houve novos silêncios impostos. Novos suseranos e novos sátrapas, estabelecidos nas universidades, nas agências financiadoras de projetos de pesquisa e também na imprensa, enfim no sistema que preside à expressão dos intelectuais, sem o qual o pensamento deles não é conhecido (editoras, por exemplo), lançaram mão de procedimentos que diziam condenar e os utilizaram para perseguir colegas, anular-lhes a expressão, impedir a discordância, vetar a saudável controvérsia que deve vigorar em ambientes intelectuais sadios.

Se imprensa e universidades sofressem contínuas devassas como as impostas ao Congresso, nessa sucessão atordoante de CPIs, outros silêncios viriam à luz, outros calados se manifestariam e as revelações seriam tão ou mais estonteantes do aquelas que a imprensa não cessa de estampar com tanto destaque dia sim, dia também.

A etimologia oferece pistas curiosas para o papel dos intelectuais numa sociedade de classes, excludente e violenta como a brasileira, em que a cordialidade é privilégio dos mandantes, em grandes acordões, em alimentos que não podem dispensar o aroma inevitável do orégano. Ambas as palavras, silêncio e intelectual, dão entrada na língua no século 14. Cheirando ainda ao ambiente rural do paganismo romano, a língua portuguesa vincula as origens de intelectual a atividades agrícolas (a raiz comum "leg", presente em colher, entender, reunir, inteligência, diligência, intelectual etc) – o que, aliás, faz também com cultura (cultuam-se o trigo e o pensamento, o verbo é o mesmo), erudito (ex-rude) etc.

E está em silêncio quem precisa calar-se, como o depoente num interrogatório, em atividade cujo domínio conexo com "tacere" (guardar silêncio) leva-nos a entender melhor o que vem a ser um sujeito taciturno: é aquele que está triste por não poder dizer o que sabe, o que precisa calar.

Mas um dia virá a alegria de poder dizer o que agora cala, pois, como ensina o Eclesiastes, para tudo há um tempo. E por mais que tenham sido ditas muitas coisas, e caladas tantas outras, há muitas mais que haverão de ser proferidas, assim como outras que serão caladas, com a probabilidade de algumas delas serem caladas para sempre. Por isso, os poetas podem dizer dos mortos que são silentes! São, de fato, mas também eles podem ter procuradores autorizados a revelar o que os homicidas e suicidas quiseram calar com a fabricação de cadáveres. Pois não estão aí as biografias?

Vladimir Herzog – como esquecer?, faz trinta anos! – falou muito depois de morto pela pena de um juiz corajoso que ousou enfrentar o status quo e condenar o Estado, que não soube garantir a integridade do cidadão que prendeu para averiguações. Não satisfeito de roubar-lhe o mais precioso dos bens, depois da vida, que é a liberdade, impôs a um jornalista, portanto um intelectual, a morte sob tortura. Perto de sofrimentos como o de Vladimir Herzog (já morto) e Fernando Gabeira (ainda vivo), certo silêncios ditos de intelectuais mudam nossas decepções, alterando sua importância, feitio e tamanho.

Como diz Cecília Meireles no Romanceiro da Inconfidência:

"E recompunha as coisas incompletas:/ figuras inocentes, vis, atrozes,/ vigários, coronéis, ministros

Anônimo disse...

Depois que deixaram um comentarios aqui, de que a bruxa velha kika copiou o letreiro digital seu e colocou la naquele nukifo dela, ela deve ter lido o comentario, porque? ela tirou hahahahhahaha

Anônimo disse...

CARTA ABERTA À NOBRE SENADORA HELOÍSA HELENA 2/9/2005 09:56
Nobre Senadora (heloisa.helena@senadora.gov.br),

se me permite, gostaria de inaugurar esta mensagem com uma frase do profeta Maomé. Mesmo consciente de que ouvir ou ler o discordante não é sua especialidade, espero que lhe inspire alguma reflexão.

Hipocrisia e simulação; eis duas pragas capazes de destruir a humanidade.

Primeiramente, quero lhe parabenizar pela magnífica campanha e pela enorme e supostamente gratuita exposição de marketing. Sua bela face trigueira está estampada em todos os jornais e revistas. Basta mexer um tantinho no controle remoto e lá encontramos a senhora, dedinho em riste, arrancando aplausos de auditórios de madames e brucutus do sertão. Congratulações. Nem sempre a "esquerda" pode ser agraciada com demonstrações de tamanha unanimidade.

Se é que não lhe passou pela cabeça, humildemente evoco o passado. Em outros tempos, essa mesma mídia bajulatória lhe era hostil e agressiva. Para esses comunicadores reacionários, a senhora não passava de uma agitadora desmiolada, motivo de riso para qualquer cidadão minimamente educado em ciência política. A que se deve, então, nobre senadora, tão rápida mudança de opinião de seus detratores?

Arrisco uma resposta. Antigamente, na época de mera coadjuvante da luta por um governo popular, a senhora apontava prioritariamente as contradições da "direita" brasileira. Apoiada em alguma razão, percebia a dificuldade de se instalar um governo de esquerda no Brasil. Concebia até o processo lento e gradual de implantação das reformas. Por conta disso, Luiz Inácio Lula da Silva era seu herói. Ora, mas isso não lhe rendia convites televisivos e quitutes em jantares políticos da classe dominante. Não é?

Enfim, darwinianamente, a senhora percebeu que a estratégia não funcionava. A senhora precisava sobreviver. Hoje, sabe que qualquer acusação ao presidente, por mais leviana que seja, lhe rende minutos preciosos no JN e afagos morais dos perfumados senadores Arthur Virgílio e Álvaro Dias.

Sitting (CONTINUAÇÃO) 2/9/2005 09:57
Antes, segundo sua cartilha, os males do Brasil podiam ser atribuídos aos desvios da mídia burguesa, aos falsos intelectuais do tucanato e às elites que não suportavam ver um operário nordestino no poder. Hoje, de acordo com seu novo credo, as chagas da Nação se devem a seus antigos companheiros. Seu comentário no site do P-SOL é contundente:

“Quem analisa a CPI dos Correios com rigor ético implacável e com independência técnica sabe que a podridão a qual me refiro está diretamente relacionada ao Palácio do Planalto, com o envolvimento direto do presidente da República, e a metade do Congresso Nacional.

Cabe a pergunta: se são assim cabais as provas de que o Partido dos Trabalhadores é um antro de meliantes, por que a senhora permaneceu nessas fileiras por tanto tempo? Por ingenuidade ou por conveniência política?

Vale dizer que toda sua avidez condenatória jamais se manifesta no momento de condenar a “direita”. Na eleição de Lula, em 2002, por exemplo, seu Estado foi aquele que proporcionalmente mais prestigiou o candidato das elites. Que grande ironia. Ao mesmo tempo, quem examina seu trabalho no Congresso pouco encontra de dedicação à aprovação dos projetos sociais do governo. A senhora, certamente, prefere o discurso ao trabalho.

Poder-se-ia atribuir suas atitudes a um infantilismo de esquerda. O “plebiscito revogatório” seria um exemplo dessa pressa em fazer a “revolução”, em tomar o poder. No entanto, sua conduta “adulta” nos meios de comunicação, poupando a direita e os golpistas, sugere que a senhora amadureceu. Descobriu o calcanhar de Aquiles de seus concorrentes e agora se aproveita para abocanhar gordas fatias de eleitorado descontente. Certamente, a senhora aprendeu naquilo que os outros consideravam delírio, de modo que concluo esta missiva com outra frase, esta de R. Emerson, que pode lhe servir como lema: “Aquilo que chamamos pecado nos outros passa a ser, em nós, experiência”.

Anônimo disse...

Eles usam essa tática também ao se referirem ao governo atual como "Governo Lula" e não "Governo Federal" ou "Governo do Brasil", como era feito antes para dar a impressão que qualquer problema ou denúncia de corrupção era algo inerente "ao governo" e não ao partido da direita que apoiavam...

E quando rola um massacra na Febem, as manchetes nunca são "Mais um massacre na Febem do Governo PSDB".

A estratégia deles já está por demais óbvia, chegou a níveis surreais, o que demonstra o desespero da direita.

Anônimo disse...

É a velha história: "Marta aumenta IPTU; Alckmin reajusta pedágios".

A Grande Porca é um inimigo a ser duramente combatido

Anônimo disse...

Folha tem de decidir: afinal, dinheiro foi ou não para o bolso de Palocci?

A Folha de S.Paulo está desnorteando seus leitores desde a semana passada. Entre sexta-feira e ontem, domingo, o jornal vem projetando declarações do advogado Rogério Buratti com denúncias de propina da Leão Leão, de Ribeirão Preto, envolvendo o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O problema é que o jornal não deixa claro se a propina denunciada foi para o bolso do então prefeito Antonio Palocci, ou se percorreu outra trajetória, passando da Leão Leão para a prefeitura e, depois, para o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores.

Na sexta-feira, o jornal trouxe reportagem com o titulo "Buratti confirma na CPI acusação contra Palocci", acompanhada do complemento "ex-assessor afirma que ministro recebia propina em Ribeirão, mas nega ter provas". As duas chamadas e o texto da reportagem não deixam margem para dúvidas: Palocci embolsava o dinheiro da propina.

O alarde das linhas iniciais da reportagem é abafado no segundo parágrafo, onde se lê que Buratti "disse acreditar que Palocci sabia do suposto esquema da propina de R$ 50 mil, apesar de nunca tê-lo visto participando de negociações". Mais adiante, corrige novamente a rota das informações iniciais informando que "a CPI (dos Bingos) divulgou uma planilha apreendida na Leão Leão onde aparecem supostos pagamentos mensais de R$ 50 mil à Prefeitura de Ribeirão. O promotor de Justiça Aroldo Costa Filho, de Ribeirão, disse que o documento pode ser uma prova do pagamento".

No dia seguinte, a propósito da reação dos investidores diante da entrevista concedida pelo ministro da Fazenda no domingo, 21/08, o editorial "Palocci e os Mercados" trouxe mudou o trajeto da propina. Ao contrário da reportagem do dia anterior, o texto diz que "a empresa Leão Leão pagava uma ’caixinha’ de R$ 50 mil mensais à prefeitura de Ribeirão Preto para reforçar as finanças do PT. E o então prefeito Palocci conheceria o esquema".

No domingo, o jornal trouxe entrevista com o próprio Buratti na manchete principal "Buratti diz que é fácil prova propina". A reportagem propriamente dita, negou o editorial do dia anterior e reafirmou a versão da sexta-feira. "Advogado afirma que é possível comprovar pagamento mensal de R$ 50 mil de uma empreiteira para o então prefeito de Ribeirão". De novo, o jornal não deixa dúvidas: "o advogado Rogério Buratti diz que não é missão impossível obter provas de que a empresa Leão Leão pagava R$ 50 mil mensais ao atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, quando ele era prefeito de Ribeirão Preto pela segunda vez, entre 2001 e 2002".

Após vários parágrafos com indícios de que realmente o ministro da Fazenda embolsou a propina, a última resposta da entrevista com Buratti, deixa tudo como estava. "Como eu disse na CPI, para mim o ministro Palocci é um homem íntegro, correto e tem um papel muito importante nesse país. Eu não assacaria nenhum tipo de calúnia, nenhum tipo de coisa que eu não conseguisse provar que viesse a atingir a honra do ministro. Então, eu falei o que me foi dado a conhecer sobre o ministro Palocci em relação a esse assunto. Mais do que isso eu teria sido leviano".

O jornal precisa decidir com urgência qual caminho da propina é o mais próximo da realidade.

Anônimo disse...

O caso Mainardi
Luís Nassif responde a Diogo Mainardi. Da Folha de S. Paulo, 16/8/2005


Em relação à coluna de Diogo Mainardi na "Veja":

1) A Agência Dinheiro Vivo é minha e existe há 17 anos. Tem newsletter, site, um caderno de finanças pessoais com cerca de 100 mil exemplares, serviço em tempo real, programa de televisão, além de promover seminários sobre temas brasileiros e editar newsletters para terceiros.

2) Suas fontes de receita são assinaturas, publicidade e patrocínios. Todos os contratos são públicos, com menção ao patrocinador. Neste ano, a DV foi incluída pela DPZ no plano de mídia do BNDES, ao lado de dezenas de veículos de todos os tamanhos e de todas as partes do país -jornais, revistas, sites, rádio e TV, que têm como foco o cliente empresarial. Foi apenas um mês de patrocínio.

3) Nos últimos três anos, não escrevi uma coluna sequer sobre o anunciante do site, que, segundo Mainardi, teria merecido um panegírico de minha parte. É só conferir o arquivo da Folha que está disponível na internet.

4) Acusa-me de ter copiado um texto da internet, de Luiz Demarco -inimigo de Dantas e que o está processando, entre outras coisas, por apropriação de e-mails-, pelo fato de ter incorrido no mesmo erro de grafia do nome de um executivo da Portugal Telecom. Assim como jornalistas da Folha, da "Veja", do "Globo", da "Carta Capital", recebo periodicamente e-mails de Demarco. Nessa coluna, em especial, utilizei informações enviadas por ele, mas por meio de um e-mail pessoal, não de uma lista. As informações foram checadas por mim em entrevista com o próprio executivo da Portugal Telecom, não foram rebatidas pelo Opportunity, e a coluna saiu na frente com elas. Se Mainardi tem o e-mail pessoal, seria interessante sua fonte revelar como o obteve.

5) Além de não ser verdade, também não tem lógica o argumento de que defendi o investimento da Telemar na empresa do filho de Lula e critiquei o Opportunity pelo fato de o BNDES ser sócio da Telemar, que é "adversária de Dantas". O BNDES não participa do bloco de controle e não tem nenhuma ingerência nas decisões de investimento da Telemar. Pelo contrário, o Opportunity é sócio no capital e em muitos negócios da Telemar, alguns profundamente nebulosos.

6) Mainardi é um dos inúmeros personagens parajornalísticos que existem na mídia. Não são jornalistas, não se assumem como tal, seu papel é provocar e divertir. Em quase todas as publicações, há limites a serem obedecidos pelos showmen, de deixar clara a galhofa, de não enveredar pelo caminho da injúria e da difamação. Os riscos de ultrapassar esses limites não são apenas para as vítimas, mas para as próprias publicações. Daí a necessidade de filtros que impeçam as extrapolações.

7) Explico na prática. Há duas semanas chamei a atenção da CPI para o fato de que a maior parte do dinheiro das agências de Marcos Valério (e de Duda Mendonça) provinha de contratos de publicidade com empresas de Daniel Dantas. O banqueiro manifestou sua irritação, inclusive em cartas à Folha. Na mesma edição em que Mainardi me ataca e também procura vitimizar Dantas, há duas notas no "Radar" que atacam os fundos de pensão pelos gastos com advogados (contratados para defendê-los de Daniel Dantas) e um encarte publicitário de seis páginas da Telemig Celular e da Amazônia Celular - que chama a atenção pelo fato de empresas de atuação regional gastarem pesadamente em uma publicação de circulação nacional, ambas serem controladas por Daniel Dantas e a veiculação ter sido exclusiva na "Veja".

8) O que me impede de estabelecer uma correlação entre os três eventos e supor que estou sendo vítima de uma armação para tentar anular críticas que venho fazendo ao Opportunity? Apenas uma coisa: o de trabalhar dentro de princípios jornalísticos, cujo fim Mainardi decreta em sua última crônica. E esses princípios me indicam que o episódio em questão parece muito mais um caso de falta de gestão editorial da revista sobre seus colaboradores do que uma armação.

Site
O site da Dinheiro Vivo ficou fora do ar ontem devido à ação de hackers, em razão da coluna de Mainardi.

Anônimo disse...

Cara, manda essa velha ir se fude

Anônimo disse...

Que não volte nunca mais


Tenho que reconhecer: apesar de toda a crise institucional que atravessamos nosso país não é uma republiqueta de banana. E veja-se que lá se foram três meses inteiros de mergulho na mais completa iniqüidade. É uma nação forte, sem dúvida nenhuma. Amadurecida. Nessa altura temos que admitir que o presidente Lula, conservando o ministro Palocci, artífice da saudabilidade econômica do governo, marcou um tento, acertou a bola na rede, não deixando a peteca cair.
A entrevista do ministro Palocci agradou a gregos e troianos. Seguro, sem tergiversações, direto, respondendo francamente a todos que lhe perguntaram, mostrou que não teme, não deve, é íntegro. Exigiu provas do contrário. Referiu-se a uma escuta telefônica de oito meses que nada detectou que o desabonasse. Acredita no esclarecimento da verdade e se põe à disposição para dirimir dúvidas, possíveis suspeitas ou pseudo interpretações de comportamento.
Pareceu-me, salvo melhor juízo, convincente. Claro que só palavras não podem deter nenhuma investigação. A abertura, porém, que concedeu aos seus sabatinadores em sua entrevista, deu-lhe um perfil descontraído e sincero. Sentia-se nele a preocupação de devolver a confiança aos setores financeiros sobre os rumos até agora determinados para o melhor desempenho econômico, um desempenho aplaudido interna e externamente, tanto que tem assegurado a meia que estabilização dos riscos, riscos calculados de investimento, que claro, oscilam, mas não, felizmente, em picos muito altos, assustadores, verificando-se até a relativamente pequena alteração do câmbio e da Bolsa de Valores. O fato é que o risco-país não chegou a disparar, desenfreado; a inflação continua contida e o desenvolvimento, sustentado. Ora, como afirmei acima, esses resultados, essas reações são um indício de amadurecimento. Significam realmente que o país cresceu, e forte, aguenta embates de crise que, se fosse outro, estaria completamente esfacelado.
Também a crise tem servido para um balanceamento de suas repercussões junto à Nação no que diz respeito aos eleitores, participantes e críticos cidadãos e à estrutura política que engloba partidos, Assembléias, Câmara, Senado além das unidades que compõem o Poder Executivo.
Há uma percepção geral e um consenso muito grande, quando se analisa e consulta a sociedade civil, de como deve ser encarada a situação de crise porque passamos. Profundo, intenso, abrangente e extenso o desarranjo institucional deve ser contido e reduzido a uma questão de polícia, que assumirá as rédeas da identificação dos culpados após acurada investigação e recolhimento de evidências e provas. Os inquéritos serão entregues à Procuradoria da Justiça que dará andamento aos devidos processos-crime, através dos Ministérios Públicos de todo o país. Ao fim e ao cabo aguardar-se-á o pronunciamento do Poder Judiciário que há de dar a última palavra encerrando esse episódio vergonhoso de nossa história.
Que as cassações venham, se sobrarem parlamentares que as possam decretar sem medo da ameaça de também se virem acusados se tomarem a radical medida. E que a Justiça, devidamente provocada por procedimento legal de denúncia, também tenha a oportunidade de se manifestar, mesmo que seja para declarar prescritos e fora do alcance punitivo os crimes cometidos contra a Nação.
E se alguns assim escaparem impunes da atrevida empreitada que sejam para sempre execrados pela opinião pública e varridos dos cargos que ocupam indecentemente, indevidamente, equivocadamente, sem pudor, sem decoro, sem respeito, como criminosos identificados que hão de ser, para reconhecimento público, para nunca mais serem esquecidos, para nunca mais se arrogarem no direito de voltar, abusando da nossa gente e fazendo tábula rasa de sua inteligência.
PSDB nunca mais....

Anônimo disse...

PFL E PSDB...
Eles têm uma máfia de blogueiros e siteiros a serviço do golpe. Começa com Noblat e termina com o nazi-fascista Janer Cristaldo. Sem contar o ladrão Ucho. Não é brincadeira. O cara é ladrão mesmo e já mofou na cadeia por causa disso

Anônimo disse...

REDE DE INTRIGAS
O filósofo, a crise e o kibe

Walter Falceta Jr. (*)

Um fio invisível conecta a já enrugada crise política brasileira, as pândegas cibernéticas do blog Kibe Loco, uma sinistra rede de intrigas estabelecida no underground da mídia brasileira e um filósofo em desorientação reveladora. A história híbrida, misto de romance policial e farsa cômica, tem início num ágil movimento de dedos sobre o teclado de um computador. Rapidamente, por maldade ou imperícia, compõe-se na tela uma ficção, dessas que gozam de formidável verossimilhança. Neste agosto de nervos públicos expostos, o "jornalista" Ucho Haddad desfecha mais um ataque contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Composto na economia de 761 caracteres, o texto é aparentemente despretensioso, mas gera nos leitores enorme desconforto cívico e desapontamento moral. Recheado de veneno, o informativo-denúncia sobe à rede na URL (www.ucho.info). Avisa o seguinte:

Festa de Arromba

Quem pensa que a lama fétida que emerge das entranhas do poder acabou, engana-se. Tido como um dos mais badalados DJ´s do universo, Tiësto (foto), que cobra cachês de US$ 30 mil para cima, tem em sua agenda do corrente ano uma apresentação marcada para a Granja do Torto, mais precisamente em 11 de outubro.

Como o presidente Lula é adepto de música sertaneja e pagode, alguém precisa explicar os verdadeiros motivos para a contratação de Tiësto, o DJ responsável pela sonorização da abertura dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004.

Considerando que a viagem de Tiësto a Brasília não será por simpatia ao presidente Lula ou algo parecido, tudo indica que se trata de mais uma farra dos primeiros-filhos, que o trabalhador brasileiro terá de financiar. Clique, depois acesse a página `schedule´ e confira a mais nova barbárie consumista do presidente Lula, o defensor do povo e dos trabalhadores".

Como na selva da internet nem toda aberração passa despercebida, a "notícia" pipocou no computador de Marcelo Junqueira (corretor de valores e DJ diletante), o controvertido Psycho, do site Surra de Pao Mole. Ao checar a informação com colegas, convenceu-se de que se tratava de uma fraude. Logo, disparou para o autor o seguinte e-mail indignado:

Caro jornalista Ucho Haddad,

Nunca havia lido sua coluna e nem ao menos sabia da existência desse seu site. Porém ao receber por e-mail uma cópia de uma absurda matéria entitulada ´ Festa de Arromba´, senti-me na obrigação de investigar a fonte de tamanha ignorância, chegando assim ao senhor.

A acusação contida na matéria é o melhor exemplo do lado mais obscuro do jornalismo leviano, que dispensa investigações e transborda ódio e parcialidade.

"Granja do Torto", além de ser o nome da residência oficial da Presidência da República, é também o nome de um local muito utilizado para festas, exposições e rodeios: o famoso Parque de Exposições da Granja do Torto.

Um google. Uma simples consulta ao google com as palavras "festas" e "granja do torto" e sua informação cairia por terra muito antes de pensar se transformar em tão frágil "denúncia". Pouco. Muito pouco mesmo pra quem se auto-intitula "jornalista investigativo".

Duvido que um dia voltarei a seu tão informativo site pra saber se o senhor será profissional a ponto de assumirá o erro e se retratar publicamente. Mas penso que isso seria o mínimo que se poderia esperar de quem carrega tantas pedras nas mãos e um .info ao lado do nome. Além de, claro, colaborar para que idéias como a criação do CNJ - Conselho Nacional de Jornalismo não possam ser justificadas.

Saudações, Psycho

A novela alvoroçou a comunidade virtual quando o dono do site de humor Kibe Loco, o publicitário Antonio Pedro Tabet, resolveu prestar um serviço de utilidade pública ao país e denunciar a denúncia. Transformou suas descobertas na esclarecedora série "Chifre em cabeça de cavalo". "A farsa das falsas acusações é viral, perigosa e me assusta" , explicou. "Além disso, não deixa de ser engraçado assistir ao constrangimento que essas ‘barrigas’ causam nos grandes órgãos de imprensa." No rápido processo de apuração, Tabet atirou sua rede e trouxe à tona outros peixes grandes. Na quinta-feira (25/8), por exemplo, Cesar Giobbi, da coluna "Persona", do Estado de S.Paulo, publicou o seguinte:

Bufê infantil

Pelo visto o presidente Lula não está nem um pouco preocupado com a opinião pública. Está armando uma rave particular, na Granja do Torto, em Brasília, e resolveu contratar o festejado DJ Tiesto, considerado um dos melhores do mundo, que animou o verão europeu nos melhores endereços. Pelo menos é o que se lê no site do DJ, www.tiesto.com. A festinha é dia 11 de outubro, plena terça-feira, já que dia 12 é feriado. Como é Dia da Criança, imagina-se que o presidente queira festejar os filhos... Estarão usando cartões de crédito para pagar estas despesas também?

Outro colega de Ucho, o colunista Giba Um, reproduziu a notícia.

Super-DJ na Granja

Quem consultar o calendário de apresentações internacionais do famoso DJ Tiësto, responsável pela sonorização da abertura dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004 e que cobra cachês de US$ 30 mil para cima, fora despesas, certamente ira se surpreender com uma apresentação marcada para 11 de outubro, na Granja do Torto, residência do casal presidencial. É uma terça-feira, véspera de feriado (data consagrada a Nossa Senhora Aparecida) e, antes de Brasília, o DJ Tiësto passa por eventos e festivais em Dubai, Moscou, Lyon e daqui, segue para uma apresentação dia 14 de outubro, em Buenos Aires".

Depois de alguma pesquisa, Tabet descobriu que vários sites e blogs reproduziam a versão deturpada dos fatos. Os didáticos protestos do Kibe Loco mobilizaram vários grupos de internautas, que divulgaram aos quatro ventos o episódio. Instaurou-se uma saudável indignação e os mocinhos aparentemente triunfaram, pelo menos neste duelo.

Retrato de um personagem polêmico

Ora, mas quem é, afinal, Ucho Haddad, esse profeta da ruína moral brasileira, capaz de comover o país com suas "revelações". Trata-se na verdade de Evaldo Haddad Fenerich, um publicitário de 46 anos, freqüentador assíduo de delegacias de polícia e tribunais. Constantemente encrencado com a Justiça, morou atrás das grades em 2001. Respondeu a inquéritos por estelionato, apropriação indébita, falsificação de documentos, receptação, ameaça e outros crimes. Em 1998, foi condenado por apropriação indébita. Recebeu como pena um ano de reclusão em regime aberto e dez dias-multa. Seus advogados, entretanto, conseguiram que cumprisse a pena em liberdade. Em 2000, Fenerich foi acusado de tentar leiloar o Dossiê Cayman II. As bizarras histórias do "jornalista" estão narradas em reportagem de José Paulo Lanyi publicada no portal Comunique-se e reproduzida neste Observatório, em 2003.

Em outra nota, publicada recentemente em seu site, Haddad atribui a uma "peluda raposa" informação sobre um suposto esquema para retirar o presidente Lula da cena política.

A casa caiu

Preocupado com a situação cada vez mais complicada do presidente Lula, uma das mais peludas raposas da república petista foi se aconselhar com um dos integrantes do governo do PT e ouviu o que não esperava. Seu interlocutor disse que o melhor seria convencer o presidente Lula da necessidade de inventar uma isquemia cerebral e viajar para Cleveland, nos Estados Unidos, para um suposto tratamento de aproximadamente quarenta dias. Tempos depois, já de volta ao Brasil, Lula se refugiaria em São Bernardo do Campo para uma convalescença, por lá permanecendo enquanto os ânimos da política nacional estiverem aquecidos. Mais adiante, anunciaria sua retirada do cenário político sob a desculpa de cuidar da saúde e da própria vida.

Mais uma vez, como contraponto, vale recorrer à devastadora reportagem de José Paulo Lanyi acima citada:

Evaldo Haddad Fenerich diz que viajava aos Estados Unidos para se tratar de um câncer linfático. Enviou à Justiça de São Paulo um comunicado (31/05/2000) do Memorial Sloan-Kettering International Center, de Nova York, que o informava de uma consulta com o Dr. Straus em 03/06/2000. O documento versava sobre todos os procedimentos de praxe: entre outras recomendações, orientava o paciente acerca do registro no hospital, do custo da primeira consulta (US$ 1 mil) e de uma eventual internação (US$ 100 mil de depósito). Um dos advogados de Fenerich buscava relaxar-lhe a prisão preventiva, com a alegação de que ele deveria prosseguir com o tratamento iniciado nos Estados Unidos em janeiro de 1998. Fenerich viajaria ‘diuturnamente’ a esse país por causa da terapia. No entanto, de acordo com declaração do próprio acusado à Justiça Brasileira, o tratamento teria começado em 13.06.2000, nesse mesmo Memorial Sloan-Kettering International Center, em Nova York. Fenerich dizia não poder comparecer às audiências (estelionato e outras fraudes) porque o tratamento se alongaria até o fim daquele ano. No processo, até hoje não constam documentos sobre consultas, cirurgias, exames realizados, nada que pudesse comprovar o tratamento nos Estados Unidos. Em um determinado trecho, a defesa de Fenerich argumentava: ele descobrira a doença em 1997, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Os comprovantes apresentados à Justiça são atestados médicos e exames realizados no Hospital Ipiranga (SUS), de São Paulo, em agosto de 2001.

Novamente, o atilado "Psycho", o politizado DJ, pescou a "coincidência". Em seu site, o Holmes brasileiro expôs uma justa desconfiança.

A semelhante estratégia sugerida pelo suposto `integrante do governo petista´ e a utilizada pelo próprio jornalista para fugir da Justiça seriam apenas uma coincidência, ou talvez esse `jornalista investigativo´ sofreria de uma leve esquizofrenia, com tendências a misturar sua própria realidade com suas fictícias e exclusivas notícias publicadas?"

Rede de intrigas

Outra coincidência é a articulação orgânica entre os sites e blogs dedicados a espinafrar o governo e abastecer de querosene a fogueira política. Ucho, Giba Um e Cláudio Humberto, o homem de comunicação de Collor, criaram suas centrais de "notícias" a partir do estímulo de Ruy Nogueira Netto, publicitário empreendedor, expert em campanhas políticas. Há claramente um círculo de trocas entre essas células periféricas de informação. Muitas notas são socializadas, com sutis maquiagens de texto. Um ecoa o outro. Procura-se produzir marola. Como característica comum, apresentam a ironia ácida contra o governo e a presença de fontes do mundo animal. Foi sempre uma "raposa peluda", um "cachorro grande" ou um "rato do partido" quem fez vazar a notícia "bombástica". Em seu blog, Ruy Nogueira fornece links para serviços semelhantes de Janer Cristaldo ("filósofo" propagandista ultraconservador), Cesar Maia, Diego Casagrande, Ricardo Noblat, Giba Um e... Ucho!

Por razões educativas, sigamos até o site de Giba Um. Na segunda-feira (29/8), por exemplo, ele divulga nebulosa informação sobre suposto sistema de compra de ativistas profissionais.

Contra e a favor

Só no Brasil: a Polícia Militar de Brasília e os arapongas da Abin – Agência Brasileira de Informação – filmaram as últimas passeatas na Capital Federal, a primeira a favor e a segunda, contra o presidente Lula. Aí, foram examinar os filmes e, na decodificação, ficou patente que, pelo menos a metade dos cara-pintadas de uma eram os mesmos da outra. É o chamado bloco dos "agitadores profissionais", que são convocados pelas entidades estudantis e pelas centrais sindicais e que recebem, pela atuação, diária de R$ 50, mais vale-refeição.

Desculpas tímidas

Depois da bronca, Ucho, Giba Um e Cesar Giobbi emitiram "erratas" acanhadas sobre o episódio "Rave no Torto". Ucho alegou que não conhecia a existência de um parque de exposições com denominação semelhante à da residência presidencial. Em entrevista concedida a este articulista, afirmou que foi induzido ao erro por informações incompletas no site do DJ. "Erro maior foi cometido pelo presidente Lula, que nunca cumpriu com suas promessas de campanha", acusou. "No caso em questão, devo dizer que aprendi mais uma vez, pois sou o melhor produto de meus erros."

O colunista César Giobbi, do Estadão, publicou o seguinte:

O site do DJ Tiesto, que até na tarde de quarta-feira apresentava em sua agenda um show na Granja do Torto, em Brasília, no dia 11 de outubro, mudou de endereço na manhã de ontem. O que aparece, agora, é que sua apresentação será no Parque de Exposições da Granja do Torto. Bem diferente, não?

A nota encerra outro erro. Na verdade, o site de Tiesto já havia explicitado a qual Granja do Torto se referia na tarde da própria quarta-feira (24/8). Giobbi alega que checa todas as informações que publica, mas que foi iludido pelas informações no site do DJ. "Tenho quatro empregos e não posso visitar todos os sites para conferir um endereço", afirma. O colunista destaca seus méritos ao admitir rapidamente o erro. Ao analisar o episódio, apresenta uma opinião controvertida. "Eu não acredito em nenhuma informação que corre na Internet, pois esse tipo de notícia não tem credibilidade", sentencia.

Código de Ética

Em vigor desde 1987, o Código de Ética dos Jornalistas é encarado como peça anedótica por determinados setores da imprensa periférica e pelo bloguismo de maledicência.

Em seu artigo 2º, o código determina: "A divulgação de informação, precisa e correta, é dever dos meios de comunicação pública, independente da natureza de sua propriedade". O artigo 14º estabelece que o jornalista deve: "Ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, todas as pessoas objeto de acusações não comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demonstradas ou verificadas".

De acordo com Fred Ghedini, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, é necessário separar o joio do trigo. "Temos profissionais sérios atuando em blogs e outros centros informativos virtuais", afirma. "Mas há também uma rede de redundância de informações falsas, de sabotagem da verdade, que reúne de bandidos comuns a extremistas ultraconservadores." Ghedini considera que o novo cenário da comunicação virtual permite valorosas experiências de comunicação, mas também abre brechas para a ação de desqualificados de todos os tipos. "A sociedade civil e os jornalistas precisam estar vigilantes para apontar as distorções", afirma.

Uma saudável desorientação

Caso esta história "jornalística" admita um orago, este será René Descartes, o homem da máscara enigmática, virtuoso no exercício solene do pensamento dubitativo, tão culto e preparado a ponto de desconfiar de tudo no teatro do mundo. Um dia, já sapientíssimo, ousou por humildade estranhar toda a realidade. "É como se, de repente, tivesse ido parar em um redemoinho e estou tão confuso que não posso tocar o fundo nem nadar para a superfície", confessou.

O pensador iniciou ali, num doce tormento, a aventura que viria a transformar a filosofia do Ocidente. Inventariou todos os seus conhecimentos. Surpreso, descobriu que a arca dos saberes abrigava apenas objetos da incerteza. Assim, decidiu rejeitar todos, até que pudesse provar racionalmente que eram dignos de confiança. Submeteu-os, um a um, a criterioso exame crítico. Escorado na "dúvida metódica", declarou que só aceitaria idéias, fatos e opiniões que tivessem passado pelo crivo da dúvida. O filosofo determinava a existência do malum epistemicum, a forma de mal associada à ignorância e ao falso conhecimento.

Imagina-se o benefício se a preocupação de Descartes fosse compartilhada pelos homens e mulheres que alimentam a indústria da informação. O primeiro passo rumo ao aprimoramento do ofício seria reconhecer as linhas divisórias entre a ignorância e a incerteza. A primeira se desenvolve no casulo da doxa, envolta pelos fios opacos da tola convicção coletiva. O autêntico escriba ignorante não sabe que não sabe. É resistente e, não raro, fanático, inquisidor e arrogante.

No caso da incerteza, tão útil a quem informa, o que se revela é a falha, o erro sempre possível. Os ungidos pela incerteza, como um Euclides da Cunha, reconhecem a ignorância e sabem que suas fórmulas nem sempre explicam a realidade. Perplexos diante da complexidade dos fenômenos da existência, esses humildes imitam Descartes. Superam o encantamento, até que admitem aproximar seus assustados olhos da essência das coisas. Essa "busca da verdade" serve como exercício intelectual e espiritual. Mas constitui-se em virtude maior porque atende a uma exigência ética da cidadania.

(*) Jornalista

Anônimo disse...

Excelente o conteúdo da carta aberta a Senadora Heloísa Helena,que segundo alguns votou pela não cassação de Luiz Estevão.
Ah...O primeiro texto é meu...Iconoclasta!

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