sexta-feira, 16 de setembro de 2005

VESTIRAM A CARAPUÇA











O grito da Marilena - SERVINDO A CARAPUÇA
Emir Sader





CABEÇÃO


O “No passarán” da Marilena Chaui não precisou esperar muito para que aqueles a que ela denunciava vestissem a carapuça. Editoriais, colunistas (até a TIA ALBA) passaram recibo, revelaram como se sentem incômodos diante da denúncia do ódio de classe que devotam à esquerda e voltaram a desfilar seu linguajar recheado de clichês contra ela, contra o PT, contra a esquerda.

Não podem rebater a visão exposta por ela, do papel do PT na construção democrática brasileira, do seu papel de destaque na luta para imprimir justiça e igualdade no sistema social e político do país mais injusto e desigual do mundo. Foi por esse papel que o PT foi construído como único partido com militância política real, com vinculação estreita com os principais movimentos sociais, com o melhor da intelectualidade brasileira.

Não podem e então apelam para a ofensa, para a desqualificação, não conseguindo esconder a inveja e o sentimento de inferioridade que têm diante de uma intelectual independente, crítica, radical. Se ofenderam com seu silêncio e se ofendem agora com seu grito. Sabem que ela se refere a eles, colunistas, editorialistas, donos dos grandes espaços na mídia produto do monopólio familiar dos grandes meios de comunicação de que desfrutam, onde funcionam como ventríloquos dos poderosos.

Acostumam-se aos que se vergam diante desses poderosos, adoram concordar com seus patrões, que lhes dão sustento e espaços para que promovam suas idéias. Por isso perdem as estribeiras quando se vêem obrigados a ouvir vozes discordantes, que vivem da sua verdade, que não trocam suas razões pelo prestígio momentâneo dos espaços privilegiados na mídia. São os “falsos intelectuais”, nas palavras de Sartre, que remetia à expressão de Albert Camus – são “os cães de guarda”.

Tomam consciência plena nesses momentos de que suas palavras passam como o vento, enquanto o que ficam são as verdades construídas com as razões profundas dos movimentos históricos que os transcendem. Que se gozam dos benefícios dos donos das suas palavras, não contam com o respeito dos movimentos sociais, da intelectualidade crítica, que não passarão à história senão como escribas anônimos, cinzentos.

Enquanto isso a voz de Marilena, sua palavra, sua dignidade, sobrevoam, soberanos. Por isso os incomoda, porque sabem que “No pasarán”!


Copiado na íntegra, de

Emir Sader, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História".

Um comentário:

Helena Sthephanowitz™ disse...

Se Voltaire fosse vivo, tenho certeza de que mudaria suas palavras ao se referir aos jornalistas ,afirmando agora: "Posso não concordar em uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo com inteligência e educação".
Claro que isso vale para a Veja que mentira e a folha da para não ler!!!

Oni..vc precisa ler a NOVA-E...

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