terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Mordaça em Lula

Poucos presidentes foram tão cerceados no seu direito de falar quanto Lula. E à medida que as eleições de outubro se aproximam os partidos que governaram o Brasil durante quase 50 anos ficam cada vez mais histéricos na tentativa de calar o presidente. O PSDB, que junto com o PFL governou por oito anos com praticamente toda a imprensa a seu favor, chegou ao cúmulo de entrar com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral.



Motivo:

o pronunciamento do presidente em cadeia de rádio e televisão para prestar contas de seus três anos de governo e da quitação da dívida com o FMI. Para o PSDB, trata-se de crime eleitoral. O partido de FHC, Serra e Alckmin só não inclui na conta de crime eleitoral o seu próprio programa de televisão que, em lugar de destacar as propostas do PSDB para o Brasil, tratou de bater em Lula e no PT. Talvez porque não interesse ao PSDB reavivar a memória do povo brasileiro para os oito anos de seu governo.



Há oito meses o governo Lula vem sendo surrado na mídia e pela mídia. Em praticamente todos os programas eleitorais – do PSDB, PFL, PDT, PPS, PV, entre outros – o governo foi atacado. Nos jornais, rádios e televisões os herdeiros de Antonio Carlos Magalhães e de César Maia têm lugar cativo, assim como lideranças da oposição.



Nas CPIs, acompanhadas ao vivo pelos canais a cabo e, em algumas ocasiões, pelos canais abertos, a presença da imprensa serviu de palanque para todo tipo de críticas e ataques. Apesar disso, Lula praticamente não utilizou o recurso legítimo e legal de falar ao povo. Na Venezuela, por exemplo, onde Hugo Chávez é perseguido implacavelmente pelos órgãos de imprensa, o presidente convoca periodicamente cadeia de rádio e tevê estatais para falar à Nação.



O fato é que cada vez que uma pesquisa mostra melhoria na avaliação de Lula e do governo, mais histérica fica a oposição e mais decidida a esticar a corda na esperança de que o presidente seja enforcado e se torne definitivamente carta fora da disputa eleitoral. Nessa guerra vale tudo. Primeiro, apresentar o presidente como um analfabeto que mal sabe falar ou como um homem pouco letrado que fala errado.



Depois, destacar frases soltas do contexto em que foram ditas e que, por isso mesmo, permitem todo tipo de interpretação. E quando nada disso dá resultado, querem colocar uma mordaça na boca do presidente de maneira a que ele fique mudo durante os próximos oito meses de mandato.



Só que o povo quer ouvir Lula, até porque ele tem obrigação de se explicar e mostrar o que está fazendo. Quem vai julgá-lo e a seu governo é o eleitor, em outubro. Será no balanço dos últimos quatro anos e na comparação com os governos anteriores que o povo decidirá se Lula continuará a falar ou se será calado pelas urnas.

Um comentário:

Bira disse...

Legal! Vo fazer sim! E pode postar minhas charges aqui também! Abração

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