segunda-feira, 3 de abril de 2006

Algumas das predileções dos partidos, de acordo com o histórico recente:

O PFL dominou o Ministério da Previdência Social durante os dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com cinco ministros diferentes. O monopólio foi quebrado no início do governo Lula, com a entrega da pasta para o atual presidente do PT, Ricardo Berzoini. Sua permanência no cargo durou um. Desde então, é território do PMDB governista. Trata-se do maior orçamento da União. O "lucro" vem do gerenciamento da massa de dinheiro e dos favores concedidos na distribuição de pensões.

O Ministério da Agricultura, desde a redemocratização, é território preferencial do PTB. Seu domínio foi repartido durante os dois governos de FHC com o PFL. A mina de ouro, no caso, é a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Seu histórico de escândalos que vai dos milhões de toneladas de alimentos que evaporaram dos silos do governo ao rombo de R$ 350 milhões em seu fundo de pensão. Não se tem notícia de deputado cassado ou ministro demitido por isso. O eleitor foi convocado para rachar a conta - e não bufou.

Outro alvo cobiçado é o do Ministério dos Transportes, por conta do dinheiro que corre para construção e conservação (?) de rodovias. A área era território do PMDB, e passou para o PL no governo Lula. O escolhido foi Anderson Adauto, atual prefeito de Uberaba, pelo pelas investigações da CPMI dos Correios. Convidado a depor, foi e disse com todas as letras que circulou, sim, dinheiro por baixo do pano para seu partido. Na ocasião, ciente da impunidade, confessou desvios e regalos de construtoras e desafiou senadores e deputados que um dia haviam sido beneficiados por esses mesmos recursos. Ninguém contestou. A partilha do botim é referendada pelo voto obrigatório, que coage o eleitor a ser cúmplice da ladroagem.

A oportunidade para eliminar ou reduzir os vícios do sistema foi ignorada pelo Congresso, em setembro do ano passado, quando ainda havia tempo para as mudanças, sem contrariar a Constituição.

A ocasião para a moralização passou. Meses mais tarde, o que estimulou o Congresso foi propor mudanças à verticalização. Sobre transparência e fim da farra. Continua, portanto, em vigência o código de honra em que se castiga ps que foram acusados ou pegos em flagrante delito, e não os que delinquiram com competência e profissionalismo.

Qual é o papel da mídia nesse enredo? Continua se acumpliciando ao dar conhecimento apenas dos que foram flagrados em ilícitos, esquecendo-se dos que se saíram bem na rapina? Por que não há empenho e insistência em denunciar a relação corrupta dos partidos com o Estado?

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