quarta-feira, 5 de abril de 2006

Uma derrota difícil de engolir

Em outubro de 1965, pouco mais de um ano após o golpe, são realizadas eleições para governadores em 11 estados. O regime é derrotado em cinco deles, entre os quais Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os setores mais duros pressionam o presidente Castello Branco a acabar com a festa. O Ato Institucional nº. 2 extingüe os partidos políticos.

No início do ano seguinte, o AI-3 acaba com as eleições diretas para presidente, governadores e prefeitos das capitais. Nos meses seguintes são criados dois partidos, a Arena, governista, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), oposicionista, para dar uma fachada arejada à vida nos tempos de exceção. A Arena cumpriu seu roteiro, mas o MDB, por força de várias pressões, fugiu do script e começou a acolher os descontentes com a situação.

Herdeira do fisiologismo e do reacionarismo que sempre marcaram a vida nacional, a Arena nunca teve um bom desempenho nos grandes centros urbanos, mesmo nos períodos mais duros. Em 1974, a agremiação sofreu vexatória tunda em 16 estados, nas eleições para o Senado, a Câmara dos Deputados e as Assembléias Legislativas. O MDB, de Ulysses Guimarães, emerge como o grande vencedor e espinha dorsal da frente de oposições que acaba por derrotar a ditadura na década seguinte.
Gilberto Maringoni

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