A primeira pesquisa realizada pelo Datafolha após a oficialização das candidaturas à Presidência da República mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua liderando a disputa, e que sua vantagem em relação ao segundo colocado, Geraldo Alckmin (PSDB), se mantém estável. No entanto, não é possível afirmar que o presidente seria reeleito hoje no primeiro turno, diferentemente do que acontecia no levantamento anterior, de junho, quando o percentual de intenção de voto no petista dispensava a realização de um segundo turno.
A intenção de voto em Lula oscilou de 46% no final de junho para 44% hoje. Alckmin também oscilou para baixo, passando de 29% para 28% das intenções de voto. Assim, a diferença do primeiro para o segundo colocado passou de 17 pontos percentuais em junho para 16 pontos hoje. A única candidata que viu sua taxa de intenção de voto variar acima da margem de erro, que é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, foi Heloísa Helena (PSOL), que subiu de 6% para 10% das preferências.
Se a eleição fosse hoje, Lula teria 52% dos votos válidos, isto é, descontados votos brancos, nulos e os eleitores indecisos. Em razão da margem de erro, essa taxa pode ser de 50%, no mínimo, e de 54%, no máximo. Para que a disputa seja definida sem a necessidade de um segundo turno, o candidato deve ter 50% mais um do total de votos. Levando-se em consideração o patamar mínimo obtido pelo petista, não é seguro afirmar com absoluta certeza que ele estaria reeleito hoje.
Cristovam Buarque (PDT) e José Maria Eymael (PSDC) se mantiveram com 1%, mesma taxa obtida por Rui Costa Pimenta (PCO), que na pesquisa anterior não chegava a atingir esse patamar. Luciano Bivar (PSL), a exemplo do verificado em junho, foi citado, mas não atingiu 1% das menções. A taxa dos que têm a intenção de votar em branco ou anular o voto se manteve em 7%, e a dos que estão indecisos oscilou de 9% para 8%.
A vantagem de Lula em relação a Alckmin em um eventual segundo turno também não mudou: 50% votariam no petista e 40% no peessedebista. Em junho, o presidente obtinha 51% e o ex-governador paulista ficava com 39%, ou seja, a diferença entre os dois, que era de 11 pontos percentuais, passou a ser de 10 pontos hoje.
No que diz respeito à intenção de voto espontânea, ou seja, o candidato citado pelo entrevistado antes da apresentação do cartão circular com os nomes na disputa, Lula perdeu quatro pontos, caindo de 35% para 31% e Alckmin oscilou de 15% para 14%. Heloísa Helena oscilou de 2% para 3%. A taxa dos que não sabem dizer, espontaneamente, em quem pretendem votar em outubro subiu oito pontos percentuais, de 36% para 44%.
SOBE SETE PONTOS PERCENTUAIS NA REGIÃO
Geraldo Alckmin perdeu seis pontos percentuais na região Sul do país, onde passou de 37% para 31% das intenções de voto. Na pesquisa de junho, o candidato peessedebista estava sete pontos à frente de Lula entre os eleitores do Sul. O petista, que se manteve com 30%, hoje empata com o tucano na região. Heloisa Helena, por sua vez, ganhou sete pontos percentuais, passando de 6% para 13% entre os eleitores sulistas.
Lula e Alckmin também empatam no Sudeste: nessa região, o petista oscilou de 39% para 38% das preferências, enquanto o ex-governador paulista foi de 34% para 35%. Heloisa Helena tinha 7% em junho, no Sudeste; hoje, obtém 11%.
O Nordeste continua sendo a região onde Lula obtém maior vantagem, com 63% das intenções de voto, 50 pontos percentuais à frente de Alckmin, que obtém 13%. Em junho, o petista atingia 64% e o peessedebista ficava com 17% nessa região. Heloisa Helena é a preferida de 7% dos nordestinos (5% no levantamento anterior).
Nas regiões Norte e Centro-Oeste, Lula oscilou de 47% para 45%, Alckmin se manteve com 28% e Heloisa Helena foi de 7% para 11% das intenções de voto.
As taxas de rejeição obtidas pelos candidatos à presidente se mantiveram estáveis em relação a junho.
O líder Lula continua sendo também o candidato com maior taxa de rejeição: 32% dos eleitores brasileiros não votariam de jeito nenhum nele para presidente da República. Eram 31% em junho. Heloísa Helena se mantém com 21% de rejeição. A taxa de rejeição a Alckmin passou de 19% para 22%.
Não votariam de jeito nenhum em Rui Costa Pimenta 19% e não votariam em José Maria Eymael 18%. Cristovam Buarque é rejeitado por 17% dos eleitores e Luciano Bivar atinge 16% de rejeição. Votariam em qualquer um dos possíveis candidatos à Presidência 10% e não votariam em nenhum deles 4%.
Os eleitores que declaram intenção de votar em Lula para presidente são, no momento, os que se dizem mais decididos quanto ao seu voto: 74% dizem estar totalmente decididos. Cerca de um terço (30%), porém, afirma que seu voto ainda pode mudar. Entre os que pretendem votar em Geraldo Alckmin, 66% dizem que estão totalmente decididos e 32% afirmam que seu voto ainda pode mudar. Os eleitores de Heloísa Helena são os que demonstram menor certeza de seu voto em outubro: 53% dizem estar totalmente decididos, percentual próximo ao dos que afirmam que seu voto ainda pode mudar (46%).
Dos que hoje votam em Lula e admitem que seu voto ainda pode mudar, 46% afirmam que Geraldo Alckmin seria o candidato com mais chances de receber seu voto em caso de mudança. Heloísa Helena seria a candidata com mais chances de receber o voto de 24% dos eleitores do peessedebista que ainda podem mudar o voto.
Os eleitores de Alckmin que ainda podem mudar se dividem: 24% provavelmente votariam em Lula e percentual idêntico optaria por Heloísa Helena. Entre os que hoje votariam em Heloísa Helena mas não estão totalmente decididos, 39% dizem que Alckmin seria o candidato com mais chance de receber seu voto em caso de mudança; 21% citam Lula.
O Datafolha indagou aos eleitores que têm um candidato a presidente se votam nele porque se trata do candidato ideal ou por não haver melhor opção. Entre os que votariam em Lula hoje, 59% afirmam que ele é o candidato ideal, e 36% dizem que não há opção melhor. Entre os que têm intenção de votar em Alckmin, 50% afirmam que ele é o candidato ideal, e 47% declaram que não há outra opção. A maior parte (51%) dos eleitores de Heloísa Helena justifica seu voto dizendo que não há opção melhor entre os candidatos a presidente. Votam nela acreditando que a senadora é a candidata ideal 44%.
Foram apresentados aos eleitores indecisos e aos que pretendem votar em branco ou anular o voto algumas possíveis razões para esse voto.
A maioria (64%) dos eleitores que estão indecisos quanto ao seu voto para presidente ainda estão se informando sobre os candidatos e acham que ainda é cedo para decidir. Para 14%, nenhum dos candidatos está preparado para ser presidente, e por isso ainda não tomaram uma decisão quanto ao voto em outubro.
Segundo 3%, a indecisão se deve ao fato de haver mais de um candidato preparado para ser presidente e que poderia receber seu voto.
De acordo com a maior parte (50%) dos que pretendem votar em branco ou anular o voto, nenhum dos candidatos é suficientemente preparado para ser presidente. Vão votar em branco ou anular como uma forma de protesto 35%, taxa que chega a 48% entre os que têm renda familiar mensal superior a dez salários mínimos e a 47% entre os que têm escolaridade superior.
O Datafolha ouviu 6264 eleitores nos dias 17 e 18 de julho, em 272 municípios.
A avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mantém estável: o percentual dos que consideram o governo do petista ótimo ou bom oscilou de 39% em junho para 38% hoje. A taxa dos que acham que Lula vem fazendo um governo ruim ou péssimo oscilou de 22% para 21%. Houve uma ligeira variação no percentual dos que consideram o desempenho do presidente regular, que passou de 37% para 40%.
A nota média atribuída ao presidente, em uma escala de zero a dez, é 6,1 (era 6,0 em junho).
São Paulo, 18 de julho de 2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário