Pedro do Coutto
No debate da noite de quinta-feira no SBT, muito bem apresentado por Ana Paula Padrão, ficou ainda mais nítida a estratégia de Lula voltada para colocar a imagem de Geraldo Alckmin na do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ganhou pontos, sem dúvida, além daqueles que já possui de vantagem, pois o ex-governador de São Paulo não conseguiu desvencilhar-se da sombra da impopularidade deixada por FHC e tampouco tentou deixar claro que o confronto é entre ele e o atual presidente da República, e não entre a administração de Luís Inácio da Silva e a de FHC.
Aliás, sem dúvida, Fernando Henrique Cardoso, como os fatos comprovam, tornou-se o maior eleitor de Lula para a reeleição. O fenômeno, aliás, já havia se verificado em 2002, na eleição do candidato do PT. A rejeição popular ao governo passado era tão grande que bastava a Lula fixar sua candidatura como de oposição. Agora, ao longo da atual campanha, se cotejarmos os seus vários momentos com as intervenções de FHC, vão todos registrar que, sempre que o ex-presidente fez algum pronunciamento, o percentual de intenção de voto em Alckmin caiu.
Uma tendência invariável, inclusive capaz de explicar porque, tão logo depois do debate da Bandeirantes, em que Geraldo Alckmin levou vantagem, em vez de subir, o ex-governador paulista desceu. Isso sem falar na carta aos brasileiros número 2, de FHC, quando este sustentou a obrigação do PSDB manter-se ao lado da ética, "mesmo - disse textualmente - que desta vez o eleitorado não nos acompanhe nas urnas". Maior confissão prévia de derrota, impossível.
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