BEBEU O RIO, COMEU O DOCE, DEIXOU O VALE NA CAIXA
Hélio Fernandes
Todas as DOAÇÕES foram inqualificáveis, diminuíram o tamanho das nossas esperanças. Comprometeram o passado não tão distante, o presente lamentável, não sabemos o que nos reserva para o inimaginável futuro. Mas não há dúvida que o símbolo de tudo foi a entrega da Vale, já uma das maiores empresas do mundo. E FHC só não entregou outras como Petrobras, Furnas, Correios, Banco do Brasil, e mais e mais, porque é covarde, encontrou resistência, recuou.
Tentando defender o indefensável FHC, o atual presidente da empresa afirma: "A Vale só cresceu porque deixou de ser estatal". Ele se chama Roger Agnelli, mas nem é parente do gigante da Fiat. A Vale sempre foi potência, mesmo nos tempos de Eliezer Batista e seu grupo. Que também destruiu e vendeu a "preços de banana" (royalties para o presidente dos EUA, Theodore Roosevelt, que criou a frase em 1903) todo o manganês do Brasil.
Generoso, complacente, hipoglicêmico, iconoclasta, troglodita mas sempre consciente, FHC não tirou Eliezer da jogada, apenas acrescentou, na época, o primeiro filho. Se Petrobras, Furnas, Cemig, Itaipu-Binacional e outras são prósperas como estatais, por que entregar a Vale? Isso se parece muito mais com a definição-libelo do Aporelly que coloquei como título. A Vale sempre esteve marcada para morrer. Mas foi assassinada por FHC.
Mas os prejuízos da desadministração FHC não param aí. Devastou o sistema financeiro, foi DOANDO o que podia, sempre com a justificativa injustificável e mentirosa: "Precisamos conseguir recursos para pagar os juros da dívida". E enquanto a "dívida" atingia níveis alucinantes, o patrimônio ia ficando cada vez menor. Perdão, cada vez maior, só que já na propriedade das multinacionais ou fantoches delas.
Agoram inesperada e surpreendentemente jogam na televisão e nos jornalões a discussão contraditória: "Precisamos DIMINUIR O TAMANHO DO ESTADO, com esse tamanho é impossível administrá-lo". Desmentem a eles mesmos, o próprio FHC à frente, e logo atrás dele o servo, submisso e subserviente Alckmin. FHC mudou a ótica da ética, quer (ou tenta) se explicar, não consegue. Quem destruiu o que pertencia ao povo não tem salvação.
O presidenciável por mais uma semana (domingo já não será mais) Geraldo Alckmin, mediocríssimo, sem convicção e sem força de expressão, se enrola todo, não sabe o que fazer, mergulha na contradição: "Não vou PRIVATIZAR NADA, mas sou a favor delas". Além de tudo, covarde. Se é a favor das privatizações, deveria assumir e dizer: "VOU CONTINUAR A PRIVATIZAR, ESSE É O PROGRAMA DO MEU PARTIDO. DAREI CONTINUIDADE AO QUE O PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO NÃO PÔDE TERMINAR".
Agora surge outro aspecto calamitoso do governo FHC: o APAGÃO, fonte de mais escândalos e irregularidadss, mais prejuízos para empresas brasileiras. Esse assunto foi ligeiramente sugerido na época, mas FHC no Poder era absoluto. Agora, quem faz a revelação pública é Pinguelli Rosa, que foi presidente da Eletrobrás. (Foi um péssimo presidente, mas conhece os fatos. Pior do que ele só o atual presidente da Eletrobrás. Só que Pinguelli é honesto).
Denúncia comprovada. Em 2001 houve o APAGÃO, FHC teve o cinismo de dizer que não sabia de nada. (A mesma coisa que seus acólitos e apaniguados dizem de Lula). Depois de "informado", FHC impôs um racionamento de 20%. Todos, comércio, indústria, serviços e a população inteira, tiveram que cumprir. O que fez FHC, "generosamente"? Aumentou as tarifas de energia TAMBÉM EM 20%.
Mas esse aumento foi apenas para as DISTRIBUIDORAS, multinacionais e particulares, que GANHARAM 8 BILHÕES A MAIS. As geradoras, que são estatais (com exceção da Tractebel, no Sul) não tiveram aumento algum, tiveram que ficar com o prejuízo. Essa discriminação atingiu Furnas, Chesf, Eletronorte.
PS - Aceitemos que FHC NÃO SABIA DO APAGÃO. Mas é impossível confessar que não sabia do aumento de 20% para as MULTINACIONAIS e de ZERO para as estatais. Que farsante.
PS 2 - Esses 8 BILHÕES DOADOS às multinacionais de energia, nada a ver com o tamanho do Estado. Tem a ver, e muito, com o tamanho das contas bancárias.
Essas agências "inventadas" por FHC, inutilidade completa. E fonte inesquecível de irregularidades. Uma delas, a ANP (Agência Nacional de Petróleo), foi sempre tida e havida como anti-Petrobras. Tentava prejudicar a maior empresa brasileira. Seu presidente, David Zilbersztajn, cumpria servilmente ordens de FHC. Agora responde a um exame profundo de suas contas. E o Tribunal de Contas da União, impressionado com o vulto dos descaminhos dessa ANP.
O relator (sorteado), ministro Ubiratan Aguiar, trabalha noite e dia para desbastar essas contas. São 11 volumes e mais um anexo de 4 volumes.
Esse David de FHC (que se julga no mínimo um David de Michelangelo) dá explicações incompletas, complicadas, que não esclarecem nada.
O ministro é minucioso, foi ele que condenou Gushiken, na fase de todo-poderoso. Motivo: produção e distribuição de 11 milhões de cartilhas.
O David de FHC, que não é o gênio que se julga, mas não é bobo, preocupado.
Depois de acusar José Dirceu e conseguir afastá-lo a oposição (?) agora corre para defendê-lo. Ha! Ha! Ha! Essa é a Ética dos que perderam o Poder e sabem que não vão reconquistá-lo.
Essa "bandeira" da Ética, que já emocionou a classe média, precisa de um porta-bandeira que o PSDB e o PFL não têm. Geraldo Alckmin? Não terão o apoio do povo, dessa classe média, nem dos empresários-elite.
O próprio Lula confessou que esses empresários jamais ganharam tanto. Por que se arriscariam? O povo miserável e sem perspectiva não pode abrir mão de nenhuma ajuda, por que deixaria de votar em Lula?
Isto é apenas análise e não tomada de posição. Desde o dia 3, 24 horas depois de terminada a apuração, escrevi sem nenhuma dúvida: Lula não perderá nenhum voto, terá mais 7 ou 8 por cento deles. Alckmin teve 43%, vai cair muito, sem piedade. Agora as pesquisas confirmam.
Na semana da eleição a tendência é de Lula crescer mais ainda.
O pavão FHC diz que Lula é a sua grande decepção, "ele virou um político banal". FHC não decepcionou ninguém, sempre foi banal.
O senador Sergio Guerra (PSDB-Pernambuco) atirou certeiro: "O grande problema do partido é o ego e a vaidade (redundância) dos seus dirigentes". Mirou em FHC, atingiu Serra, o corrupTASSO e muitos outros. E não esqueçam: ele é coordenador de Alckmin.
Os "debates" presidenciais, cada vez mais monótonos e inúteis. Felizmente estamos na última semana. O do dia 27, mesmo na Globo, não provoca (nem promete) sensação ou alteração. Lula caminha impávido para 60%. Alckmin cai tanto que pode tirar 3º. Com dois candidatos.
Como todos sabiam, o do SBT foi o de menor audiência. Começou com 12%, terminou entre 8 e 9. Os "debatedores", loucos para irem embora. Teve coordenadora bonita e competente (Ana Paula Padrão), faltou povo.
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