sábado, 21 de outubro de 2006

RESPOSTA A ALI KAMEL:



TARTUFO TRABALHA NA GLOBO?
Ao ler sua contestação à reportagem de capa da semana passada haverá quem suponha que não ouviu a gravação feita por um de seus subordinados
Por Redação CartaCapital


O texto assinado por Ali Kamel, diretor de jornalismo da TV Globo, em anúncio pago pela emissora e veiculado na edição impressa, é, no mínimo, escorregadio ao tentar desqualificar as perguntas de CartaCapital que na semana passada se negou a responder. Kamel escorrega. E falseia.


Bonner conta com este telespectador
Em comunicado remetido pela Central Globo de Pesquisa e Recursos Humanos, enviado a todos os usuários do e-mail do departamento de Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Recife, lê-se que “a revista enviara um questionário, cujo teor não deixava dúvidas de que estava mal-intencionada: as perguntas partiam sempre de premissas falsas e se referiam a episódios que nunca existiram”.

Homer Simpson.

Tartufo, aquela definitiva personagem de Molière, não faria melhor na sua infinita hipocrisia. É invenção de CartaCapital que 70% das ambulâncias da Planam foram liberadas durante o governo FHC e que a Globo cuidou de não mencionar o fato? E é invenção nossa que até hoje o JN não destacou um repórter para investigar as relações de Barjas Negri com Abel Pereira? E é que pelo menos uma reportagem foi produzida sobre Abel Pereira, e editada, e até hoje não foi ao ar?

Por aí iam as perguntas de CartaCapital. Um dos princípios que norteiam o nosso trabalho é a fidelidade canina à verdade factual, a qual, dizia Hannah Arendt, quando omitida jamais será recuperada. Dizia também: “Não há esperança de sobrevivência humana sem homens dispostos a relatar o que acontece, e que acontece porque é”. CartaCapital não esmorece na determinação de relatar o que acontece.

O texto de Ali Kamel alega isenção e objetividade, mas só ilude os desavisados, os mesmos que o JN busca alcançar. Como se sabe, o apresentador do jornal, William Bonner, iguala o telespectador-padrão a Homer Simpson, o simpático simplório do desenho animado. Esse desprezo pela platéia não é incomum no jornalismo brasileiro, muito pelo contrário. E é a razão primeira da decadência da nossa mídia.

Que ela sempre e sempre tenha prestado serviço ao poder é fato, mesmo porque é um dos rostos do próprio. Só para citar eventos mais ou menos recentes, ou nem tão remotos, basta recordar o golpe de 1964, o golpe dentro do golpe de 1968, a campanha das Diretas Já, as eleições de 1989. Mas se a questão moral sempre foi secundária, bastante secundária, para os patrões, vale sublinhar que já houve mais qualidade profissional.

Nunca houve tamanho desrespeito pelos leitores, ouvintes, espectadores. Desmoralização abissal e aviltamento progressivo da língua portuguesa, bela, forte, dúctil. A comparação entre o nosso jornalismo e o de muitos outros países é insustentável.

Claro que não é lícito condenar a Globo, bem como outros órgãos, e empresas, da mídia, por suas simpatias políticas. Insuportável é a tentativa de esconder a parcialidade por trás de uma neutralidade que os comportamentos traem a cada passo.

Jornalismo é informação e opinião. CartaCapital não hesita em manifestar as suas opiniões, neste momento, na escolha nítida de uma candidatura em lugar de outra, porque respeita seus leitores, a nação e o País. Quanto a Ali Kamel, experimentamos a impressão de que não ouviu a gravação da conversa dos repórteres com o delegado Bruno. Ainda que, a esta altura, ela seja do conhecimento até do mundo mineral.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cadê a cpa da revista Veja anunciada com tanto alarde pelos partidários do Dotô Geraldo no orkut e na net e etc e tal? Falando em net, percebi que nestas eleições, pelo fato dos eleitores do Doutô tererm, em sua maioria computador em casa, ele são maioria na net. Por isso às vezes fazem mais barulho do que nós. Que Lula reconheça a net como o quinto poder. O jornalista Paulo Henrique Amorim já tocou neste assunto. Cá prá nós, como disse o escritor Miguel do Rosário em seu blog http://eleododiabo.blogspot.com os mestres da escrita estão saindo da toca com suas canetas para defenestrar esta cambada. Adorei a carta "Carta Aberta a Jabor", de Mauro Carrara. Seus textos também são de primeira. Mudando de pau prá cacete, dormindo sonhei com uma mão decepada. Acho que foi por causas destas notícias,, a jornalista tucana que devorou o dedo de uma militante petista. Já que estamos em clima de canibalismo eleitoral, estou prestando uma homenagem a Zé do Caixão no meu blog . Ah, não deixe de ouvir o áudio do formidável Zé do Caixão. Adorei o "Só os Ratos como Testemunhas."

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