quinta-feira, 9 de novembro de 2006

A história de uma tragédia anunciada

No balanço das eleições de 2006 paira uma pergunta até agora não respondida: por que o tracking cantado em versos e prosas por alguns blogueiros esperançosos e empolgados, não mostrou eficácia no segundo turno?


A resposta é tão importante para nós, quanto saber o sexo dos anjos. Vários blogueiros o divulgou à exaustão até como contraponto às pesquisas que sempre deram uma vitória ESMAGADORA DE LULA.

Vamos relembrar o perfil do Chuchu durante esses meses.


A postura de Geraldo Alckmin, durante toda a campanha:


“Era quinta-feira, véspera do debate da TV Globo, quando Geraldo Alckmin chega na hora do almoço, no estúdio, lá na Almofarrej. O Chuchu perguntou à um dos ILUMINADOS assistentes de confraria:
- “E aí, Infeliz, o que você me diz destes números das pesquisas?”


- Governador, já há alguns dias nosso tracking vem dando uma diferença favorável ao Lula entre sete a dez pontos e o senhor vai perder a eleição por uma diferença de uns sete milhões de votos, no mínimo.

Logo em seguida chegou o coordenador de marketing, Luiz Gonzáles, que não gostou muito da revelação sobre os dados, pois temia um impacto negativo no ânimo no candidato, que no outro dia tinha o debate da TV Globo”.


Na lata, emendaram outra pergunta: “Geraldo piscou? Abalou-se? "Não, de maneira alguma. Geraldo até emendou outra pergunta: a diferença é só essa?”

O tracking acertou na eleição de 2004 muito provavelmente porque, em São Paulo, o telefone está muito mais disseminado em todas as classes sociais do que no resto do país. Quando utilizado em escala nacional como instrumento de aferição ele ainda não seria confiável.


No tracking, 8% dos entrevistados diziam receber o “Bolsa-Família”. Na pesquisa de campo este índice é um pouco superior, 10%. O tracking pegava também as camadas mais baixas da população. Mas não se pode descartar furos no próprio cadastro do programa, pois não é crível que quem viva desse programa tenha um telefone, por menor que seja sua assinatura. Quanto mais pobre e quanto morador dos rincões, menor é a possibilidade de esse eleitor ser atingido pelo tracking telefônico.


O marketing dos tucanos. Eis o que disse O infeliz:

“Tínhamos três opções:

a) estabelecer um marketing na base do confronto PSDB versus PT,
b) governo FHC versus Governo Lula e
c) confronto de personalidades.


A primeira alternativa não existia, porque o PSDB não tinha programa estabelecido para bater contra o PT.


A alternativa "b" não contava com apoio da alta direção tucana. A última saída – a única restante - era opor personalidade contra personalidade.
Para o marqueteiro, o caminho escolhido foi abruptamente alterado no debate da TV Bandeirantes, no início do segundo turno: “acompanhamos o debate com a pesquisa qualitativa e ela se deu da seguinte maneira: estávamos conectados, via instrumental de aferição on-line do IBOPE, em várias cidades brasileiras, em cada um havia grupos de 50 a 70 pessoas, representativas de todos os cortes que interessavam na pesquisa.


Eles tinham um aparelho em suas mãos. Para cima, “bom”. Para baixo, “ruim”. À medida em que assistiam ao debate, marcavam “bom” ou “ruim” para o candidato, isto várias vezes por minuto. Havia um monitor para cada cidade pesquisada, informando o gráfico on-line.


Outro monitor fazia o resumo de todos os outros, mostrando as curvas na avaliação do debate. Não tinha interpretação nem teoria, mas só fatos. Ganhamos de lavada o primeiro bloco. A partir do segundo bloco, foi uma tragédia, pois o eleitorado estava rejeitando o tom agressivo de Geraldo Alckmin. Era como se ele já não fosse o mesmo, destruindo toda a imagem construída”.


Diz o INFELIZ que nos dias seguintes o tracking registrou a inversão da tendência de crescimento de Geraldo e passou a mostrar um quadro de crescimento de Lula. Fizemos esta pergunta: “O comportamento de Geraldo na TV Bandeirantes foi uma decisão isolada e emocional dele?”


Eis a resposta: “Não, de maneira nenhuma. Tivemos uma reunião preparatória onde Gonzáles defendeu uma linha de se partir para o ataque a Lula. No começo, defendi uma linha de meio-termo, mas findei por dar razão a Gonzáles, pois, se era para ir partir para o ataque, tinha que se ir com tudo. E isto era uma opinião quase unânime. No dia anterior houve o enterro de Fernando Gasparian e lá Fernando Henrique nos dizia:


“É pra falar e contar todas as mentiras de Lula!”. Ou seja, havia uma pressão de todo mundo e só foram dar conta da tragédia depois do acontecido”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Uai, chama a saúde pública gente!
Porque então o Alkmim morreu foi de raiva!!!

Anônimo disse...

Torço para que a Revista do Brasil caminhE para uma conexão entre mídias, ou seja, que um dia a Revista do Brasil esteja na internet, na TV Digital e também caminhe para ter um jornal diário. Todos os jornais diários são de direita. Nenhuma democracia. Daí o esforço que deve ser empreendido para que tenhamos acesso que não seja dirigido para bater em Lula o tempo todo como se o nosso presidente fosse o pior dos piores de todos os tempos. Isto não é verdade, conforme o recado de 58 milhões de brasileiros gritando através da urnas: FICA LULA!

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