O macartismo mainardiano em ação Por Alberto Dines em 5/12/2005
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Estão abertas as inscrições para a crítica da imprensa. O número de vagas é ilimitado. Não se exige diploma nem treinamento especial. Como ferramenta, basta um tacape; como atributos, ressentimento e vontade de aparecer. Todos os candidatos são automaticamente aceitos. Mais complicada é a função do observador da imprensa. A observação de um fenômeno é uma forma de intervenção a distância. Exige, antes de tudo, conhecimento da matéria. Sem credibilidade, o observador torna-se uma nulidade. Sem disposição para a difícil busca do equilíbrio, emaranha-se nos preconceitos. Sem vocação para a marginalidade, torna-se atração circense. Diogo Mainardi é, na feliz expressão de Luís Nassif, um parajornalista. Um dos muitos revelados nestes seis meses de crise. Ouviram falar em Carlos Lacerda e imaginaram que basta indignação e nenhum senso de responsabilidade para ganhar o respeito dos leitores. Seus colegas na direção de Veja ofereceram-lhe uma isca e ele, faminto de reconhecimento, a abocanhou com voracidade. Quanto mais se entrega ao delírio mais se enreda na armadilha. Há poucos meses puxava o cordão dos colunistas que mais mensagens recebia, agora nem aparece no esfarrapado Oscar semanal. O leitor de Veja (que já foi mais exigente) já não agüenta tanta fanfarronada. Para escapar deste célere ostracismo, na última edição do semanário (nº 1934, de 7/12/05, pág.181) Diogo Mainardi resolveu apresentar-se como um media-watcher (em inglês certamente se sentirá um Gore Vidal botocudo). Não conseguiu sequer alçar-se à condição de crítico. Ficou a anos-luz da observação da mídia. Um bravo Diogo Mainardi apenas assumiu-se como representante nativo do macartismo. A classificação é do próprio. Macartismo mainardiano não passa de uma combinação da ancestral caça às bruxas com um despudorado narcisismo. Estes tipos de "dedo-durismo" e delação não existem apenas em ditaduras e tiranias. Estão em toda parte, das gôndolas de Veneza aos bares da moda. Trata-se de um vírus mutante que pode manifestar-se ora como palhaçada, ora como megalomania ou, na sua versão mais recente, como furor inquisitorial. Se Diogo Mainardi pretende acabar com o lulismo das redações precisa antes acabar com o macartismo da linha Opus Dei que começa a ocupar espaços importantes nas páginas de opinião dos grandes jornais – e no comando das grandes empresas jornalísticas. O perigo está aí. Este perigo não sensibiliza os parajornalistas. Ao contrário, só os favorece. O perigo está nas máfias como aquela que durante mais de 20 anos tornou Veja um veículo a serviço do senador Antonio Carlos Magalhães e hoje dissemina-se no eixo Rio-São Paulo controlando quem pode aparecer e qual livro pode ser divulgado. Esta máfia continua vicejando no próprio semanário onde acaba de ser parido o macartismo mainardiano – já não mais pactuada com o desdentado político, agora apenas ocupada com a própria sobrevivência. A qualquer preço. Diogo Mainardi acaba de prestar um enorme serviço à observação da mídia. Mostrou como pode ser deformada e aviltada. |
domingo, 12 de novembro de 2006
UM OSCAR PARA VEJA
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4 comentários:
a mídia está insatisfeita e contestando o resultado das urnas. que se aprove então uma lei dando direito ao voto apenas aos (e)leitores da Veja, Folha, O Globo e o Estadão. as coisas não são por aí. o que ocorre é que enquanto a tal periferia votava no PFL tudo ocorria às mil maravilhas do ponto de vista da mídia. pude comprovar isso ontem à tarde. eu estava na casa de um irmão onde tinha ido encontrar-se com meus pais, agricultores do sul do maranhão. meu pai está na casa dos oitenta anos. anda e ouve com dificuldade mas às vezes ainda percebe as coisas. estávamos assistindo ao Globo News. O Alexandre Gracinha Garcia entrevistava o deputado Aleluia, do PFL. Até um tempo atrás o meu velho pai era eleitor de carteirinha do PFL. Quase chorei quando ele, apontando para a TV, me perguntou: esse aí é contra o Lula. Eu tive que lhe responder: é sim meu pai, ele é do PFL. Vi que ele baixou a cabeça e disse-me: mas eles não fizeram nada quando estavam no governo! sem comentários
A mensagem que se segue foi feito no blog do Josias/Folha Online em comentário ao poste "manchetes de domingo." Trouxe-a para cá porque achei muito atenção. O que ela diz em poucas palavras é exatamente o que a mídia quer e está tentando fazer com os 58 milhões de brasileiros que votaram em Lula, como que morto de arrependidos, acreditem. Leia com atenção as palavras da internauta. "[zilda] [es]
Com menos de 15 dias depois do 2o. turno, já deu para saber que perdeu nesta eleição: O POVO. 12/11/2006 17:53"
ATENÇÃO GALERA!! O MAIOR PUXA SACO DO TUCANATO ESTÁ SE BORRANDO DE MEDO!!! O NOBLAT!!!
POSTAGEM DELE HOJE!
ONI PUBLICA ESSA !!!! IMPERDIVEL!
___________________
Aviso à Policia Federal: se descobrir o número de um celular de Brasília que começa com 9983 na memória dos telefones que serviram aos aloprados do PT no período de compra do dossiê contra políticos tucanos, deve ser o meu. Confira antes de quebrar meu sigilo. Basta consultar a lista telefônica.
Qualquer dificuldade, ligue para minha casa. O telefone da casa também está na lista. Ou então passe-me um e-mail perguntando se o tal número confere. Meu e-mail está nesta página. Poupe-se, enfim, de futuros constrangimentos - como o que ocorreu com a quebra do sigilo de números de telefones da Folha de S. Paulo.
Ando preocupado desde que isso aconteceu - e desde que li ontem em O Globo que cinco dos sete aloprados do PT trocaram 148 telefonemas apenas nos dias 14 e 15 de setembro último. Foi no dia 15 que a Polícia Federal deteve dois deles em São Paulo com R$ 1,7 milhão destinado à compra do dossiê.
Se a polícia não se interessou apenas pelas ligações feitas entre os aloprados, já deve ter esbarrado na que fiz para um deles na noite do dia 14. E na ligação que esse aloprado fez para mim pouco tempo depois. O aloprado em questão é Expedito Veloso, na época diretor de Gestão e Risco do Banco do Brasil.
Juro por todos os santos que só fiquei sabendo que Expedito era um aloprado depois que Gedimar Passos, ex-agente federal a serviço da campanha de Lula, foi detido em São Paulo e citou o nome dele em depoimento. Mencionou "um tal de Expedito". Desconfiei que se tratava do "meu Expedito".
Foi assim que Expedito entrou na minha vida - ou melhor: no meu celular. Na quinta-feira 14 de setembro, eu estava no Rio à noite quando me ligou uma antiga fonte de informação do PT. Não adianta pedir o nome dela que jamais darei. A lei me assegura o direito de não revelar a identidade de fontes.
Quando uma delas me engana, elimino-a da minha agenda eletrônica (saudades das agendas de papel!), amargo o erro e apanho sozinho. Mas não entrego. Só apontei aqui Expedito como um aloprado do PT depois que o Jornal Nacional divulgou que "um tal de Expedito" surgira no depoimento de Gedimar.
Seria inevitável que mais dia, menos dia, se ligasse o nome à pessoa do diretor do Banco do Brasil licenciado do cargo para servir à campanha de Lula como analista de informações. Ele foi mais que isso. Envolveu-se na trama do dossiê. Estava em São Paulo quando nos falamos. Havia passado por Cuiabá.
Retomo, pois, a história da ligação do dia 14. A fonte me contou que a IstoÉ publicaria no dia seguinte uma longa reportagem com os chefes da Máfia dos Sanguessugas capaz de enterrar de uma vez por todas a candidatura de José Serra ao governo de São Paulo. Cobrei mais detalhes - mais, mais.
Então a fonte me deu um número de celular de Brasília e disse que o dono dele, de nome Expedito, estava por dentro de tudo. E de fato estava. Liguei, Expedito não atendeu e deixei recado. Dali a pouco ele me ligou. Contou-me tudo que publiquei no blog naquela mesma noite. Ele sabia com quem falava - eu não.
Ao se revelar que a facção aloprada do PT estava por trás da compra do dossiê, conclui que Expedito era ligado ao partido e me empenhei em identificá-lo. Foi duro. A fonte original da informação sumiu. E ninguém do PT quis admitir conhecer qualquer Expedito. De fato, ele era pouco conhecido.
Quem matou a charada foi Felipe Recondo, repórter do blog - mas não perguntem como. Não contarei. Essas coisas fazem parte do arsenal de truques de um bom repórter - no caso, do arsenal dele. Só espero que a Polícia Federal se dê por satisfeita com minha confissão espontânea e que me deixe em paz.
Na dúvida, adianto logo que trocarei em breve de celular. E que o novo celular não estará registrado em meu nome. Tenho mais dois de reserva em nome de terceiros. Saber com quem falo ao telefone - e o que digo ou ouço - dará algum trabalho aos bisbilhoteiros de conversas alheias.
Caramba,como o cara mudou...
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