Oni Presente

No dia 20 de abril, em discreta cerimônia na branca igrejinha reformada de Lauro de Freitas, ao lado do aeroporto de Salvador, casaram-se os jovens Rodolfo e Manuela. Mas a festa não foi nada discreta, ali perto, no condomínio Encontro das Águas, na suntuosa mansão de 15 mil m2 do pai de Rodolfo, o poderoso empreiteiro baiano, nascido na Paraíba, Zuleido Soares Veras.

Zuleido entrou na festa ladeado por uma inesperada aliança política. À direita, o deputado Jutahy Junior, presidente do PSDB da Bahia e líder da oposição no Estado. E dezenas de outros. O governador Jaques Wagner, do PT, esperado, não compareceu.

Navalha

Há 20 anos, desde que era diretor da empreiteira OAS e sobretudo depois que fundou, em 95, sua empresa Gautama, Zuleido era arroz de festa de rodas políticas, negócios públicos e financiamento de candidatos, em Brasília e na maioria dos estados, sobretudo no Norte e Nordeste.

Zuleido, com mais 44, está preso na Polícia Federal, em Brasília, flagrado nos escândalos da Operação Navalha. Agora, ninguém o conhece ("Nunca vi, não soube"). Virou um lambe-sola da República.

Sarney

E Sarney, coitado? Quanto mais reza, mais assombrações lhe aparecem. Seu PMDB estadual acionou o Ministério Público contra o ex-governador José Reinaldo. Começaram a puxar o fio da meada e deram exatamente em Sarney:

"Em suas traficâncias por Brasília, o empreiteiro Zuleido Veras conseguiu uma penca de amizades influentes e aproximou-se da família Sarney, que lhe abriu as portas dos governos do Maranhão, Piauí, Sergipe e Distrito Federal - pois no Distrito Federal até Roberto Figueiredo Guimarães, presidente do BRB, o banco estatal, acabou preso" (por estripulias no Maranhão e não em Brasília). "Zuleido e Sarney tambem são amigos" ("Veja"). E o único ministro navalhado é o Silas Rondeau, exatamente de Sarney.

Sebastião Nery