Veja só mais esta!
O conforto luxuoso e bem-estofado da grande mídia é um travesseiro de espinhos.
Chico Guil
A reação da Veja a um dos meus artigos publicados em Carta Maior (leia aqui) comprova o argumento daquele texto. Eu dizia que, para a revista ameritucana, qualquer cidadão capaz de ver algo além do universo mercadológico é um idiota irrevogável.
Na ocasião, eu apontava a mania da revista em utilizar sua vasta gama de adjetivos ofensivos para qualificar autores como o romancista Saramago e o cientista político Noam Chomsky, indivíduos notavelmente simpáticos às causas populares. A reação da fotonovela tucana ficou dentro do esperado: “Até um rapinante confesso chamado Chico Guil verte seu vanguardismo revolucionário por lá”, disse um esperto do site de Veja. O inteligente também explica que os textos publicados em Carta Maior são mera “verborragia panfletária” redigida por “primatas inferiores” como Emir Sader e Leonardo Boff, que têm “cérebro de minhoca”.
Não consegui ler muito mais, pois o site da Veja só é acessível a uma seleta classe que se dispõe a pagar pelo ouro que verte diretamente dos tubos do Rio Tietê para a redação da editora Abril (a qualidade da editora fica ainda mais evidente quando utiliza publicações de cunho “científico”, como a Superinteressante, para justificar o massacre americano no Oriente Médio).
Os repórteres de Veja realmente acreditam que estão numa posição superior, olhando e analisando o mundo com seus faróis de deuses, narrando-o com penas nobres. Não se percebem como escravos dos miliardários que os sustentam. Estão amparados por um bem-estofado colchão de dólares, continuamente abastecido pelos anunciantes do Primeiro Mundo, e confortados pela sofisticada massa não pensante que os brinda todos os dias nas festinhas da elite paulistana: “Ele escreve na Veja!”. Oh, a glória! E o pacóvio — só para lembrar como também possuo meu estoque de insultos — enfim, o lorpa acredita que é realmente um grande articulista. Mas deve ser melancólico o momento de olhar no espelho e lembrar que no dia seguinte terá de continuar dizendo amém! aos seus insolentes patrões. Eles não lhe dão nenhuma liberdade para fazer uma poesia, ou uma oração, nas páginas amarelas.
É verdade que alguns milionários adoram insultar e ver outros insultando. Têm orgasmos duplos quando os articulistas de Veja espezinham as classes oprimidas com suas históricas injúrias. Mas os editores da revista esquecem que entre os leitores da Classe A e B, seu nicho transcendente, existem também pessoas sensíveis e generosas, que já estão por aqui com tanta arrogância.
Alguns jornalistas que se soltam destas amarras, e não só da Veja, mas de outras Grandes Mídias, saem atirando farpas para todos os lados. Sinal de que o conforto luxuoso e bem-estofado era um travesseiro de espinhos.
O conforto luxuoso e bem-estofado da grande mídia é um travesseiro de espinhos.
Chico Guil
A reação da Veja a um dos meus artigos publicados em Carta Maior (leia aqui) comprova o argumento daquele texto. Eu dizia que, para a revista ameritucana, qualquer cidadão capaz de ver algo além do universo mercadológico é um idiota irrevogável.
Na ocasião, eu apontava a mania da revista em utilizar sua vasta gama de adjetivos ofensivos para qualificar autores como o romancista Saramago e o cientista político Noam Chomsky, indivíduos notavelmente simpáticos às causas populares. A reação da fotonovela tucana ficou dentro do esperado: “Até um rapinante confesso chamado Chico Guil verte seu vanguardismo revolucionário por lá”, disse um esperto do site de Veja. O inteligente também explica que os textos publicados em Carta Maior são mera “verborragia panfletária” redigida por “primatas inferiores” como Emir Sader e Leonardo Boff, que têm “cérebro de minhoca”.
Não consegui ler muito mais, pois o site da Veja só é acessível a uma seleta classe que se dispõe a pagar pelo ouro que verte diretamente dos tubos do Rio Tietê para a redação da editora Abril (a qualidade da editora fica ainda mais evidente quando utiliza publicações de cunho “científico”, como a Superinteressante, para justificar o massacre americano no Oriente Médio).
Os repórteres de Veja realmente acreditam que estão numa posição superior, olhando e analisando o mundo com seus faróis de deuses, narrando-o com penas nobres. Não se percebem como escravos dos miliardários que os sustentam. Estão amparados por um bem-estofado colchão de dólares, continuamente abastecido pelos anunciantes do Primeiro Mundo, e confortados pela sofisticada massa não pensante que os brinda todos os dias nas festinhas da elite paulistana: “Ele escreve na Veja!”. Oh, a glória! E o pacóvio — só para lembrar como também possuo meu estoque de insultos — enfim, o lorpa acredita que é realmente um grande articulista. Mas deve ser melancólico o momento de olhar no espelho e lembrar que no dia seguinte terá de continuar dizendo amém! aos seus insolentes patrões. Eles não lhe dão nenhuma liberdade para fazer uma poesia, ou uma oração, nas páginas amarelas.
É verdade que alguns milionários adoram insultar e ver outros insultando. Têm orgasmos duplos quando os articulistas de Veja espezinham as classes oprimidas com suas históricas injúrias. Mas os editores da revista esquecem que entre os leitores da Classe A e B, seu nicho transcendente, existem também pessoas sensíveis e generosas, que já estão por aqui com tanta arrogância.
Alguns jornalistas que se soltam destas amarras, e não só da Veja, mas de outras Grandes Mídias, saem atirando farpas para todos os lados. Sinal de que o conforto luxuoso e bem-estofado era um travesseiro de espinhos.
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