quarta-feira, 20 de junho de 2007

Não atingido pela Veja, Renan não consegue se defender do JORNAL NACIONAL

HELIO FERNANDES

Praticamente ninguém esperava uma gravidade tão grande no que se chama de questão Renan. Surgindo de acusações particulares, (já conhecidas, afinal Brasília é isso, mas que pela primeira vez era publicada) e se acobertando atrás de acusações públicas, a Veja provocava uma semana de tumulto e preocupação.

Só que verificando os fatos, o único que permanecia indestrutível, era este: Renan Calheiros realmente teve uma filha "externa", mas isso não o atingiria pessoalmente nem ameaçaria sua presidência. Outro personagem (que ocupou presidência muito mais alta e mais poderosa) sofrera a mesma acusação, e exercera 8 anos do Poder total. (FHC -GRIFO DO ONI PRESENTE)

E neste segundo caso, o presidente usara e abusara do Poder que ocupava, para se livrar da presença do filho e da mãe dele. Também jornalista, foi obrigada a ir trabalhar no exterior, o que fazer? Só a revista "Caros Amigos" e o jornalista Sebastião Nery, trataram do assunto.

A "denúncia" da Veja durou 4 dias. Na quinta-feira da mesma semana, surgia a denúncia (sem aspas) do Jornal Nacional, aí verdadeiramente demolidora. E de tal forma alarmante, que o Jornal Nacional acabou às 9 da noite dessa quinta-feira, e na sexta, quando Brasília está sempre mais vazia do que a acusação da Veja, houve uma reunião concorridíssima.

Ninguém saiu de Brasília, e a Comissão de Ética que se arrastava morna e monotonamente, ganhou uma vibração que ninguém esperava. Houve uma reviravolta inacreditável. E para confirmar e consagrar o surrealismo brasileiro, a Organização Globo no centro dos dois acontecimentos.

Defendendo, protegendo e facilitando para o presidente da República. E atacando, complicando e tumultuando para o presidente do Senado. Neste caso, jornalismo. No outro, proteção de relacionamento extraconjugal, longe do jornalismo.

No final da segunda-feira depois do longo depoimento ouvido pela Comissão de Ética, e na terça, ontem, quando não houve reunião, tudo se passava nos bastidores. O oficial: a reunião de hoje na Comissão de Ética. Mesmo essa, sujeita a chuvas e trovoadas. Por muitas coisas inconsistentes ou desagregadoras que estão acontecendo.

Ontem, tudo era oficioso e anti-Renan. Nunca sua posição foi tão vulnerável e perigosa. Até hoje pela manhã, nos bastidores. Muita coisa mostrando a mudança de posição dos mais diversos senadores. Alguns que antes nem admitiam a menor restrição a Renan.

Reconhecimento geral e só com duas exceções na Comissão de Ética: o problema de Renan, agora, nada a ver com as tolas, não comprovadas e levianas publicações da Sujíssima Veja.

Os obstáculos aparentemente intransponíveis para o presidente do Senado, estão localizados nas matérias do Jornal Nacional.

Primeiro, que no caso, o veículo televisão é mais demolidor do que o veículo revista. E segundo, tranqüilo com a Veja e sem saída com o Jornal Nacional, Renan cometeu erros e forneceu informações tão diversas, que agora, até ele se confunde.

A situação do presidente Renan se complicou de tal maneira, que já se fala em eleição para substituí-lo. Alguns mal informados, acreditam será que o vice. Bobagem. E para essa possível e até provável eleição, já existem três candidatos. Um, que já foi. Outro, que quis ser. O terceiro, que pensa que pode ser.

PS - Ontem, às 4 horas da tarde, no plenário, Pedro Simon abriu o jogo pela primeira vez. Textual: "Acho que o senador Renan deve renunciar". Como ficou dúvida, acrescentou: "Ao mandato de presidente". Repetiu 3 vezes, sempre corrigindo que era o de "presidente da casa".

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