terça-feira, 3 de julho de 2007

Laudos de mortes no Alemão podem indicar execução

Agência Estado

Três dos 19 mortos durante a maior operação policial no Complexo do Alemão receberam tiros na nuca. Outros cinco foram atingidos a curta distância. As informações são do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, Alessandro Molon (PT), que analisou os laudos do Instituto Médico Legal. "Os laudos podem indicar execução", afirmou Molon. Ele entrega hoje representação ao Ministério Público Estadual, pedindo acompanhamento desses casos. O deputado disse que fez um "exame cuidadoso" dos laudos.

"Segundo os peritos, em cinco mortes foram encontrados ferimentos `envolvidos por tatuagem de pólvora, o que caracteriza curta distância'. Eles não precisam essa distância, mas esses casos precisam ser acompanhados de perto. Os tiros na nuca são ainda mais suspeitos". Molon reuniu-se com o subprocurador de Direitos Humanos do MPE, Leonardo Chaves. "Mostrei os laudos, conversamos e ele pediu que eu protocolasse a representação oficialmente hoje", afirmou o deputado. A Secretaria de Segurança informou, por meio de sua Assessoria de Imprensa, que não se pronunciaria sobre o assunto. Nenhum dos assessores de Imprensa da Polícia Civil foi localizado.

O perito Mauro Ricart, que foi diretor de Polícia Técnica e do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, explicou que as "tatuagens de pólvora" que os legistas descrevem são os resíduos marcados na pele, que aparecem nos disparos dados a 30, 50 centímetros de distância. Os tiros com a arma encostada na vítima deixam feridas denominadas "boca de mina", porque são irregulares.

"É difícil falar se foi ou não execução sem ver o local. É uma execução um tiro a 50 centímetros, com a vítima deitada, sem chance de reação. Mas se a vítima estiver armada, em pé, não foi execução, mas uma reação do policial", afirmou. Já no caso dos tiros na nuca, Ricart disse que a situação "é mais complicada". "O tiro na nuca, a curta distância, é execução", afirmou. As três vítimas mortas com tiros na nuca não tinham "tatuagem de pólvora", informou a assessoria do deputado.

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