Os líderes do movimento "Cansei" tinham já definido uma pauta de protesto bem aberta para o ato na praça da Sé ("Cansei de...governo paralelo dos traficantes, do caos aéreo, crianças nas ruas, corrupção, bala perdida e empresários corruptores").
O assistente de administração Ricardo Fernando Silva ganhou folga para protestar na tarde de sexta-feira. Em uma cartolina comprada em papelaria nas proximidades, ele escreveu: "Lula não sabe nada, incompetente, enganador, mentiroso e falastrão."
Várias outras placas insultavam o presidente, e a platéia parecia um balcão de reclamações, tamanha a quantidade e os tipos de queixas.
O operador de telemarketing e dublê nas horas vagas Luis Alexandre da Silva, por exemplo mirou nos canais de televisão. Seu cartaz tinha a seguinte frase: "Cansei das novelas da Rede Globo e TV Record por incentivar a prostituição infantil. Destroem a familha (sic). Queremos uma impre[nsa] decente."
"A TV devia ter menos sexo e mais filmes de ação, assim eu teria mais emprego", reivindicou o dublê do filme "Abelhas Ataque Mortal", pedindo desculpa pelos erros de português na sua faixa: "Agora já foi, escrevi correndo."
Em outros cartazes se lia "chega de vício", "basta de pagar CPMF" e "cansei de pagar avião e o do presidente ser seguro e o meu não". Um dos mais curiosos era uma faixa contra "os publicitários charlatões" e "a invasão de privacidade".
Entre os mais pacíficos estava Amauri Guedes, aposentado da Varig. Vestido como anjo, com direito a asa de algodão, ele estava mais preocupado com sua pensão que está na Justiça. "Sou o anjo da guarda dos aposentados", se apresentava no meio de tanta gente vestida de grife na praça da Sé, tão pouco acostumada com bolsas Prada e óculos Chanel.
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