terça-feira, 28 de agosto de 2007

REVISTA VEJA: O QUE ESTÁ POR VIR!

Muita estabilidade emocional



Um representante da Abril disse que a empresa vai explicar todo o negócio com a Telefônica ''até o último centavo'' — mas na prática até agora não esclareceu nem o primeiro. Mesmo que não esclareça nada, o que importa é que na vida real a campanha de 2008 mostrará, daqui para a frente, até que ponto o eleitorado vai acreditar nas mentiras da “grande imprensa”. A questão central permanece aberta. A Abril, como se sabe, está coberta de razão quando deixa entendido que o campo governista quer derrotar as candidaturas conservadoras. A disputa será uma guerra — afinal, 2008 abrirá as portas para 2010, quando termina o mandato do presidente Luis Inácio Lula da Silva.



Será preciso muita estabilidade emocional para enfrentar o que vem por aí. Se neste primeiro dissabor uma das principais cidadelas da direita já deixou antever sua baixa tolerância às contrariedades, dá para imaginar como o campo conservador reagirá diante da realidade hostil ao seu projeto de governo daqui para frente. Vamos enfrentar um incêndio por dia. Eles ignorarão o povo, com o qual não consegue dialogar, e o próprio bom senso para impor o seu coquetel anti-Lula. A tática é deixar o eleitor sem entender patavina.



Protagonista não está no palco



O certo é que as cortinas começaram a descer. A peça — que pode também ser mais um espetáculo circense —, que toma conta do país, ainda não definiu o gênero teatral ao qual pertence. Pode ser uma comédia. Pode ser uma farsa. Pode ser também uma tragédia. Nas comédias, como se sabe, o protagonista atua como o néscio de quem todos riem. Nas farsas, o protagonista é enganado. E nas tragédias o protagonista caminha consciente e célere em direção à própria ruína.



Qualquer um dos gêneros, no palco, é belo. O detalhe inquietante é que no drama atual o protagonista não está no palco. Ele está na platéia — é o público eleitor. Em outras palavras, somos eu e você, amigo e amiga, que estaremos sob o holofote. Não dá um friozinho na barriga? Então, cabe agora, já, aos cidadãos honestos e conscientes deste país entrar em cena e começar por exigir que a Abril responda a cada uma das questões que seu encontro com a realidade começou a levantar. Para isso, a esquerda e o campo popular precisam fazer bem mais do que vêm fazendo.
Osvaldo Bertolino

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