quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Messias Pontes: Partido da mídia não abre mão da vingança

Derrotado, desmoralizado e humilhado fragorosamente em outubro do ano passado, o partido da mídia, o maior do Brasil, não se dá por vencido. Por isso, tão logo foi divulgado o resultado da retumbante vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reeleito com mais de 61% dos votos, a mídia conservadora, venal e golpista, tendo a Rede Globo e a revista Veja à frente, iniciou um processo de vingança tramando toda sorte de calúnias, injúrias e difamações contra o Presidente, o seu governo e seus aliados.

Para desespero dos seus dirigentes, quanto mais batia no presidente Lula, mais este crescia nas pesquisas, chegando a ser comparado a clara de ovo. Tentou atingir o Presidente caluniando o seu irmão Vavá, mas foi desmoralizado; usou e politizou a tragédia com o avião da TAM, responsabilizando Lula e seu governo pela morte de 199 pessoas, porém foi mais uma vez desmoralizado, enfim tentou de tudo para atingir o Governo, e sempre dava com os burros n'água.

Como percebeu que não adianta mais bater de frente, o partido da mídia resolveu atingir o presidente Lula através dos seus aliados. O alvo preferencial no momento, pela sua fragilidade, é o presidente do Senado, Renan Calheiros, importante aliado de Lula. No clássico estilo da velha UDN, com seu falso moralismo, explorou e continua explorando a infidelidade conjugal, trazendo à baila o caso que o senador teve com a jornalista Mônica Veloso, com quem teve uma filha, apresentando um lobista da empreiteira Mendes Júnior como responsável pelo pagamento das despesas da filha.

A hipocrisia desse partido não tem limites. Sempre soube que o Coisa Ruim também teve um filho fora do casamento com a jornalista Miriam Dutra, repórter da Globo, em Brasília, mas nunca trouxe isso a público. Sempre soube também que, apavorado com a possibilidade de um escândalo, o ex-sociólogo fez acordo com a direção da Globo para mandar a mãe do seu filho para a Espanha, recebendo seu salário mesmo sem fazer uma única reportagem, mantendo-se num silêncio sepulcral. O Coisa Ruim sequer assumiu o filho dando-lhe o sobrenome. O nome do filho dele com a jornalista é Tomás Dutra Schimidt. Bem que poderia ter o Cardoso como sobrenome. Mas isto não vem ao caso agora.

Não nutro por Renan Calheiros nenhuma simpatia, e jamais seria seu eleitor. Jamais colocarei minha mão no fogo por ele, pois pode virar churrasco, dado o seu passado político oportunista, tendo pertencido à tropa-de-choque de Collor de Mello, de quem foi ministro, servindo com o mesmo fervor ao Coisa Ruim, de quem também foi ministro. Renan é governo e não sabe mais viver fora dele, seja ele quem for. Se um dia, para infelicidade da Nação, os neoliberais tucanos retornarem ao governo, não tenho dúvida que Renan se alojaria de corpo e alma no ninho, e seria bem recebido.

Durante todo o desgoverno tucano-pefelista, o partido da mídia condenava toda tentativa da oposição de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as denúncias de corrupção que grassou solta. Agora, qualquer coisa é motivo para esse mesmo partido exigir a instalação de CPI. Contudo, contraditoriamente, a Veja tenta desesperadamente abortar a CPI da Abril-Telefônica, proposta pelo deputado Wladimir Costa (PMDB-PA), para apurar a imoral e ilegal venda da TVA para a espanhola Telefônica por R$ 922 milhões, violando a legislação que impede a venda de TV a Cabo a empresa estrangeira e desrespeitando os princípios da defesa da livre concorrência, dos direitos do consumidor e da soberania nacional.

O deputado peemedebista conseguiu 182 assinaturas, 11 a mais que o mínimo exigido. Para que a CPI seja abortada, é necessário um requerimento com 92 assinaturas - metade mais um dos parlamentares que assinaram o pedido de CPI. Até ontem a tropa-de-choque do Grupo Abril, tendo no comando o jornalista Gustavo José Batista do Amaral, não havia conseguido. Da bancada cearenses, metade dos 22 assinou, e somente o petebista Arnon Bezerra cedeu às pressões e chantagens da Veja. O petista mineiro Gilmar Machado também capitulou. Da bancada cearense, mantiveram a assinatura os deputados Aníbal Gomes e Paulo Lustosa da Costa, do PMDB; Chico Lopes, do PCdoB; Eudes Xavier, José Airton Cirilo e José Nobre Guimarães, do PT; Eugênio Rabelo, do PP; Gorete Pereira, do PR e Raimundo Gomes de Matos, do PSDB.

No editorial do seu último número, a panfletária Veja diz esperar que hoje a maioria dos senadores vote pela cassação de Renan Calheiros, dando "alento aos cidadãos cansados de tanta impunidade".Quanta hipocrisia!
Messias Pontes é jornalista

Nenhum comentário:

Marcadores