CARLA MARQUES
Há poucos dias, o apresentador de TV Luciano Huck usou o espaço dos jornais para relatar a experiência de ter sido roubado em um sinal de trânsito, em São Paulo. Dois motoqueiros, portando revólver 38, levaram seu relógio Rolex, avaliado em cerca de R$ 50 mil.
“Tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado (...). Onde está a polícia? Onde está a ‘Elite da tropa’? Quem sabe até a ‘Tropa de Elite’? Chamem o comandante Nascimento (personagem de Wagner Moura, à frente do Bope, em ‘Tropa de Elite’)!”,
esperneou o apresentador em entrevista à Folha de S. Paulo.
Uma vez que a polícia havia sido “chamada” por ele, o ex-comandante do Bope Rodrigo Pimentel - que participou de “Notícias de uma guerra particular”, de João Moreira Salles, e é roteirista de “Tropa de Elite” - respondeu certeiro: “Todos nós sabemos que não há contrato social no Brasil hoje que possibilite a alguém andar com tranqüilidade com um Rolex”. “Agora, sei que você não defende a polícia do capitão Nascimento, porque essa é a polícia da tortura, do saco plástico, da execução extrajudicial”, ironizou Pimentel. É preciso entender a polícia como um poder repressivo do Estado, que – ao cumprir sua função - mutila também seu próprio corpo.
Não se pode convencer um PM mal pago em arriscar a vida para garantir o direito da circulação de carros importados e jóias por cidades partidas pela desigualdade. A tropa é de elite apenas no nome. Não se pode pedir que policiais trabalhem à serviço da riqueza de poucos sem esperar que procurem uma maneira de ganhar por fora. São vidas que se perdem em cada operação em favela, em cada fim de semana de folga quando sofrem atentados no bairro onde moram. Não se pode pedir que a polícia sirva para proteger ricos dos pobres. O apresentador errou feio.
Uma vez que a polícia havia sido “chamada” por ele, o ex-comandante do Bope Rodrigo Pimentel - que participou de “Notícias de uma guerra particular”, de João Moreira Salles, e é roteirista de “Tropa de Elite” - respondeu certeiro: “Todos nós sabemos que não há contrato social no Brasil hoje que possibilite a alguém andar com tranqüilidade com um Rolex”. “Agora, sei que você não defende a polícia do capitão Nascimento, porque essa é a polícia da tortura, do saco plástico, da execução extrajudicial”, ironizou Pimentel. É preciso entender a polícia como um poder repressivo do Estado, que – ao cumprir sua função - mutila também seu próprio corpo.
Não se pode convencer um PM mal pago em arriscar a vida para garantir o direito da circulação de carros importados e jóias por cidades partidas pela desigualdade. A tropa é de elite apenas no nome. Não se pode pedir que policiais trabalhem à serviço da riqueza de poucos sem esperar que procurem uma maneira de ganhar por fora. São vidas que se perdem em cada operação em favela, em cada fim de semana de folga quando sofrem atentados no bairro onde moram. Não se pode pedir que a polícia sirva para proteger ricos dos pobres. O apresentador errou feio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário