Não é apenas para combater o tráfico que o governo do PSDB de Alagoas se utiliza dos serviços do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar. Nesta quarta (17), soldados do Bope invadiram a Secretaria do Estado da Fazenda de Alagoas (Sefaz) para expulsar manifestantes que passaram a noite em vigília no prédio. Os servidores ocupavam o Sefaz desde a manhã de terça-feira (16), após uma passeata que reuniu mais de 5 mil pessoas em protesto contra o descaso do governo ao funcionalismo estadual.
Passeata levou 5 mil professores às ruas
Os servidores públicos do Estado, em greve, acusam o governador Teotônio Vilela (PSDB) de quebrar o acordo firmado entre os servidores e um grupo de deputados, que previa o esvaziamento do prédio após realização de uma assembléia de trabalhadores na manhã desta quarta.
Segundo Girlene Lazáro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação em Alagoas (Sinteal), o comando de greve ficou reunido com os deputados até a madrugada desta quarta. "Na reunião ficou acordado que faríamos uma assembléia nesta manhã e depois nos reuniríamos com a equipe de negociação. Nada disso foi respeitado", conta Lazáro. "Ficamos aqui certos do acordo feito na reunião que acabou por volta de 1h da madrugada, mas às 6h da manhã estávamos sendo expulsos pelos soldados em uma ação truculenta em que até bala de borracha levamos", relata.
Violência do Bope
Os manifestantes, servidores públicos da Saúde, Educação, Polícia Civil afirmam que o Bope agiu com truculência, utilizando-se de força desnecessária, uma vez que no momento em que a tropa chegou pouco mais de 50 pessoas estavam no local. Os servidores denunciam que os militares quebraram cadeiras e lançaram bombas de efeito moral.
"Nós queremos os nossos militares combatendo o crime e não ameaçando os trabalhadores que estão em busca dos seus direitos", disse Lenilda Lima, vice-presidente da CUT em Alagoas.
"Isso é a prova de que este homem (Teotônio Vilela) só fica assistindo o que acontece. O governo está sem comando, ou melhor, com várias pessoas mandando. O resultado é isso. Não creditamos mais nele ou em qualquer representante desse governo. Eles prometem, acordam uma coisa e fazem outra", diz José Carlos, diretor do Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol).
Evitar a desordem
O secretário de Gestão Pública, Adriano Soares, afirmou que o governador Vilela não determinou a retirada dos servidores, mas ordenou que fosse evitado qualquer tipo de "desordem" e obstruções de vias.
Os servidores desocuparam o prédio, porém, estarão aguardando ainda para esta quarta-feira o resultado da proposta que será apresentada pelo governo do Estado.
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