quinta-feira, 6 de dezembro de 2007




ANÁLISE DA NOTÍCIA




Um assassinato que não é notícia



Geraldo de Souza Dias, ex-prefeito petista de São Bento do Sapucaí (SP) candidato no que vem, foi violentamente assassinado por quatro homens encapuzados na sexta-feira (30). Até hoje, os jornalões não comentaram o fato.







SÃO PAULO - Saiu no portal Terra, por iniciativa de um internauta. Mesmo assim, passados quatro dias, nenhum dos jornalões noticiou até hoje o assassinato de Geraldo de Souza Dias, ex-prefeito petista de São Bento do Sapucaí e candidato forte na campanha do ano que vem. O crime aconteceu na sexta-feira (30). Nem mesmo a forma escabrosa do assassinato fez do fato uma notícia nos jornalões: de noite, ao chegar ao seu depósito de materiais de construção, foi pego por quatro encapuzados e enforcado com fios. “Uma morte horrorosa. O corpo ficou exposto do lado de fora da loja, de modo que quem passava na estrada podia ver”, relata um dos seus amigos.

Geraldo foi prefeito de São Bento do Sapucaí de 2000 a 2004 e havia anunciado sua candidatura para a campanha do ano que vem, com boa chance de ganhar, segundo seus amigos. Era do PT ligado á Igreja Católica. Era casado, pai de quatro filhos. Ia à missa todos os domingos, católico praticante. Vinha de família radicada há muitos anos em São Bento do Sapucaí.

Geraldo de Souza Dias foi eleito em coligação com o PSDB, que tinha o vice na chapa. Presumia-se que na campanha seguinte, de 2004, a dobradinha seria invertida: o PSDB lançaria o candidato a prefeito com o apoio do PT, que então ficaria com o vice. Mas isso não aconteceu. O PT lançou candidato próprio e perdeu eleição. O PSDB perdeu também, sendo eleito o candidato do PMDB, atual prefeito.

São Bento fica encravada na Serra da Mantiqueira. Tem recebido muitos turistas. Alguns artistas e intelectuais montaram casas de campo. A gestão do Geraldo, segundo essas pessoas, foi correta e não houve corrupção. Arrecadou muito impostos, como o IPTU, o que gerou alguma insatisfação política. Incentivou a educação e a cultura. Não fez grandes obras na cidade.

Geraldo sofreu ameaças anteriormente. Quando Celso Daniel foi assassinado, ele recebeu ameaças e reforçou sua segurança. Seus amigos divulgaram segunda-feira (3) um manifesto exigindo imediata e rigorosa apuração do crime: “(...) esperamos que haja rigor da perícia policial para o desvendamento desse crime hediondo, confiantes nas autoridades competentes, para que não haja omissão nem postergação da apuração dos fatos, nem parcialidade e nem impunidade, pois assim se faz necessário para que a sociedade encontre na lei a ordem e a paz desejadas...”


* Colaborou Ademir Buitoni






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