BRASÍLIA - Líderes governistas no Senado suspeitam de que a decisão de César Borges (PR-BA) e Romeu Tuma (PTB-SP) de votar contra a emenda que prorroga CPMF faz parte de um acordo fechado com o DEM, antigo partido de ambos. Na avaliação dos governistas, o DEM teria se comprometido a não entrar na Justiça Eleitoral para tentar reaver o mandato dos dois senadores com a condição de que votassem contra o imposto do cheque.
"Isso ficaria muito feio para o PFL. Seria chantagem. Poderíamos até acionar o Conselho de Ética para investigar isso", ameaçou ontem o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), se referindo ao DEM pela antiga denominação.
"O fato é que eles (Borges e Tuma) ficam com essa faca no pescoço. Por que só abriram processo contra o senador Edison Lobão (PMDB-MA)? Parece chantagem explícita do PFL contra o César Borges e o Romeu Tuma", afirmou a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), também se referindo ao partido pelo antigo nome.
Tanto Tuma quanto Borges negam acordo com o DEM para salvar seus mandatos. "Só voto a favor da CPMF desde que todo o dinheiro da arrecadação do imposto seja destinado para a saúde e a educação", argumentou ontem Tuma. Ele negou ainda que tenha reivindicado cargo na diretoria da Caixa Econômica Federal para acomodar seu filho Robson Tuma.
"Se o governo tivesse de dar alguma coisa para meu filho, teria dado há um ano. O Robson vai ser candidato a vereador no ano que vem", afirmou o senador. Além dos votos de Tuma e Borges, os líderes da base aliada trabalham também para conquistar o de Expedito Júnior (PTB-RO), outro que ameaça votar contra a CPMF.
Para aprovar a emenda que prorroga a contribuição, o governo precisa de no mínimo 49 do total de 81 votos dos senadores. Relator da emenda constitucional, Jucá pretende votar a proposta amanhã na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O primeiro turno de votação da emenda poderá ocorrer na quinta-feira, caso o Palácio do Planalto consiga até lá mudar o voto de senadores que resistem a aprovar o imposto do cheque.
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