A estrela da teledramaturgia da Record chama-se Tiago Santiago. Formado dentro da Globo, onde atuou como ator, roteirista e colaborador de vários autores, Tiago trocou de emissora para escrever sua própria novela (Escrava Isaura foi a primeira). Hoje, além de assinar Caminhos do Coração, ele trabalha como consultor de dramaturgia da emissora.
"Ganho mais do que qualquer autor na Globo", diz ele em entrevista exclusiva a Leila Reis, de O Estado de S. Paulo. Tiago também avisa que não sofreu repreensão por parte da direção da emissora por pôr a discussão sobre descriminalização das drogas na novela: "Só recebi um pedido para não insistir no assunto porque já havia sido abordado na novela anterior."
Você levou um puxão de orelha por defender a descriminalização das drogas na novela?
Ao contrário do que saiu na imprensa, não fui repreendido por ninguém. O que houve foi um pedido para não insistir nessa discussão porque ela já havia sido feita em Vidas Opostas. Achei que fazia sentido.
A audiência de Caminhos do Coração está dentro do que você prometeu à emissora?
Temos dado 18 pontos de média no Ibope (Grande São Paulo) o que é muito bom porque qualquer coisa acima de 10 já é suficiente para sustentar o investimento. Minha meta é bater a média geral de Prova de Amor, a maior da emissora, que foi de 17 pontos.
A pressão por audiência é grande?
Não, mesmo porque a audiência dos três primeiros meses de Caminhos do Coração foi a melhor de todas as novelas da Record no período e isso, por si só já criou a sensação dentro da emissora que seria sucesso.
Por que os seres mutantes estão se proliferando como Gremlins na sua novela?
Porque é muito divertido. A possibilidade de tirar do baú figuras mitológicas, arquetípicas, multiplica as possibilidades de ações na novela. As pessoas estão gostando muito dos efeitos visuais e do humor. Vão surgir ainda mais lobisomens, vampiros e mutantes de todos os tipos. Gosto do gênero terrir, que exercitei quando escrevi Vamp, na Globo.
Qual é a principal diferença entre a Globo e a Record?
Na Globo, fui colaborador durante 14 anos sem conseguir fazer minha própria novela. Aqui, sou o titular. Lá eu era prata, na Record eu sou ouro, quase diamante. A grande diferença é estar em uma rede em ascensão e não em decadência.
Você é o Gilberto Braga da Record?
É diferente. Sou consultor de dramaturgia na Record, coisa que Gilberto nunca foi na Globo. A novela Amor e Intrigas foi resultado de um concurso de autores e roteiristas que eu criei, além disso ajudo a garimpar no mercado os melhores talentos.
E verdade que seu salário saltou de 25 para 175 mil quando mudou da Globo para a Record?
Não vou dar números, mas posso dizer que ganho de acordo com o desempenho na audiência. Isso quer dizer que, se minha novela for sucesso, ganho mais do que qualquer autor na Globo.
Qual é a grande mudança na sua vida?
A maior é que vou ser pai de um menino em dezembro. E hoje sofro um assédio maior por parte de pessoas que querem mostrar seu trabalho.
Como ex-ator, você não sente falta do holofote?
Não, porque de alguma forma o holofote está meio apontado para mim. Sinto saudade de fazer teatro, interpretar, mas faço isso diante do computador quando componho os personagens. Além disso, já atuei muito. Tenho 44 anos de idade e 30 de profissão, comecei no teatro com Dina Sfat e Paulo José, em Cinco Personagens à Procura de Um Ator, do Pirandello.
Qual é o seu grande projeto?
Meu objetivo é fazer novelas e bem. Meu contrato com a Record vai até 2011 e, no que depender de mim, a Globo vai penar bastante. E em algum momento eu vou começar a fazer meus filmes como roteirista e diretor.
O Estado de S. Paulo
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