Interrogado durante duas horas e dez minutos ontem à tarde em São Paulo, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares afirmou que o partido contraiu um empréstimo com o banco BMG no valor de R$ 2,4 milhões, em 2003, para cobrir um déficit. O PT tinha que quitar dívidas relativas a despesas de seus integrantes na época da transição, com a festa popular da posse do Lula.
A festa a que Delúbio se referiu foi no início de 2003, quando Lula assumiu o governo pela primeira vez. Essa foi a finalidade do empréstimo, afirmou.
Delúbio foi interrogado ontem pelo juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal, que cumpriu carta de ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), onde corre ação penal contra o ex-tesoureiro por gestão fraudulenta de instituição financeira. Ele respondeu a todas as perguntas feitas pelo juiz.
Segundo a denúncia, não foram observadas, nos contratos de financiamento, normas do Banco Central "ou as próprias normas internas do banco". A procuradoria ressalta que o BMG anistiou "altos montantes quando da rolagem das dívidas e não registrou os empréstimos na sua contabilidade".
A investigação federal mostra que o PT e Valério tomaram empréstimos supostamente irregulares também no Banco Rural. O montante global de empréstimos atingiu R$ 55 milhões, entre fevereiro de 2003 e abril de 2004. O BMG afirma que tudo foi feito dentro da lei.
"Não posso ter gerido fraudulentamente instituição financeira porque eu não era gestor do BMG", defendeu-se Delúbio. "É evidente que não tenho nenhuma responsabilidade pelos atos internos do BMG. O empréstimo existiu, foi renovado, o PT pagou juros", insistiu.
O ex-tesoureiro rebateu ainda a acusação de que o partido não tinha garantias para viabilizar a operação. "O PT possuía liquidez em função da arrecadação que fazia." O juiz perguntou como ele conheceu Valério. "Fui apresentado por uma pessoa do PT e nos aproximamos quando ele participou da campanha do João Paulo Cunha à presidência da Câmara."
Fausto Macedo
Fonte: O Estado de S. Paulo
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