Por Luciano Martins Costa, para o Observatório da Imprensa
Todos os jornais destacam que o presidente Lula havia negado qualquer intenção de aumentar impostos para cobrir a perda de arrecadação com a extinção da CPMF.
Apesar do clima de surpresa presente em todo o noticiário, alguns colunistas afirmam que um conjunto de medidas como as que foram baixadas na quarta-feira (2/1) era inevitável com a extinção da CPMF.
No entanto, os jornais não parecem ter se preparado para a novidade neste começo de ano. Ou os colunistas esqueceram de avisar os editores, ou estão se fazendo de espertos.
Sem repasse
Com exceção do Globo, que destacou na manchete a combinação de aumento de impostos com o corte de gastos públicos, os demais jornais centram o noticiário apenas nos impostos.
Alguns detalhes das medidas tributárias, como o efeito esperado do aumento da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, ficaram pouco esclarecidos.
Escondido no meio dos textos, o ministro Guido Mantega afirma que o aumento do tributo não vai necessariamente ser repassado aos clientes dos bancos, uma vez que incide sobre os lucros, e não sobre as operações bancárias. Mas todos os jornais, unanimemente, destacam que a conta, como sempre, vai para o cidadão comum.
Ao gerente
Mesmo que o aumento da CSLL venha a ser repassado aos clientes, aumentando o custo do crédito, alguns especialistas ouvidos pelos jornalistas dizem que essa medida poderá ter um efeito saudável na contenção do consumo, que está estimulado além da conta e provoca o risco de aumento da inflação.
Mas esse detalhe também está escondido nas edições de quinta-feira (3/1).
O governo afirma que não se trata de um "pacote", expressão de caráter negativo que a imprensa criou para os conjuntos de medidas econômicas de impacto. Mas todos os jornais anunciam que o governo acaba de lançar um novo "pacote".
Um balanço da leitura dos grandes jornais de quinta-feira deixa no observador a impressão de que a imprensa embarcou na politização do tema. E descuidou da tarefa de esclarecer o leitor.
Para entender o que muda nas suas contas, o cidadão comum vai ter que consultar o gerente do banco.
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