sábado, 5 de abril de 2008

Ex-ministro de FHC usou verba pública para pagar massagem


Raul Jungmann fez uma despesa de R$ 60, em dezembro de 2001, com uma massagem no hotel Rio Othon Palace, com cartão corporativo. Maior que uma TAPIOCA.

Os dados e a justificativa para a massagem feita por Jungmann estão na papelada com os seus gastos à frente da Reforma Agrária, entre janeiro de 1998 e abril de 2002. Em quase cinco anos, no período de janeiro de 1998 e 2 abril de 2002, o ex-ministro usou quase R$ 80 mil através de contas tipo B.

Além de gastos com restaurantes, o ex-ministro também usou as verbas para compra de frutas, refrigerantes, tortas, queijos e até seis sacos de pipoca de microondas para seu gabinete - cada saco custou R$ 0,81. No mercado La Palma, mercearia considerada sofisticada em Brasília, apenas um gasto: R$ 2,92 com a compra de uma coalhada natural, no dia 13 de março de 2002.

Há despesa de R$ 118,00 com a compra de "20 ofertas" na lanchonete MC Donald's, no dia 8 de novembro de 2001. "Eu não me lembrava dessa massagem. Como alguém sabia disso? Alguém viu isso e passou adiante. Se isso não é dossiê, é o quê? Quem está bisbilhotando essas contas? Se não tem dossiê, como se faz essa relação?", indagou ontem Jungmann, ao divulgar os documentos que recebeu do Ministério do Planejamento com seus gastos através de contas tipo B (a despesa é justificada por nota fiscal depois de o servidor receber uma verba). Informações sobre a despesa de Jungmann com massagem começaram a circular entre integrantes da base aliada em meados de fevereiro.

Logo depois da nota fiscal, em que aparece a despesa de R$ 60 com sauna/ginástica, há um ofício assinado pelo ecônomo do ministério Ricardo da Cunha Rego explicando que "devido a mal-estar acometido em sua coluna, o senhor ministro solicitou os serviços de massagem no salão de ginástica do referido hotel".

Em 51 meses, no período de janeiro de 1998 e 2 abril de 2002, o ex-ministro usou quase R$ 80 mil através de contas tipo B. Cerca de 20% desses recursos - R$ 15.691,61 - foram com despesas de alimentação, em sua maioria em restaurantes e supermercados de Brasília.

Um dos restaurantes mais freqüentados pelo ex-ministro era o Francisco, local onde o ministro gastou R$ 6.593,30, principalmente no final de 2000 e durante 2001 e início de 2002. Segundo a Controladoria Geral da União (CGU), recursos de suprimento de fundos não podem ser gastos com o pagamento de restaurantes em Brasília.

A proibição estaria no decreto 93.872/86, que permite o uso desses recursos apenas em gastos sigilosos, despesas especiais em viagem e despesas de pequeno vulto. Nas viagens aos estados, o ex-ministro geralmente só se hospedava em hotéis de luxo, como Maksoud Plaza e L'Hotel, em São Paulo.

Nas notas apresentadas, pelo menos em quatro ocasiões Jungmann tomou vinho, gastando R$ 195,00 - três vezes no Rio de Janeiro, quando estava no hotel Glória, e uma em Manaus, no hotel Tropical. Pela documentação, Jungmann gastou R$ 2.584,04 com aluguel de carros.

Há ainda nota, sem especificar qual comida e qual a bebida, de R$ 400 no sofisticado restaurante Massimo, em São Paulo, no dia 30 de outubro de 2001. Jungmann disse que gastou diárias em hotel no Recife, onde mora, porque na época, em 1998/1999, não tinha casa na cidade.

Após exibir a documentação de seus gastos, Jungmann defendeu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorize a divulgação de suas despesas, a exemplo do ex-presidente FHC e sua mulher, Ruth Cardoso. "Até agora, o ex-presidente Fernando Henrique e d. Ruth Cardoso são os únicos expostos. O presidente Lula, no episódio dos cartões corporativos, está moralmente derrotado", disse o deputado.

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