Em anúncio pago publicado hoje (18) na Folha de S.Paulo, as Organizações Globo acusam a revista Veja de distorcer fatos e de tentar influenciar "na tomada de decisões regulatórias para que estas venham ao encontro dos interesses empresariais do Grupo Abril".
Por Luiz Carlos Azenha, no Vi o Mundo
A acusação é curiosa, tendo em vista que os telejornais da TV Globo, o principal veículo das Organizações Globo, reproduziram constantemente reportagens da revista agora acusada de distorcer os fatos. Essa reprodução atingiu o auge durante os escândalos do mensalão, em 2005, mas continuou e avançou até a temporada eleitoral de 2006, quando o presidente Lula foi reeleito.
O conteúdo da revista era, então, reproduzido sem críticas ou checagem no Jornal Nacional, como se fosse verdade factual.
De acordo com o Informe Publicitário, que foi publicado sob o título REPORTAGEM DE VEJA SOBRE TV PAGA INDUZ A INTERPRETAÇÕES ERRÔNEAS, "a última (sic) edição da revista Veja, título do Grupo Abril, publica a reportagem Um precedente perigoso na TV Paga, que contém a afirmação falsa de que as Organizações Globo exercem controle sobre operadoras de TV por assinatura com o objetivo de bloquear a distribuição de canais de outras programadoras, incluindo o próprio Grupo Abril".
De acordo com a nota, "cabe lembrar que o Grupo Abril já apresentou queixa ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e teve sua ação rejeitada junto ao órgão. As Organizações Globo detêm participação minoritária na SKY e portanto não participam das decisões da operadora sobre os canais nacionais que serão distribuídos".
E mais:
"A Net Serviços, por sua vez, é uma companhia aberta, listada na Bovespa, com Nível II de Governança Corporativa, em razão do que observa rigorosos padrões de transparência no que se refere à divulgação ao mercado de quaisquer informações relevantes. Neste contexto, as decisões da Net Serviços são tomadas de acordo com seus interesses comerciais, visando sempre a satisfação de seus assinantes".
De acordo com o informe, "as Organizações Globo produzem canais nacionais com alto padrão de qualidade, atraindo por esta razão o interesse dos assinantes. Este resultado é fruto de quase duas décadas de grandes investimentos. Esses canais, em função de suas qualidades, são distribuídos não só pela Net e pela SKY, mas também por outras operadoras, inclusive pela TVA, controlada pelo Grupo Abril".
As críticas à revista Veja aparecem nos dois últimos parágrafos:
"A reportagem da revista Veja cita ainda o Projeto de Lei 29, em tramitação no Congresso Nacional, que pretende regulamentar a entrada das empresas de telefonia no mercado de tevê por assinatura, e o relaciona ao citado bloqueio de conteúdos. Ao descrever tais fatos de forma distorcida, a reportagem busca influenciar a aprovação, dentro do Projeto de Lei 29, de um regime de cotas para programadores, do qual o Grupo Abril seria um evidente beneficiado.
As Organizações Globo consideram que não houve nenhuma isenção por parte da revista Veja no tratamento editorial sobre o assunto. A revista leva seus leitores a concluir erroneamente que há um tratamento discriminatório dado aos canais Abril por parte das operadoras. A reportagem tem o claro intuito de influenciar na tomada de decisões regulatórias para que estas venham ao encontro dos interesses empresariais do Grupo Abril."
Tendo em vista que "jornalistas de estimação" dos dois grupos costumam freqüentar as mesmas festas e trocar favores entre si fica a pergunta: eles vão se posicionar em favor dos amigos ou dos patrões?
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