quarta-feira, 11 de junho de 2008

A farsa da deserção



Mauro Braga

A maior parte da sociedade somente na última semana tomou conhecimento do drama vivido pelo primeiro casal de militares que assumiu uma relação publicamente. Já em agosto de 2007, a TRIBUNA DA IMPRENSA noticiava com detalhes o drama vivido por ambos. Para alguns, trata-se de uma busca pelos 15 minutos de fama. Entretanto, diante de uma correta apuração, o caso envolve perseguição, discriminação e imposição da vontade e do preconceito de oficiais generais a qualquer custo.

O problema do sargento Lacy, atualmente preso sob a acusação de deserção, começou quando, junto com a Banda Terceira Visão, fazia com maestria cover da cantora Cássia Eller. Com talento, foi alvo da mídia no Distrito Federal, o que provocou a ira de oficias superiores por tornar pública a imagem de um miltar que se assemelhava a uma cantora homossexual.

A todo custo passaram a pressioná-lo, enfraquecê-lo, até que o mesmo ficou acamado gravemente. Laudos eram dados por oficiais, nem sempre com especialidade neurológica, a fim de atestar uma suposta aptidão do militar. Sabendo que o mesmo não poderia sequer sair do leito, estaria envolvido em crime de deserção. Notadamente, e agora comprovado pelo Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Lacy tem graves problemas de saúde ocasionados por tudo que passou, e nunca poderia estar apto ao serviço militar ou mesmo preso.

Ele tem em mãos receitas datadas do fim de março, dadas por um médico militar, com medicação tarja preta. Como pode ser apto? Seu companheiro, no início da semana, afirmou que ele continua passando por ameaças e torturas psicológicas dentro da cela. Mas, até o momento, o Exército passa por cima de tudo e de todos, insistindo que a determinação, não simplesmente do Judiciário, mas sim, de superiores seja obedecida. Para tais militares, o tempo do "manda quem pode, obedece quem tem juízo", não acabou.

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