"Não gostei de terem mudado minha história. Em 15 minutos, minha trajetória de vida foi desconstruída. É necessário que o programa se retrate. Eu acho que o programa vai fazer isso. Eu liguei para a Globo e eles disseram que estavam cientes do que havia ocorrido e que uma pessoa iria entrar em contato comigo", afirma Maria da Penha, de 63 anos.
Ela acrescenta que, se não houver a retratação, não sabe ainda o que vai fazer. A possibilidade de entrar ou não com um processo judicial contra a emissora ainda não foi definida. De acordo com Maria da Penha, uma equipe de reportagem gravou uma entrevista com ela na última quinta-feira, dia 17, em Fortaleza. O objetivo era o de dar sua opinião sobre a história de um personagem da novela da oito, A Favorita, que costuma espancar a mulher.
O material, contudo, não foi ao ar. "Fiquei até com vergonha, pois havia dito a umas amigas que iria passar no programa, mas a minha participação não foi veiculada. Depois, elas me ligaram perguntado o que havia ocorrido comigo. Fiquei indignada pelo que ouvi", relembra.
O caso
Em julho, depois de sete anos de espera, Maria da Penha recebeu a indenização de R$ 60 mil do Governo do Ceará que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou, em 2001, o Brasil a pagar. O país foi negligente e omisso, de acordo com a sanção.
O ex-marido de Maria da Penha, Marco Antonio Herredia Viveiros, professor universitário de Economia, foi condenado a seis anos de prisão por duas tentativas de homicídio. A primeira, em 1983, com um tiro nas costas dela, deixou-a paraplégica. Depois, Marco Antonio tentou matá-la por meio de choques elétricos. Após 19 anos impunidade, o agressor foi condenado a pouco mais de seis anos de detenção e preso em 2003, mas já está em liberdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário