segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A HISTÓRIA DO ESTADÃO, REFORMULADO POR VARGAS


Potências jornalísticas que se Mataram geograficamente

O Jornal do Brasil era uma potência. Fundado em 1891, como boletim de classificados. O jornal era de graça, bastava apanhar nas bancas. Quem precisava de emprego anunciava no Jornal do Brasil, baratíssimo. Quem precisava de empregado, anunciava no Jornal do Brasil, baratíssimo. Isso durou alguns anos.

Assim que foi aberta a Avenida Central, mais tarde Rio Branco (em 1905), o Jornal do Brasil se mudou para o número 110. Como nunca houve retificação de numeração, continuou sempre 110.

(Da mesma forma como o Supremo Tribunal Federal, que há quase 100 anos é no número 241. Hoje ainda com esse número, abrigando um maravilhoso Centro Cultural do Supremo, inaugurado pelo ministro Carlos Veloso quando presidente do Supremo).

O Jornal do Brasil foi crescendo, se tornando importante, para os cariocas e para o País. Passou a ser chamado carinhosamente de JB, ninguém mais se dava ao trabalho de pronunciar o nome inteiro. E glória das glórias, chegou a ter ao mesmo tempo dois diretores-redatores-chefes: Rui Barbosa e Joaquim Nabuco.

Era de propriedade do conde Pereira Carneiro, que se casou com Dona Maurina, que passou a ser a condessa Pereira Carneiro. Foi ela que autorizou, patrocinou e construiu os grandes momentos do JB. Uma de suas filhas casou com Nascimento Brito, um advogado do Banco do Brasil que não queria ser genro, passou a ser diretor do jornal.

Só que inesperadamente comprou aquele gigantesco prédio da Avenida Brasil, onde estava sendo sepultado desde o primeiro dia. Era o chamado "elefante branco", levou o jornal à falência. Ficou devendo 776 milhões ao Banco do Brasil e a uma multinacional de petróleo. De jornal passará a ser um centro de traumatologia, dizem que o maior da América.

Quase a mesma coisa aconteceu com o "Estado de S. Paulo". Fundado no Império, se chamava "Província de S. Paulo", estados só na República. Rapidamente passou a ser o maior jornal de SP. E mesmo hoje, completamente falido, ainda tem a maior tiragem da capital. Outros podem vender mais no interior, mas na capital é o de maior circulação.

Foi crescendo jornalisticamente e diminuindo financeiramente. Em 10 de novembro de 1937, Vargas implantou o Estado Novo e asilou centenas de pessoas. (Coisa que o regime autoritário de 1964 não fez. Neste, só existiam exilados, ou então, a partir de 1968, os que conseguiram fugir.) Em 1937, Vargas asilou centenas de pessoas, entre elas o ex-presidente Bernardes e o doutor Julio Mesquita e os filhos.

Vargas nomeou um interventor e deu ordens: "Não quero que o jornal morra, gaste o que precisar". Esse interventor comprou máquinas novas, remodelou o jornal, e, autorizado por Vargas, mandou mesada mensal para que pudessem viver. Em 29 de outubro de 1945 a ditadura foi derrubada, os Mesquitas não puderam viajar no mesmo dia, voltaram no dia seguinte, reassumiram.

Entraram imediatamente com pedido de indenização, ganharam uma fortuna. Mas continuaram perdulários. Compraram o belíssimo sítio de Louveira, e fizeram o mesmo que o JB. Funcionavam no centro, nos 7 primeiros andares do Hotel Jaraguá. Aristocratas achavam que o endereço não era nobre. Compraram então um terreno do tamanho do Maracanã, onde montaram o jornal e a nova falência. Ajudados por empresários, se recuperaram.

PS - Tendo perdido o apoio de grandes empresários, entrado novamente no vermelho (vermelhíssimo), o Estado se ofereceu a O Globo. Houve (e há interesse), mas a operação é complexa. Há 3 meses conversam.

PS 2 - A Folha não gostou e pode comprar O Dia no Rio. Mas logicamente é muito mais fácil os Marinhos encamparem e dinamizarem o Estado do que os Frias administrarem O Dia. Globo-Estado, tudo a ver. Folha-Dia, nada a ver.
Hélio Fernandes

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