terça-feira, 16 de setembro de 2008

Pergunta de Jô causa nervosismo na campanha de Lacerda, em BH

Um antigo bordão humorístico "perguntar não ofende" não vale para Marcio Lacerda, candidato do compadrio Aécio - Pimentel à Prefeitura de Belo Horizonte. Bastou Jô Moraes, candidata da coligação PCdoB-PRB, lançar a pergunta se a empresa Construtel, de propriedade de Lacerda, deve ou não deve impostos à prefeitura, para o candidato perder a pose de executivo equilibrado. Nervoso, cobrou "honestidade intelectual" de Jô e disse que tal indagação era "leviana". A origem de tal "nervosismo" é de fácil diagnóstico. Trata-se síndrome do "medo agudo de segundo turno".

Por Adalberto Monteiro*

A campanha de Jô Moraes tem alertado os eleitores e eleitoras de Belo Horizonte quanto aos riscos e a insegurança da cidade ser governada por um desconhecido. Aos poucos esse desconhecido vai sendo desvendado. Primeiro: trata-se do candidato mais rico do Brasil. Um milionário que nunca teve um voto.

Recentemente, com intuito de oferecer ao eleitorado transparência, Jô Moraes apresentou a seguinte pergunta ao candidato Marcio Lacerda: você deve ou não impostos à prefeitura de BH? Ante essa simples indagação, o candidato reagiu com o desequilíbrio de quem não sabe lidar com a verdade.

E a verdade é uma só. Deve. Em 2002, a empresa Construtel, propriedade de Lacerda, foi autuada pela PBH por não pagar ISS devido. Seis anos já se passaram e a questão se arrasta nos tribunais. A Prefeitura de BH, hoje, luta no Superior Tribunal de Justiça para receber a dívida de Lacerda, mas ele move céus e terra para anular autuação da Prefeitura.

Ante essa verdade, Lacerda reagiu "atirando". Primeiro atacou Jô, depois, de modo artificial e irresponsável envolveu o nome do vice-presidente da República na questão referindo-se às atividades empresariais de José Alencar.
Isto sim, é leviandade! José Alencar é um grande brasileiro, um honrado homem público e bem sucedido empresário, uma personalidade que motiva e eleva o orgulho e a auto-estima dos mineiros.

Marcio Lacerda liga o nome de José Alencar com esse episódio justamente no momento em que o vice-presidente da República respalda e pede votos para Jô Moraes e seu vice Cláudio Sampaio no programa de rádio e TV. Portanto, a atitude de Lacerda tem clara motivação eleitoral.

Mas, o medo do segundo turno entre Lacerda e Jô mexeu também com os nervos do Prefeito Pimentel. Sobre a dívida da empresa de seu candidato-afilhado, para o espanto e a indignação de qualquer pessoa de bem, o prefeito em entrevista publicada no jornal O Tempo, do último dia 14, disse, abre aspas: "provavelmente foi um erro da prefeitura. Foi uma interpretação equivocada da lei...", fecha aspas.

Quer dizer: enquanto os profissionais do setor jurídico da Prefeitura lutam nos tribunais para defender o erário, o Prefeito Pimentel os desautoriza publicamente. E o saber, a competência dos profissionais do Fisco também foram postos em dúvida pelo chefe do Executivo.

O corpo técnico-profissional da Prefeitura, muito ao contrário, deve ser prestigiado e respaldado pelo prefeito e jamais desautorizado publicamente. Ora, o Superior Tribunal de Justiça ainda não deu seu veredicto e o Prefeito dá razão ao seu afilhado-candidato, na prática o que o prefeito fez foi um golaço contra o erário municipal. Os advogados de Lacerda poderão argumentar: Vejam só, nobres ministros, o próprio prefeito de BH deu razão ao nosso cliente!

Alguém pode perguntar por que o Prefeito e seu candidato-afilhado perderam a postura e compostura ante uma simples pergunta de Jô.

A resposta é simples. Eles sabem do impacto dessa questão na tomada de posição dos eleitores. Os mineiros, como se autodefinem, são desconfiados por natureza. E por mais que Aécio e Pimentel endossem o afilhado, parte do eleitorado está reflexivo diante do exagerado empenho dos padrinhos. Lacerda é apresentado na TV quase como uma divindade. Uma criatura perfeita. Aos poucos, todavia, essa imagem forjada foi se desfazendo pela força dos fatos.

A pergunta de Jô conduz a uma outra: Pode um empresário que move céus e terra para não pagar o que deve à Prefeitura ser o prefeito da cidade?

Certamente, essa pergunta vai influenciar a tomada de posição dos indecisos. Segundo números do Ibope divulgados no último dia 13, 42% dos eleitores, na pesquisa espontânea, e 20% na estimulada, continuam indecisos, mesmo com a força colossal da máquina eleitoral montada por Aécio e Pimentel para empurrar Lacerda goela abaixo do eleitorado.
E olha que o verdadeiro perfil do candidato desconhecido apenas começa a ser revelado.

Por isto, mais e mais eleitores vão formando a opinião de que o segundo turno é indispensável para BH. O segundo turno reduzirá a descomunal desproporção de condições do primeiro e oferecerá ao eleitor mais informações sobre os candidatos e, também, sobre o conteúdo de suas propostas.

Jô lidera o esforço do campo democrático e popular de Minas para levar a disputa para o segundo turno em BH. Pelos apoios que angariou, pelo seu programa de governo, é a candidata que tem condições de vencer Lacerda no segundo turno e tornar BH uma metrópole mais humana e solidária.

Adalberto Monteiro, jornalista e poeta, é presidente da Fundação Maurício Grabois

www.vermelho.org.br

Nenhum comentário:

Marcadores