terça-feira, 28 de outubro de 2008

Eleição municipal não é um 'prognóstico'



O cientista político Jairo Nicolau avalia que dois anos representam tempo muito longo na política partidária brasileira. Muito fatores externos afetam as previsões feitas na fase pós-eleitoral. E 2010 será outra história.


Dia seguinte à eleição municipal é quase lei: abra um jornal e você encontrará um analista comentado como a disputa ajudou a montar o quebra-cabeça (ou jogo de xadrez, a metáfora varia) das próximas eleições gerais. Percorra o jornal mais um pouco e você vai se deparar com um inevitável quadro com a lista de vencedores e perdedores do pleito. O espírito é o mesmo: apontar para a disputa de 2010.

Desde 1996 aprendi a olhar esses prognósticos com um certo cuidado. Naquele ano, os então prefeitos do Rio de Janeiro, Cesar Maia, e de São Paulo, Paulo Maluf, encabeçavam a lista de vitoriosos. Eles tinham eleito dois nomes absolutamente desconhecidos (Luiz Paulo Conde e Celso Pitta) como seus sucessores. Os prognósticos apontavam Maia e Maluf como nomes fortes na disputa presidencial de 1998. Mas a história não confirmou as previsões. Os prefeitos eleitos brigaram com os seus “padrinhos”; a emenda da reeleição aprovada em 1997 (não prevista pelos analistas de 1996) permitiu a recandidatura de Fernando Henrique Cardoso em 1998; Cesar Maia e Paulo Maluf acabaram concorrendo para governador em seus estados, sendo derrotados respectivamente por Anthony Garotinho e Mário Covas.

Dois anos representam um tempo muito longo na instável política partidária brasileira. E fatores externos freqüentemente afetam as previsões feitas na segunda-feira pós-eleitoral. Alguns desses podem ser imaginados (uma reforma política; os efeitos da crise econômica no próximo ano; os inevitáveis conflitos intra-partidários). Mas outros fatores são impossíveis de prever.

Nenhum comentário:

Marcadores