O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro ontem, logo depois de votar em Luiz Marinho (PT) para prefeito de São Bernardo do Campo (SP), que vai ajudar a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) no segundo turno da eleição em São Paulo. "Marta vai ter a quantidade de votos necessários para ganhar as eleições no segundo turno", disse.
Para ele, o fato de a ex-prefeita travar uma disputa com outros dois candidatos fortes - Gilberto Kassab (DEM) e Geraldo Alckmin (PSDB) - e chegar bem ao segundo turno já é uma mostra de força. E, antes mesmo da abertura das urnas, Lula demonstrava confiança de que Marta chegaria em primeiro lugar. "Obviamente que numa eleição com três candidatos disputando, a Marta sair em primeiro lugar no primeiro turno já é uma coisa extraordinária. Vamos ganhar no segundo turno", repetiu.
Lula foi um dos responsáveis pela candidatura de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo. Depois da derrota dela para José Serra, em 2004, o presidente a aproveitou no Ministério do Turismo. E, quando ela, ao fazer um comentário sobre a crise aérea e os congestionamentos dos aeroportos, deu um conselho desrespeitoso aos prejudicados - "relaxa e goza" -, Lula não a repreendeu. Disse a sua ministra que a entendia, porque o assunto era "irritante".
Quando muitos afirmavam que por causa da frase Marta não mais teria condição de disputar nada, Lula a aconselhou a voltar a concorrer. Segundo auxiliares do presidente, no momento em que Marta ainda pensava se entrava ou não na disputa, Lula chegou a lhe dar conselhos para fazê-lo.
O PT tinha outros nomes para apresentar, como o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia, e o senador Aloizio Mercadante. Mas Lula disse que preferia que a candidata fosse Marta.
Lula não se encontrou com a ex-prefeita na sua passagem por São Bernardo e Santo André, no fim de semana. Mas conversou com ela por telefone, para lhe dizer que terá todo apoio dele no segundo turno da disputa.
Em Santo André, durante uma cerimônia de comemoração pelos 70 anos do Sindicato dos Químicos do ABC, Lula reuniu-se com o senador Eduardo Suplicy, ex-marido de Marta. Pediu para que ele dissesse que ela terá todo apoio dele para o que precisar.
E fez uma defesa pública do senador Suplicy. O presidente do Sindicato, Paulo Lage, lembrou que uma das vitórias dos trabalhadores tinha sido o fechamento das Indústrias Matarazzo, acusadas de poluir o meio ambiente com produtos químicos proibidos. "Quero dizer que o senador Eduardo Suplicy não tem nada a ver com o que foi feito pelas indústrias Matarazzo", disse Lula. "Foi o avô dele."
Múcio, do PTB, promete apoio a Marta
RECIFE - O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, assegurou ontem, no Recife, que apesar de o seu partido, PTB, estar coligado ao PSDB de Geraldo Alckmin, ele, como ministro, estará com o governo federal no segundo turno e apoiará Marta Suplicy. Isto, destacou o ministro, no caso de o presidente Lula considerar importante e autorizar que ele faça campanha na capital paulista.
"Em São Paulo, vou pelo governo", disse. "Minha função é aproximar as diferenças, vou sempre pelo que for melhor para o governo". Já a postura a ser adotada pelo PTB paulistano no segundo turno, com uma derrota de Alckmin, caberá ao presidente nacional do partido, Roberto Jefferson, e ao presidente do partido em São Paulo e que foi candidato a vice do tucano, Campos Machado.
Na avaliação do ministro, o PTB irá tomar partido por uma das duas candidaturas e, como Jefferson respeita muito a questão local, a decisão, ao seu ver, deverá caber a Campos Machado. "A questão afetiva nessas horas pesa muito", alertou, prevendo dificuldade de aproximação do PTB com o DEM. "Campos Machado tem uma relação muito grande com Alckmin, eles são amigos de muitos anos, parceiros, a relação deles é mais forte que a dos partidos".
O ministro deu entrevista no início da tarde, logo depois de votar no Colégio Santa Maria, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul, e viajou em seguida para Brasília, onde foi montada uma central de apuração das eleições em todo o País.
Ele explicou que a reunião, para discutir a crise econômica hoje foi marcada porque esse era o único dia livre dos ministros da área econômica Guido Mantega e Henrique Meireles antes de viajarem para Nova York. Na volta dos ministros, o presidente Lula é que estará fora, para visitar a Espanha e a África.
O encontro começa às 15 horas, sem hora para terminar, de acordo com José Múcio. Será para informar aos deputados e senadores porque o Brasil ainda não foi atingido pela crise internacional. "Não é que estamos imunes, mas ainda não contraímos o vírus da crise". Ele reconhece que no dia seguinte das eleições municipais, "não vai dar para não falar sobre política".
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