O deputado federal José Genoino (PT-SP) rebateu nesta quarta-feira (29) as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso às medidas do governo Lula para enfrentamento da crise financeira internacional, bem como suas declarações a respeito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista a uma revista semanal.
Para Genoino, FHC quis mostrar uma "roupa limpa" do governo dele, "lavada e enxaguada agora, na crista da onda da atual crise financeira e, por outro lado, novamente traça um auto-retrato de bom-mocinho, de administrador exemplar (que não foi) e de dono da verdade. Coisa típica de político vaidoso e arrogante".
Chamou a atenção sobretudo a observação do ex-presidente tucano de que "Lula tenta enganar, mas a crise está aí". Para Genoino, desta maneira "FHC está embarcando, com novo vocabulário, na canoa dos críticos mais descorteses dos últimos dias, quando se lê, em colunistas que conhecem bem seu próprio público (e)leitor. Agora, passaram a xingar o presidente Lula".
Trabalhadores
Segundo Genoino, "nessas horas de vitórias menores em certas eleições municipais", mais uma vez "as oposições tentam se unir e desgastar o discurso oficial, pretendendo desestabilizar o Presidente Lula". E completou: "Não será FHC, do alto de seu retrato na galeria de ex-presidentes da República, que vai desestabilizar Lula. O governo toma medidas para garantir o valor do real, a política de crescimento, sem sacrificar os trabalhadores e o povo mais pobre com os efeitos da crise internacional. "
"Lula demonstra ter todo o domínio da situação e atua exatamente como um estadista. E o faz desde o início de seu governo.",disse..
O parlamentar observou que a crise financeira internacional em curso "desmorona as bases do modelo neoliberal", a marca principal do governo FHC, que defendeu a desregulamentação do mercado, o enfraquecimento do papel do Estado, as privatizações e uma inserção subalterna na globalização, entre outras ações contrárias ao interesse nacional.
Ao comparar as medidas que o governo Lula com as adotadas por FHC em momentos de turbulência internacional -com as crises do México (1994),Ásia (1997) e Rússia (1998) -- Genoino assinalou que o presidente Lula tem agido com "muita paciência, determinação e vontade para enfrentar a turbulência criada pelos mesmos agentes e pelos valores que orientaram a hegemonia neoliberal no mundo e no Brasil durante mais de uma década".
Guerra
A corrente crise, ponderou Genoino, tem uma extensão infinitamente maior que as três crises localizadas da década de 90, quando o Brasil foi a nocaute. Pela entrevista , FHC dá a entender que venceu a guerra contra as três crises , mas o que se viu foram problemas e problemas, observou Genoino. Ele frisou que as crises por que passou o governo FHC, além menor extensão que a atual, não foram facilmente digeridas e debeladas pelo governo do PSDB e do ex-PFL (atual Dem).
Segundo recordou o petista, no primeiro mandato de FHC o Brasil não teve desenvolvimento econômico, convivendo com estagnação, agravada por uma taxa de câmbio artificialmente fixada, mas já crescentemente desvalorizada no plano da economia real. O que significou, por exemplo em 1997, um déficit da balança comercial da ordem de US$8,4 bilhões e, em 1988, de US$ 6,5 bilhões. A taxa de crescimento das exportações, no período de 1995 a 1998 foi de minguados 4,2%, enquanto, de 1991 a 1994 a taxa média anual de nossas exportações atingiu 11,3%. A moeda (artificialmente) forte prejudicou a indústria e gerou forte desemprego.
" O final dessa história todo o mundo sabe: elevada taxa de desemprego; crescente valorização do dólar norte-americano frente ao Real, atingindo um valor de mais de R$4,00 essa relação desfavorável a nós, no final de 2002; performance ridícula de nossas exportações durante todo o período FHC; reservas cambiais que somaram, ao cabo dos oito anos FHC, US$ 17 bilhões; esgotamento do patrimônio público nacional por meio de um processo de privatização danoso aos interesses brasileiros.", disse Genoino.
Crise Pronta
Genoino criticou FHC por atribuir ao presidente Lula o motivo da crise do País em 2002. " Lula recebeu uma crise pronta e acabada do governo FHC, como toda a nossa política de controle inflacionário em deterioração, sem divisas, sem perspectivas para setores que, no atual governo, se agigantaram no processo de desenvolvimento", disse o deputado. Ele citou o crescimento da indústria nacional, parte voltada para um mercado interno renascido, parte deslanchada para as exportações, como também o caso do agronegócio, da indústria de construção civil, do retorno da indústria da construção naval, da expansão de nossa fronteira pretrolífera etc.
Genoino também rebateU a empáfia de FHC, que disse à revista que não daria conselhos a Lula, para ele um presidente "inaconselhável". Para Genoino, pelo contrário, Lula é " um político aberto às idéias e sensível ao bom senso de experiência alheia". A diferença é que, o atual presidente não se julga onisciente, mas sabe que tem o feeling suficientemente agudo para agir na hora certa, sem perda de objetividade.
Para Genoino, FHC mostrou "desorientação opinativa, não está dizendo coisa com coisa", pois se mostrou confuso ao fazer observações sobre o governo Lula e ao próprio presidente da República.
Proer
Genoino também retrucou a informação de FHC de que o governo Lula já injetou no sistema financeiro, em razão da crise atual, muitos mais recursos do que os do Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), durante o governo tucano. " Ora, o que se deve perguntar a FHC é sobre qual a natureza dos recursos utilizados no Proer? A resposta é, certamente, do Tesouro Nacional, portanto recursos orçamentários", disse Genoino, ao explicar que o governo Lula nãoestá injetando recursos públicos no sistema bancário.
Agência Informes
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