sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Saúde SP: Edson foi à AMA de Kassab e terminou na delegacia

Um dos principais carros chefes da campanha de Gilberto Kassab (DEM) para a Prefeitura de São Paulo são as AMAs (Assistência Médica Ambulatorial), alardeadas como um projeto inovador e humano que trata as pessoas com dignidade e qualidade. Porém o dia-a-dia de quem precisa do atendimento médico nestas unidades é de filas, espera, falta de equipamentos básicos e até maus tratos. Foi o que aconteceu com Edson Roberto.
Morador do bairro João XXIII, na zona oeste da capital, ele tem 54 anos. Diabético, hipertenso e com outras complicações, foi submetido a uma sessão de hemodiálise pelo Hospital Universitário da USP, na sexta-feira, 26 de setembro. Na segunda pela manhã, sentindo-se mal e com dores no curativo, foi à AMA mais próxima, no bairro Paulo VI.

"Meu pai foi humilhado"

Depois de muita espera e vendo que sua senha não era chamada o paciente foi procurar informação e questionar uma médica que estava fazendo o atendimento. A plantonista recusou-se a atendê-lo "ela foi muito grossa, disse que ele não ia ser atendido e virou as costas; meu pai foi humilhado", conta a filha Vanessa.

Vanessa foi chamada pelo pai depois que a confusão estava criada no posto de saúde. "Ele me ligou muito nervoso, fui correndo à AMA para ver o que estava acontecendo, quando cheguei lá, a médica tinha chamado a polícia para deter o meu pai, acusando-o de tê-la ameaçado de morte", conta Vanessa Ventura.

A situação fugiu ao controle e ela foi levada à força ao distrito policial, onde foi acusada de desacato, injúria, desobediência e perturbação do trabalho. "Estou revoltada com o descaso com o paciente. Por mais nervoso que ele estivesse, é uma pessoa doente, e a médica tinha que ter psicologia e estar preparada para dar atendimento a uma pessoa como ele. Ela foi desumana. Fui exigir um direito e acabei tomando um monte de processos nas costas. Por isso o povo acaba abrindo mão de lutar, por medo", desabafa Vanessa.

Kassab e Serra contra o SUS

O episódio que aconteceu com Edson e sua filha é um entre muitos outros dos quais se tem relato. Além da precariedade no atendimento, utensílios básicos estão em falta. "Não tem nem comadre para os pacientes urinarem, meu pai precisou usar um saco plástico", conta Vanessa.

A carência no serviço de saúde na cidade de São Paulo é reflexo de uma política antiga, que resiste à implantação do SUS (Sistema Único de Saúde) na cidade, e que vem privatizando e terceirizando o atendimento. A população que refém de péssimos serviços.

Um emblema do descaso público com o sistema de saúde foi a implantação do PAS na administração de Paulo Maluf, que terceirizou toda a rede de atendimento. Em seguida, a administração de Marta Suplicy precisou rever os contratos e retomar a implantação do SUS em São Paulo. Esse processo foi interrompido com a eleição de José Serra para a prefeitura, que aprovou na Câmara Municipal o projeto que concedia a gestão dos serviços públicos de saúde às OS (Organizações Sociais). Kassab, que assumiu a prefeitura em 2006, deu continuidade ao processo de terceirização e, ao contrário do que procura propagandear, não fez nenhuma revolução na saúde

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