Jornal aguarda indenização por danos causados pela ditadura militar para retornar
O jornal carioca “Tribuna da Imprensa”, dirigido por Helio Fernandes de 87 anos, deixou de circular a partir de ontem por tempo indeterminado. O diário alegou não ter dinheiro para pagar dívidas e salário de funcionários.
Desde o período da ditadura militar (1964-85), é a primeira vez que a “Tribuna” deixa de circular. Os salários de outubro ainda não foram pagos e encargos como FGTS e INSS não teriam sido depositados desde 1995, segundo o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro.
Para continuar em circulação, a “Tribuna” depende dos recursos de um processo milionário que move contra a União, no qual quer ser indenizada por danos morais e materiais referentes à censura sofrida durante a ditadura militar. O valor da indenização não foi informado.
- É uma interrupção momentânea, de alguns meses, até sair o pagamento da indenização - disse o jornalista Hélio Fernandes, há 46 anos dono da “Tribuna”, jornal fundado por Carlos Lacerda em 27 de dezembro de 1949.
A disputa judicial se arrasta desde 1982. O jornal venceu em primeira e segunda instâncias. A União recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde o processo está parado, desde abril de 2006, com o ministro-relator Joaquim Barbosa.
Segundo Fernandes, os problemas financeiros do jornal têm origem na perseguição sofrida durante os governos militares. Por isso, ele cobrou mais rapidez do judiciário. Os 68 funcionários da “Tribuna” não foram demitidos, mas não terão salário até que saia a indenização, quando receberão pelo período.
Nenhum comentário:
Postar um comentário