Persistência leva ex-pedinte à faculdade de medicina
A grande chance veio em 2008, com a prova do Enem e a inscrição em quatro faculdades - Souza Marques (RJ), Ciências Médicas e Unifenas (BH) e Faseh. Foi para o Rio, a barra pesou novamente, pois se mantinha e à família, que ficou em BH, com os R$ 300 da bolsa. Sem perder o fôlego, conseguiu a única vaga oferecida na faculdade de Vespasiano, em agosto.
Os livros sempre foram devorados com o apetite de um leão - principalmente no início da adolescência, quando as obras de Machado de Assis traziam a cultura para perto. Ao mesmo tempo, a fome mais cruel, a do estômago, era enganada com as sobras da caridade alheia, sob viadutos ou nas ruas da cidade. No meio desse tiroteio, entre a busca do conhecimento e a luta pela sobrevivência, o sonho de estudar medicina se manteve cada vez mais real, inabalável. Hoje, cursando o 2º período numa faculdade de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o futuro clínico-geral José Paulo dos Santos, de 35 anos, dá um sorriso tímido e vitorioso ao contar a trajetória que o conduziu à sala de aula.
A história de José Paulo começa em Salvador (BA), onde o primogênito de uma família de sete filhos vivia na companhia do pai pedreiro e da mãe lavadeira. "Quando eu tinha dois anos e apenas uma irmã, os meus pais se mudaram para Governador Valadares, no Leste de Minas, onde tínhamos parentes. Oito anos depois, já com a família completa, eles resolveram seguiram para Vitória". Na capital capixaba, começou um calvário e a completa desestruturação do lar. Os pais entraram de cabeça no álcool, abandonaram os filhos e os entregaram à mendicância. "O único jeito era pedir comida e roupas. Nunca usei droga e nunca roubei. Afinal, pensava, se eu já tinha problemas demais, para que arrumar outros", revela com os olhos brilhantes.
A grande chance veio em 2008, com a prova do Enem e a inscrição em quatro faculdades - Souza Marques (RJ), Ciências Médicas e Unifenas (BH) e Faseh. Foi para o Rio, a barra pesou novamente, pois se mantinha e à família, que ficou em BH, com os R$ 300 da bolsa. Sem perder o fôlego, conseguiu a única vaga oferecida na faculdade de Vespasiano, em agosto. "Até agora, a minha vontade é, depois de formado, voltar para Governador Valadares e trabalhar como clínico. Mas tudo pode mudar. Só quero mesmo é dar a meus filhos uma vida que não tive. Só desistirei dos meus sonhos se morrer", revela.
OBRIGADO, PRESIDENTE LULA
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