quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Dono de castelo, deputado do DEM declara que só tem R$ 17,5 mil

Apesar de se dizer um partido RENOVADO, o Democratas (DEM) continua com a velha tradição da direita, abrigando em suas fileiras empresários-políticos que são, digamos, bastante "espertos" quando o assunto é dinheiro. O exemplo folclórico da vez é o novo corregedor da Câmara, deputado Edmar Moreira (DEM-MG), que colocou à venda um castelo com torres de até oito andares e 32 suítes, inspirado nas construções europeias e erguido no interior de Minas Gerais.

Edmar e seu castelo, não declarado à Justiça Eleitoral

O imóvel está à venda por US$ 25 milhões ( quase 60 milhões de reais). Apesar de ser dono de um imóvel tão valorizado, o deputado demista declarou à Justiça Eleitoral em 1998, 2002 e 2006 que possui somente uma casa e um terreno, avaliados em apenas R$ 17,5 mil.
Luxo para poucos

O hoje deputado Edmar Batista Moreira é um ex-capitão da Polícia Militar que, da noite para o dia, se transformou em empresário bem-sucedido e deputado federal. Sua esposa é Júlia Fernandes, de 52 anos, nascida de uma família humilde. O casal, proprietário do fabuloso castelo mineiro, não consegue explicar de onde veio o dinheiro para erguer tão valioso patrimônio.

São 7.500 metros quadrados de área construída (maior que o Castelo de Neuschwanstein, nos Alpes da Baviera, que inspirou o castelo da Cinderela de Walt Disney), 32 suítes, dezoito salas, oito torres, 275 janelas, uma piscina com cascata, fontes e espelhos d'água. Fica no distrito de Carlos Alves, vilarejo de pouco mais de 1.000 habitantes e 300 casas, no município de São João Nepomuceno, a 70 quilômetros de Juiz de Fora.

Segundo reportagem da revista Veja, o castelo de Edmar e Júlia nasceu de um desejo dela. A mulher do deputado ficou enciumada quando um irmão de Edmar, Elmar, comprou a fazenda mais bonita da região. "Se eles têm a melhor fazenda, então eu quero um castelo", teria dito. O "capitão Edmar", como é conhecido, não poupou esforços e criatividade para superar o irmão. Estima-se que, em doze anos de obras, a construção tenha consumido 10 milhões de reais - mais do que o preço de muitos castelos de verdade no interior da França.
O palácio serve de casa de campo para o casal passar os fins de semana e receber eventuais convidados. Entre eles lá esteve, em 1993, o então presidente da República, Itamar Franco.
Segundo moradores do município, Edmar não permite que ninguém se aproxime da propriedade sem autorização e também proíbe que o castelo seja fotografado.

Entra-se no castelo dos Moreira por um enorme portão de ferro. De lá, uma sinuosa estrada de 4 quilômetros percorre o quintal de 8 milhões de metros quadrados e leva até a casa. Ao longo de suas curvas, postes metálicos sustentam luminárias e caixas de som. Das oito torres do castelo, a mais alta é a que abriga no topo a suíte do casal, com 110 metros quadrados. Tem 47 metros de altura, igual a um prédio de treze andares. Cada uma das 32 suítes conta com quatro cômodos: quarto, sala de estar, closet e banheiro. O castelo está equipado, ainda, com uma cozinha industrial capaz de atender 200 pessoas, dois elevadores, sistema de aquecimento central, uma capela e um anexo de lazer, com sauna, salão de jogos e de ginástica. Também possui uma adega subterrânea climatizada, com capacidade para 8 000 garrafas. As quase três centenas de janelas são feitas de madeira sucupira. As escadarias são de granito escuro.

Rico da noite pro dia

Filho de um carteiro de Juiz de Fora e de uma professora primária, Edmar Moreira foi criado entre oito irmãos. Influenciado pelo pai, ingressou na Polícia Militar e chegou ao posto de capitão. Sua carreira militar foi interrompida por um episódio que escandalizou a sociedade juiz-forana. Em 1968, em uma festa de réveillon no Clube D. Pedro II, ao saber que um rapaz se havia engraçado com sua mulher, Moreira foi buscá-lo em casa. Ele obrigou o moço a entrar de pijama na festa, escoltado por policiais, e humilhou-o na frente de todos. Acusado de "abuso de autoridade", o capitão foi punido e afastado da ativa. Três anos depois, formou-se em direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora.

Com o diploma na mala, mudou-se para São Paulo, onde fundou uma empresa na área de segurança. Começou a enriquecer. Segundo a revista Veja, hoje o deputado do DEM tem três companhias no ramo. Segundo um antigo dossiê elaborado por um desafeto seu e entregue anonimamente à Polícia Federal, o enriquecimento de Moreira foi turbinado por algumas falcatruas.

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