O asqueroso editorial chega a qualificar a ditadura brasileira de ''ditabranda''. Já em relação à Itália de Berlusconi que, com suas ''rondas de cidadãos'' e sua pretensão de que nos médicos delatem estrangeiros em situação irregular, transita perigosamente para o fascismo e a ditadura que o caracteriza, a Folha e seus notórios editorialistas calam-se significativamente. Será o fascismo também uma ''ditabranda''?
Além do repúdio, a petição também presta solidariedade à professora Maria Victoria Benevides e ao jurista Fabio Konder Comparato, os primeiros a condenarem o editorial na sessão de cartas do jornal, tendo sido insultados pela direção daquele jornal. ''Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de 'ditabranda'?'', questionou Benevides. ''O autor do vergonhoso editorial e o diretor que o aprovou deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça púbica e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada'', afirmou Comparato.
A resposta do jornal lembrou a reação de Bush, Cheney e Rumsfeld aos críticos de suas políticas terroristas. ''A Folha respeita a opinião dos leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas delas. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio às ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua 'indignação' é obviamente cínica e mentirosa''. Juntos, o editorial fascista e a resposta arrogante indicam a urgência da coleta de adesões ao manifesto de repúdio à Folha de S. Paulo.
Como afirma o documento, que já colheu mais de mil adesões, ''ante a viva lembrança da dura e permanente violência desencadeada pelo regime militar de 64, os abaixo-assinados manifestam o seu mais firme e veemente repúdio a arbitrária e inverídica revisão histórica contida no editorial da Folha de S. Paulo de 17 de fevereiro. Ao denominar de 'ditabranda' o regime político vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direção do jornal insulta e avilta a memória dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratização do país... O estelionato semântico manifesto pelo neologismo 'ditabranda' é, a rigor, uma fraudulenta revisão histórica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensão das liberdades e direitos democráticos no pós-1964''.
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