quarta-feira, 18 de março de 2009

CPI não consegue informações de De Sanctis


BRASÍLIA - Deputados da CPI dos Grampos pressionaram ontem o juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Federal de São Paulo, a entregar à comissão documentos relacionados à Operação Satiagraha, que investigou o banqueiro Daniel Dantas.

Numa reunião tensa de cerca de 30 minutos, o magistrado se negou a fornecer dados sob o argumento de que a investigação está sob sigilo judicial.


Diante da insistência dos dez deputados que foram ao gabinete do juiz, liderados pelo presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), De Sanctis pediu requerimento formal -que foi feito às pressas, num restaurante em frente ao prédio da Justiça Federal e entregue ontem. O juiz disse que se manifestaria em 48 horas.

A CPI também ouviu os juízes federais Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal, que cuida de um inquérito que investiga Protógenes por suposto vazamento de dados da Satiagraha, e Luis Renato Pacheco, da 5ª Vara Federal, que era o responsável pela Operação Chacal, que apurou espionagem feita na Telecom Itália pela empresa Kroll a pedido de Dantas -hoje a investigação está na esfera estadual.


O vice-presidente da CPI, deputado Laerte Bessa (PMDB-DF), afirmou ter ficado frustrado com De Sanctis. "Ao não ajudar a CPI, o juiz está contra a CPI, está contra o Brasil".


Segundo Itagiba, que saiu bastante irritado da reunião com De Sanctis, se o juiz decidir não ajudar a CPI, "ele estará causando graves prejuízos" à investigação da comissão.

Mais cauteloso, o deputado e relator da CPI, Nelson Pellegrino (PT-BA), disse ser uma prerrogativa do juiz decidir manter o sigilo da investigação.


Para Itagiba, a CPI precisa ter acesso aos documentos para que possa fazer "efetivamente um indiciamento bem fundamentado" contra o delegado Protógenes Queiroz, o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Paulo Lacerda e o banqueiro Daniel Dantas.


O juiz Mazloum foi classificado de "exemplar" pelos deputados, pois repassou documentos da investigação contra Protógenes e se comprometeu a entregar mais dois volumes do processo, além de mídias.

Segundo Itagiba, Lacerda deve ser indiciado pela CPI porque mentiu ao dizer que a cooperação da Abin com a PF era informal. Para ele, a situação de Protógenes é mais complicada. "Nada justifica que ele tivesse em seu poder áudio de escutas, fotografias e filmagens de investigados e relatórios de pessoas que nada tinham a ver com a investigação." Os deputados devem se reunir amanhã com policiais que atuam no inquérito que investiga Protógenes.

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