quinta-feira, 5 de março de 2009

MAIR PENA NETO - DIRETO DA REDAÇÃO

PONTO COM NÓ

As eleições de 2010 se aproximam e o jogo político se torna mais pesado. Agora surge um novo paladino da justiça, o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, com a bandeira de combate à corrupção. É pertinente observar que Jarbas começou falando de corrupção no PMDB, partido que integra desde os tempos do MDB, e agora ampliou o discurso para corrupção em todos os segmentos políticos do país.

Existe alguma novidade no discurso de Jarbas? Em algum momento a corrupção deixou de existir na vida política e econômica do país? Mas ao tomar o tema para si, o velho senador ganha relevância política e candidata-se a voos maiores.

Esta movimentação de Jarbas merece ser acompanhada em todos os seus detalhes para que se perceba que não existe ponto sem nó. Começou com uma entrevista à revista Veja, em fevereiro. Será que a longa entrevista em que o senador atacou a corrupção nasceu de uma reunião de pauta? É possível. Mas por que Jarbas? O PMDB dito ético tem outras figuras de proa, entre as quais destaca-se o senador gaúcho Pedro Simon, e qual terá sido a razão da revista pinçar o senador pernambucano?

Jarbas Vasconcelos tem se notabilizado por uma postura independente dentro do PMDB, o que é louvável, mas sempre antigoverno e próximo do PSDB, o que o situa no jogo de forças da política brasileira. Jarbas é, claramente, um oposicionista ao atual governo e já declarou seu apoio ao provável candidato tucano à sucessão de Lula, o governador de São Paulo, José Serra.

Nesse sentido, o discurso de Jarbas não é gratuito. O combate à corrupção é uma boa bandeira política e um trunfo se o problema for colado a determinadas forças políticas. Em bom português, ao atual governo via PMDB, partido que o apóia e parece inclinado a manter a aliança em 2010.

Jarbas ataca o PMDB, mas também o bolsa-família, principal programa social do governo, e classifica de aterrador o quadro da corrupção no país. O senador não menciona em nenhum momento o comportamento do Supremo Tribunal Federal, que solta os criminosos de colarinho branco indiciados pela Polícia Federal, nem situa a questão historicamente, como se tivesse surgido ou se agravado agora.

Com uma bandeira genérica de fácil apelo, Jarbas ocupa a mídia e surge como um ótimo nome para vice do PSDB em 2010. Enquanto o PT ficaria com o PMDB e sua máquina, os tucanos tentariam neutralizar esse poderio com o "senador ético" e sua crítica ao próprio partido, do qual não sai embora o veja dominado por corruptos e fisiologistas.

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